sábado, 26 de novembro de 2016

Cuba Libre

Morre Fidel Castro

Fidel Castro comemorando os resultados da revolução cubana

No dia 25 de novembro de 2016 (às 22h29 hora local; 01h29 de sábado em Brasília) morreu aos 90 anos de idade Fidel Alejandro Castro Ruz, informou seu irmão, o presidente Raúl Castro, em pronunciamento na rede de televisão estatal cubana.
O corpo do líder da Revolução Cubana (1956 a 1959) será cremado, "atendendo sua vontade expressa", explicou Raúl.
Desde que ficou doente, em julho de 2006, e cedeu o poder ao seu irmão Raúl Castro, o líder cubano se dedicou a escrever artigos, assim como livros sobre sua luta na Sierra Maestra e a receber personalidades internacionais em sua residência, no oeste de Havana.

Fidel Castro não morreu jovem com tiros no peito em frente a um paredão, jogado ao mar com as mãos amarradas nas costas, sem comida após prolongado período de prisão numa cela, ou de outra forma usual pela qual a ditadura que controlou por 57 anos eliminou opositores. Ele usufruiu de conforto e prestígio num socialismo que promoveu a igualdade social nivelando todos por baixo, enquanto aproveitava de comidas e luxos que o povo que governou se habituou a desconhecer.
Os benefícios que seu regime político ofereceu ao povo cubano em saúde e educação foram superados pelos prejuízos econômicos que levaram a estrutura produtiva do país se estabilizar num nível de sobrevivência, impossibilitando a melhoria e variação do bem-estar da população por décadas. 
Criticam Fidel por ser um socialista garoto-propaganda dos caros relógios Rolex e depois das roupas Adidas, mas a história deixa claro que ele não era um comunista convicto ao iniciar a revolução em Cuba. Pragmático, tornou-se um "comunista" para garantir o apoio militar e financeiro da União Soviética e evitar uma invasão pelos Estados Unidos. Nunca escondeu que apreciava os mimos para seu corpo e ego e que não via problemas num comunismo onde alguns são mais iguais do que outros.
Até aí não se diferencia dos hipócritas ditadores socialistas da União Soviética, China e Coréia do Norte. Sua singularidade está no fato de que sua receita de "revolucionário protetor" inspirou rascunhos mal acabados como Hugo Chaves (na Venezuela) e Evo Morales (na Bolívia), que só foram eficientes em imitá-lo nos seus países no acabar com a riqueza ao invés da pobreza. Foi elevado à condição de "ditador camarada" na alienada idolatria de uma legião de estrangeiros cegos voluntariamente, que negam ou justificam suas crueldades, e se recusam a enxergar o fato de que uma ditadura é sempre uma repressão das possibilidades de expressão e locomoção das pessoas, aliada a uma obrigatoriedade de ações, seja ela de direita ou esquerda.

Fato é que se o comunismo praticado atualmente fosse bom, as populações destes países não precisariam ser impedidas de tentar fugir deles. As pessoas querem fugir de países comunistas e não para países comunistas, e só este fato já diz muita coisa.
Para os revolucionários de boteco e intelectuais de butique de plantão deixo claro que não tenho nada contra a teoria do comunismo. Se for criada uma sociedade realmente mais igualitária e menos gananciosa, onde as pessoas tenham mais valor e amparo do Estado, eu de bom grado me mudo para lá e abro mão de algumas individualidades em prol da coletividade. O que me incomoda é a demagogia dos supostos "comunistas" que invariavelmente oferecem alguns benefícios iniciais ao povo e depois reservam para si e para os seus uma série de privilégios, seguido de manipulação das informações e uma catequese de doutrinação ideológica até que o empobrecimento generalizado seja tolerado por meio de um aparato de repressão armada e incitação ao medo ou ódio.
O mais próximo de um comunismo sincero que percebo é na Índia que, apesar de ter gritantes desníveis entre uma pequena elite rica e uma enorme população miserável, na pobreza onde a maioria vive se é livre para ir e vir e se expressar como desejar, havendo uma adaptação voluntária  de comum acordo num pacto por tradição  onde muitos vivem numa nivelada forma precária, mas não havendo movimentação para revoluções visando mudanças sociais ou políticas. Portanto, se as coisas para a maioria dos indianos não estão boas, também não estão tão ruins a ponto de fazerem um esforço social para mudanças drásticas. A mim parece ser uma sociedade que vive num tipo de comunismo por acomodação, com o mérito de não haver forças policiais ou militares vigiando ou aprisionando as pessoas por motivos ideológicos. A Índia é um enigma que merece ser estudado, pois dali se pode tirar interessantes lições!

