sábado, 25 de janeiro de 2020

Coronelismo & Clientelismo

Coronelismo

Durante o Brasil Império aconteceu a criação da chamada Guarda Nacional – em abril de 1831 – como forma de manter a ordem nas províncias, onde existiam constantes rebeliões e tentativas de separação durante o governo de D. Pedro I. A Guarda Nacional também ajudaria na defesa do território nacional, tendo em vista o reduzido efetivo do recém-criado Exército Brasileiro, após a independência do Brasil com relação a Portugal.

Os postos militares desta Guarda Nacional eram colocados a venda ou oferecidos pelo imperador para quem conseguisse, com seu próprio dinheiro, treinar e manter tropas de infantaria e cavalaria (custeando as armas, fardas, material de apoio e alimentação). A quantidade de pessoas desta tropa definiria o grau hierárquico recebido (tenente, capitão, major, tenente-coronel e, no máximo, coronel da Guarda Nacional). O título de general era reservado somente aos militares do Exército.

Os proprietários de terras, que possuíam uma boa condição financeira, poderiam comprar os títulos disponíveis e passar a ter um novo status social, além de principalmente, um instrumento de pressão política e social com homens armados sob seu comando, reconhecidos pelo governo central. Essas vendas de títulos aconteceram entre os períodos de 1831 e 1842.

Quando o Brasil se tornou uma república, continuou-se a usar o termo "coronel" para os ricos chefes políticos locais, porém, com um significado mais amplo, definindo quem tinha dinheiro e pessoas armadas (militares ou civis) recebendo ordens e impondo suas vontades e interesses.

Os grandes latifundiários exerciam muito poder sobre o povo de baixa renda, principalmente os agricultores pobres que trabalhavam para eles, em sua maioria analfabetos. Esses latifundiários eram chamados de "coronéis", e exerciam os cargos de prefeito e governador, além de financiar as campanhas para os vereadores, que quando eleitos se tornavam apadrinhados (vassalos) políticos.

Para saber mais sobre as origens do coronelismo, veja:
Estudo Prático
Coronelismo – História e características
https://www.estudopratico.com.br/coronelismo-historia-e-caracteristicas 

Coronelismo = intimidação
Imagem: https://www.todamateria.com.br/voto-de-cabresto 

Clientelismo 

Clientelismo é a prática política de troca de favores, na qual os eleitores são encarados como "clientes" que recebem um produto/serviço de acordo com seu investimento. A diferença entre o coronelismo e o clientelismo é que o primeiro mantém o controle do "curral eleitoral" primordialmente por ameaças à integridade física e patrimonial, enquanto o segundo ocorre através de corrupção consensual entre eleitos e eleitores, numa troca de conveniências. A prática do clientelismo está inserida como um dos métodos do coronelismo, sendo que o contrário não ocorre!
No clientelismo o patrocinador concentra seus projetos e ações no objetivo de prover os interesses de indivíduos ou grupos com os quais mantém uma relação de proximidade pessoal e, nesta relação de troca, o político recebe os votos que busca para se eleger no cargo desejado. A origem dessas relações possui suas raízes na sociedade rural tradicional, nos laços entre latifundiários e camponeses fundados na reciprocidade, confiança e lealdade.

A prática política de associação de eleitores no Brasil vem desde o período em que era colônia de Portugal. O clientelismo perdura ao longo da história do país, modificando-se de acordo com a conjuntura, sem perder o seu objetivo primordial: manter o poder político e financeiro nas mãos das elites sociais. Assim, o clientelismo está inserido na lógica do capitalismo, em que tudo – inclusive o voto  se transforma em mercadoria. No tempos atuais, o acesso aos programas sociais mantidos entre o governo federal e os governos municipais comumente são utilizados como moeda de troca pelos gestores do município, resultando num clientelismo organizado e legalizado.  

Para saber mais sobre o clientelismo, veja:
Info Escola
Clientelismo
https://www.infoescola.com/politica/clientelismo 


Clientelismo = votos por conveniência ao invés de consciência
Imagem: https://entreseculos.wordpress.com/2012/11/05/eleicoes-aberta-a-temporada-de-clientelismo 

O caudilhismo e o populismo

O caudilho é o líder de um grupo humano que exerce o seu poder de maneira autoritária, e as relações pessoais do líder com seus adeptos é estreita e emocional. 
Em geral, caudilhos são lideranças políticas carismáticas com origens entre representantes das elites tradicionais, como fazendeiros e militares. É comum entre os caudilhos a tendência a se perpetuar no poder, seja por consecutivas reeleições ou por mandato vitalício, ignorando ou distorcendo as leis estabelecidas. 
O caudilhismo apresenta-se como forma de exercício de poder divergente da democracia representativa. No entanto, nem todos os caudilhos são ditadores: às vezes podem exercer forte liderança autocrática e carismática mantendo formalmente a norma democrática.
Seu carisma, embora nem sempre transferível em caso de sua morte, pode ser estendido para parentes – como esposa e filhos – ou sucessor(a) previamente anunciado(a).
Exemplos de lideranças caudilhas: Francisco López (Paraguai); Antonio Santa Anna (México); Getúlio Vargas (Brasil); Fungêncio Batista (Cuba); Papa Doc (Haiti); Anastasio Somoza (Nicarágua); Hugo Chávez (Venezuela); entre outros.

Populismo é um conjunto de práticas políticas que se justificam num apelo direto ao povo, geralmente contrapondo este grupo a uma elite, que deve ser afastada. Assim, o "bem do povo" é citado como justificativa para acumulação de poderes pelo líder populista, destorcendo ou ignorando os canais típicos da democracia representativa em diferentes esferas. Um presidente de república populista age para diminuir os poderes e autonomia do Congresso Nacional/Parlamento, Governos Estaduais/Provinciais, tribunais e legisladores, mantendo-os como figuras decorativas subordinadas, concentrando em si estes poderes, tornando-se na prática um "ditador democrático" que exerce os três poderes: executivo, legislativo e executivo. 
Além do autoritarismo e assistencialismo, os governos populistas tendem a controlar os meios de comunicação para que sejam instrumento de divulgação das ações governamentais.
Não existe uma única definição do termo, que surgiu no século 19 e tem obtido diferentes significados desde então. Poucos atores políticos descrevem a si mesmos como "populistas", cujo termo geralmente é aplicado pejorativamente.
Em geral, os caudilhos também são populistas, mas os populistas nem sempre são caudilhos.
Exemplos de lideranças populistas: Benito Mussolini (Itália); Adolf Hitler (Alemanha); Getúlio Vargas (Brasil); Lázaro Cárdenas (México); Juan Perón (Argentina); Gustavo Pinilla (Colômbia); Jânio Quadros (Brasil); Evo Morales (Bolívia); Cristina Kirchner (Argentina); entre outros.

Para saber mais sobre, veja:

Wikipédia
Caudilhismo
https://pt.wikipedia.org/wiki/Caudilhismo 

Wikipédia
Populismo
https://pt.wikipedia.org/wiki/Populismo 

Toda Matéria
Caudilhismo
https://www.todamateria.com.br/caudilhismo 

Toda Matéria
Populismo
https://www.todamateria.com.br/populismo