sábado, 25 de agosto de 2018

Kombi

Gosto muito de Kombi! Sei que é um gostar masoquista, pois o veículo não oferece conforto nem segurança. Pega fogo com relativa facilidade, capota com mais facilidade ainda, os freios aquecem e perdem eficiência, girar o volante para fazer vaga ou manobrar em vias estreitas exige boa vontade e resistência física dignas de uma aula de pilates, entre outras fragilidades e inconveniências.
Mas eu gosto do estilo e da sensação de aventura que ela oferece! Da possibilidade de juntar familiares, ou amigos, ou uma banda e encarar a estrada por algum tempo. Também dá para fazer pequenos carretos para trabalhos e mudanças. Com desapego e adaptabilidade, dá até para morar uns tempos naquele pequeno espaço de mundo, que oferece possibilidades que outros belos e confortáveis carros não oferecem.
A Kombi tem natureza de camaleão, quase um transformer. Juntando dinheiro, persistência e capricho dá para criar novas formas de vida veicular. É só ter (des)apego...

A Kombi é um automóvel utilitário produzido pela empresa automotiva alemã Volkswagen, entre 1950 e 2013. No Brasil, foi fabricada ininterruptamente entre 2 de setembro de 1957 e 18 de dezembro de 2013, sendo praticamente o carro mais antigo do país. É considerada a precursora das vans de passageiros e carga.
O nome Kombi vem do alemão Kombinationsfahrzeug ("veículo combinado" ou "veículo multi-uso", em alemão). O conceito surgiu no final dos anos 1940, ideia do importador holandês Ben Pon, que anotou em sua agenda desenhos de um tipo de veículo inédito até então, baseando-se em uma perua feita sobre o chassi do Fusca. Os primeiros protótipos tinham aerodinâmica muito ruim, porém retrabalhos na Faculdade Técnica de Braunschweig deram ao veículo, apesar de sua forma pouco convencional, uma aerodinâmica melhor que a dos protótipos iniciais com frente reta. Testes então se sucederam com a nova carroceria montada diretamente sobre a plataforma do Fusca, porém, devido a fragilidade do carro resultante, uma nova base foi desenhada para o utilitário, baseada no conceito de chassi monobloco. Após três anos passados desde o primeiro desenho, o carro ganhava as ruas em 8 de março de 1950.
Sua construção robusta monobloco (sem chassi), suspensão independente com barras de torção, além da excêntrica posição do motorista no carro (sentado sobre o eixo dianteiro e com a coluna de direção praticamente vertical), o tornam um veículo simples e robusto, de baixo custo de manutenção. Sua motorização é um caso a parte: embora os modelos recentes possuam motores mais modernos, durante 50 anos o motor que equipou o veículo no Brasil foi o tradicional "boxer" com refrigeração a ar, simples e muito resistente.
O para-brisa com capacidade de abertura ficou conhecido como "Safari" e a versão de passageiros lançada em 1952  com 15 janelas e teto com abertura retrátil – foi nomeada "Samba"No Brasil, entre 1976 e 1996 foi produzido o modelo Kombi Clipper, entre 1997 e 2005 foi vendido o modelo Kombi Carat (com o teto mais alto), e entre 2006 e 2013 foi comercializado o modelo com introdução da grade dianteira para o radiador.

Por suas características, a Kombi ganhou vários apelidos ao longo do tempo, que mesmo pejorativos tinham uma dose de carinho. Os primeiros modelos (1958 a 1976), com protetor sobre os faróis, ficaram conhecidos como "Corujinha", por lembrar o formato dos olhos da ave. Os modelos mais novos, com para-brisas inteiriços, são conhecidos todos como "Clipper", graças ao modelo alemão de 1967. Já a Kombi Pick-Up é popularmente conhecida como "Cabrita", porque a traseira pulava como cabrita quando estava sem carga. A longevidade e utilidade do modelo lhe rendeu o respeitoso apelido de "Velha Senhora". Apesar de diversas limitações em comparação a modelos similares, por diversas vezes já ouvi proprietários chamando seu veículo por "Kombosa" (Kombi + Gostosa).
Seu formato retangular e reto rendeu o apelido "Pão de Forma". Também conhecida como "Jesus me chama" por causa do grande número de capotamentos devido à sofrível estabilidade e pela ausência de motor e porta-malas na frente, que inspirou o provérbio que "o para-choque da Kombi é o peito do motorista"!

Seguem algumas fotos – entre tantas versões e personalizações – deste singular veículo, ao mesmo tempo antiquado e atemporal: 
Kombi retrô moderna - Modelo Samba (Com viseiras e espaço conversível no teto)
Kombi com para-brisa Safari ( 1965 )

Kombi "Corujinha" ( 1967 )
Kombi sociedade alternativa

Kombi comercial

Kombi esportiva
Mini Kombi
Fontes de referência:

Wikipédia
Volkswagen Kombi
Kombi: em vídeo, 10 curiosidades da “velha senhora”

Kombi Cama
Produtos e depoimentos

Vídeos:

Kombi: 10 curiosidades sobre um Volkswagen muito versátil
(2:37)

Kombi - AutoEsporte 
(5:25)

As Kombis dão adeus aos brasileiros
(4:57)

  

Se interessar em ver a publicação neste blog sobre a Rural, acesse:
https://historiasylvio.blogspot.com/2020/08/rural.html 

  

2 comentários:

  1. Morava em Brasília e vinha de Kombi para as férias no litoral do Espírito Santo, Passavam por mim Galaxys dos governantes , ar condicionado ligado e sumiam na estrada, pensava "puta merda" ainda vou dirigir umas 8 horas, até BH. E quando o o vento vinha forte ou era ultrapassado por um caminhão ou ônibus, a Kombi saía de lado empurrada pelo vento e pelo deslocamento de ar. Era uma aventura, mas chegava sempre onde queria ir. Era uma modelo de luxo. Esse texto me trouxe boas recordações.
    Abraços

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    1. Pois é...
      Penso que atualmente a Kombi é uma escolha pela originalidade (de uma forma diferenciada de direção e possibilidades de conduzir amigos e objetos), não de praticidade ou conforto.
      Assim como aqueles motociclistas que preferem enormes triciclos ao invés das motos convencionais, mais práticas e econômicas.
      Um abraço.

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