Comunismo de luxo - O tempo das elites é mais valioso
( Da esquerda para direita: Fidel Castro, Che Guevara e Hugo Chaves )

Não importa se quem paga o salário dos policiais, militares e serviços de espionagem é um governo de direita ou esquerda. Só há dois tipos de governantes: os que governam para si (e os seus) e os que governam para os outros!
Independentemente da orientação política, o governo que negligencia o povo – enquanto o engana com discursos nacionalistas ou populistas – acaba levando-o ao empobrecimento e, quando os prejudicados reclamam, são reprimidos pelo governo que visa apenas seus próprios interesses.
Direita ou esquerda, mudam os discursos, mas o objetivo de governantes descompromissados com a nação é sempre o mesmo: garantir prestigio e conforto para a pequena elite instituída, oprimindo e/ou enganando a maioria da população.
É necessário amadurecer a percepção e opinião para sair de antiquados e estereotipados (pre)conceitos políticos e sociais, focando e orientando-se pelos resultados sociais ao invés das fúteis ou fanáticas paixões partidárias ou ideológicas.
Eu particularmente prefiro a evolução do que a revolução!

Morreu Fidel Castro. Morre um dinossauro da retórica hipócrita do comunismo de fachada. Outros virão...

Comunismo de grife - Fidel na ostentação indumentária
Abaixo os porcos capitalistas que ficam espalhando boatos que a Adidas patrocina o comunismo cubano!
Fidel também usava roupas da Nike, Puma e Fila, driblando o embargo econômico na promoção da igualdade social.

Fontes de referência:

Cubanos em Miami celebram morte de Fidel
http://g1.globo.com/mundo/noticia/cubanos-em-miami-celebram-morte-de-fidel.ghtml

Morre Fidel Castro. Havendo um inferno, está indo pra lá
http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/morre-fidel-castro-havendo-um-inferno-esta-indo-pra-la 

Revolução Cubana
https://pt.wikipedia.org/wiki/Revolu%C3%A7%C3%A3o_Cubana  

Vídeos:

Anúncio da morte de Fidel Castro foi feito pelo irmão, Raúl
http://g1.globo.com/mundo/2016/11/anuncio-da-morte-de-fidel-castro-foi-feito-pelo-irmao-raul 
(0:35)

Fidel Castro, ex-presidente de Cuba, morre aos 90 anos em Havana
http://g1.globo.com/jornal-nacional/fidel-castro-ex-presidente-de-cuba-morre-aos-90-anos-em-havana  
(3:03)

Cubanos exilados em Miami comemoram morte de Fidel Castro
http://g1.globo.com/cubanos-exilados-em-miami-comemoram-morte-de-fidel-castro 
(5:00)

Trajetória de Fidel Castro marcou a segunda metade do século 20
http://g1.globo.com/trajetoria-de-fidel-castro-marcou-a-segunda-metade-do-seculo-20 
(12:23)

Trajetória do líder cubano Fidel Castro
http://g1.globo.com/fantastico/trajetoria-do-lider-cubano-fidel-castro 
(7:51)

2 comentários:

  1. Só posso concordar, Sylvio. Também abriria mão de individualidades em prol da coletividade se a sociedade criada realmente fosse igualitária.
    Como me/se conformar, contudo, ao "comunismo rolex" ou a qualquer discurso descompromissado com o povo?

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    1. Pois é, Jussara. O socialismo é uma bela teoria, mas as atitudes têm de ser coerentes com o discurso, senão a teoria se torna apenas um engodo.

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