A difícil e lenta recuperação na lama da Samarco
Nos distritos de Bento
Rodrigues e Paracatu de Baixo ocorreram as maiores destruições, mas muitas
fazendas e pequenas propriedades rurais também foram devastadas ou muito
danificadas pela inundação de lama. Outros distritos e cidades tiveram
prejuízos, que em alguns casos, permanecem até os dias atuais. Comunidades
indígenas e de pescadores sentem ainda agora as dificuldades pela ausência de
pesca e abastecimento de água potável.
Os atingidos em Minas Gerais e no Espírito Santo deixaram para trás o
luto, mas continuam em luta. De tudo o que aconteceu e ainda acontece, o maior
ensinamento que podemos ter é a necessidade da consciência e responsabilidade
na exploração da natureza, pois é rápido e fácil destruí-la, mas demorado e
custoso recuperá-la.
A Secretaria do Meio
Ambiente de Minas Gerais respondeu que o dique S4 contribui para a contenção de
rejeitos depositados na região de Bento Rodrigues e que o laudo realizado por
seus próprios técnicos não é conclusivo. A Samarco afirma que o Projeto
Mirandinha foi suspenso e que a construção do dique S4 não tem relação com a
criação da barragem.
Fonte:
http://globo.com/profissao-reporter/ministerio-publico-contesta-eficiencia-de-nova-obra-proposta-pela-samarco
Casa em ruínas após rompimento de barragem em Mariana
Foto: Márcia Foletto (Agência O Globo)
Há um
ano, em 05 de novembro de 2015, aconteceu o rompimento da Barragem do Fundão,
da mineradora Samarco, no distrito de Mariana, em Minas Gerais, quando vazaram
aproximadamente 40 milhões de metros cúbicos de rejeito de minério, deixando um
rastro de destruição. Foram 19 mortos, 250 feridos e milhares de animais
mortos, além de prejuízos com a diminuição da produção de alimentos,
arrecadação de impostos e turismo. Em algumas localidades a vida social parou e
retoma o ritmo de forma lenta.
Desde
então a mineradora tem prestado auxílio material e financeiro para muitos dos atingidos, mas também é acusada de esconder seu patrimônio para diminuir o ritmo da ajuda oferecida, além de negar documentos que comprovem o conhecimento sobre falhas na segurança de suas atividades e dos riscos envolvidos.
Segundo
reportagem do Profissão Repórter, de 26 de outubro de 2016, um ano depois 90%
da lama que vazou da barragem continua espalhada pelo caminho. Desde o dia do
rompimento, continua o vazamento de lama e contaminação de cursos d’água. Há
previsão de que mais rejeitos de lama e produtos tóxicos serão levados pelas
chuvas do início de 2017 para ribeirões e rios de regiões próximas, tornando-os
novamente impróprios para pesca e abastecimento de água. A Bacia
do Rio Doce, com seus afluentes e moradores, enfrenta uma silenciosa luta pela
sobrevivência.
Até março de 2019, a Samarco se comprometeu a construir
novas povoações nos locais mais danificados e fazer as reformas necessárias nos
locais menos atingidos. Óbvio que a empresa gostaria de ter evitado o
rompimento, com todos os prejuízos (humanos, materiais e de mercado) e que tem
gasto muitos recursos – entre aluguéis, salários mínimos e
cesta básicas – para minimizar os
estragos, mas a distribuição entre os atendidos é muito de reclamações e é
enorme o desafio de compensar a parada na produção e a perda de equipamentos para os que
desejam retomar sua independência financeira.
Vidas na lama após o rompimento da barragem
Foto: Pedro Vilela (Agencia i7)
O rompimento da barragem de Fundão
completa um ano. A Samarco se comprometeu a reconstruir os municípios atingidos
pela lama em terrenos vizinhos até março de 2019. Atualmente, a maioria dos
desabrigados continua em Mariana, em casas alugadas pela empresa. Depois da
suspensão das atividades da Samarco, o município deixou de arrecadar quase 40%
do total de impostos.
Dos mil moradores desalojados dos dois
distritos mais atingidos pelo rompimento da barragem da Samarco, 300 são
crianças. Grande parte delas mora hoje em Mariana. Os moradores dos distritos
atingidos pelo rompimento da barragem tentam se adaptar ao novo estilo de vida
na cidade, muito diferente do que tinham no campo. O processo é difícil e 150
pessoas fazem tratamento psicológico e psiquiátrico nos postos de saúde de
Mariana.
