Autora : Paula Jenevain Grazinoli
Na calada da noite,
quando minha cama se aquece, meu corpo não para. É o sono que não aparece. Remexo
sem parar e o silêncio me ensurdece. Cada barulho é um mistério: o cachorro
latindo parece um leão; o armário rangendo, suspeita de ladrão!
Faço prece, conto
carneiros, meu rosto envelhece. Mas dormir que é bom... esquece! Tento então
pensar, mas os pensamentos não obedecem. Brincam comigo. Não querem sonhar,
querem sim dançar! Criam histórias e revivem fatos reais. Deixam o
subconsciente pra lá e da realidade tornam-se amigos leais.
Os olhos abrem e
fecham como uma porta na ventania. Os pés balançam como em uma coreografia. O
tempo vai passando e agonia, agonia! E quanto mais me lembro da hora, mais
pensamento aflora. É culpa da minha boêmia imaginação, que no sussurro da noite
aparece, me ensandece por hora e não tem pressa de ir embora.
Dançam lápis e
caneta, formando garranchos de letras tortas e pernetas. Ai de mim se não
obedecer às letras. Elas rebolam, mostrando a hora da animação. Ai de mim se
tentar dormir e não deixar liberar a endorfina da minha nervosa inspiração!
Adaptação do texto retirado da página 96 do livro
Feio, Belo, Complexo Cotidiano
Juiz de Fora: Funalfa, 2012.
Lindo texto!
ResponderExcluirÀs vezes é bem assim ;)
ResponderExcluir