Os moradores desalojados costumam visitar
o que sobrou das casas e preferem que o cenário da tragédia permaneça intocado,
mas uma obra polêmica planejada pela Samarco vai alagar parte de Bento
Rodrigues. A empresa diz que a construção de um novo dique, o S4, é única forma
de impedir que os rejeitos que estão na área de Bento Rodrigues contaminem os
rios da região, mas documentos contestam a eficiência do dique em conter os
rejeitos de minério. Segundo o Ministério Público, a Samarco já planejava
construir a barragem de Mirandinha perto de Bento Rodrigues para aumentar a
produção de minério.
Fonte:
http://globo.com/profissao-reporter/ministerio-publico-contesta-eficiencia-de-nova-obra-proposta-pela-samarco
Tijolos artesanais com a lama da Samarco para reconstrução do que foi destruído.
O projeto "Tijolos de Mariana" pretendia fabricar tijolos artesanais a partir da lama retirada das regiões atingidas pelo rompimento da barragem. O objetivo da campanha, criada no site Kickante, é arrecadar R$ 400 mil para montar uma fábrica e produzir tijolos em escala industrial. A iniciativa utiliza tecnologia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e pretende criar 80 empregos diretos e indiretos para a comunidade.
Se implementado o projeto, em um ano quase 1 milhão de quilos de lama seriam retirados da natureza e purificados. Esses tijolos seriam usados para reerguer casas, escolas, hospitais, centros comunitários e ajudar a economia local voltar a funcionar. As doações para implementação do projeto começavam com R$ 10, mas devido à baixa adesão o projeto foi paralisado.
Veja mais detalhes sobre esta iniciativa em:
• Projeto Tijolos de Mariana
• Kickante
Lama em Gesteira, distrito de Barra Longa (09 Nov 2015)
Foto: Moacyr Lopes Júnior (Agência FolhaPress)
Prejuízos causados pela lama da Barragem do Fundão (15 Nov 2015)
Foto: Márcio Fernandes (Agência Estadão)
Matérias
especiais sobre um ano do rompimento da barragem:
G1 Minas Gerais
Folha de
São Paulo
Vídeos:
Bom Dia Brasil
Tragédia de
Mariana faz um ano e punições não avançam
(07:54)
Jornal da Globo
Rompimento da barragem da Samarco completa
um ano com muitos problemas para resolver
(03:40)
Jornal Nacional
(02:45)
Profissão Repórter
Um ano depois da tragédia de Mariana
(35:46)
Domingo Espetacular
Domingo Espetacular
Veja como está Mariana um ano após o desastre que devastou a cidade
(35:28)
Fantástico
Um ano
após tragédia em Mariana, histórias revelam revolta e esperança
(14:47)
Fantástico
Fantástico percorre o Rio Doce para analisar qualidade da água
(07:42)
Funcionários da Samarco mostram a força da enxurrada de
lama em 2015
(06:21)
Lama da barragem da Samarco chega em Camargos (MG)
(01:56)
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Se quiser ver a publicação que fiz em 2015 sobre o rompimento da
barragem, acesse:
Ahhh... o projeto dos tijolos não vingou? Achei tão bom!
ResponderExcluirTambém me agradou a ideia de transformar parte do problema em parte da solução, apesar das desconfianças de alguns sobre a possibilidade e eficiência da descontaminação da lama usada como matéria-prima. Há questionamentos sobre até que ponto seria prejudicial à saúde das pessoas utilizarem edificações com lama contaminada por alguns produtos químicos.
ExcluirFato é que a lama que precisa ser retirada tem que ser colocada em algum lugar e penso ser mais útil e sustentável que seja em construções do que em montes de entulho ou como conteúdo de novas barragens.
O projeto de transformar a lama da Samarco em tijolos é uma iniciativa que merece mais pesquisa e apoio!
Sempre que eu leio algo sobre essa tragédia, sinto uma dor só de pensar nas pessoas que perderam tudo, nos animais que foram pegos pela lama, nas pessoas que morreram... Como deve ter sido avassalador para as pessoas que viveram o drama na pele, para os que ficaram com a lembrança dolorosa dos que partiram... A frase a seguir está perfeita para descrever a situação: "o maior ensinamento que podemos ter é a necessidade da consciência e responsabilidade na exploração da natureza, pois é rápido e fácil destruí-la, mas demorado e custoso recuperá-la."
ResponderExcluirUm abraço!
Dor e prejuízo escondidos no silêncio dos que não aparecem na mídia e, resolutante, reconstroem suas vidas no anonimato, do jeito que é possível.
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