sentir-se um estranho no ninho
sem lugar e trabalho que criem
conexão
sem origem ou direção
deserto e imensidão
não há porto seguro ou lar
jogando ao vento num constante
vagar
rótulos que não colam para outro novo
recomeçar
num ponto final que não
chega
Estranho no Ninho
A cada passo que dei
Apaguei as pegadas
Pra que nem eu soubesse
Como fazer pra voltar
Que a trilha do desafio
Nunca chegasse ao fim
E agora todo esse esforço
Parece estranho pra mim
Alguns amigos da estrada
Já não correm comigo
Seus sonhos e seus segredos
Já não correm perigo
Cruzes plantadas no chão
São as flores deste jardim
A morte exibe suas formas
Tão estranhas pra mim
Houve um tempo em que eu
Lhe conhecia inteira
E não havia poeira
Que eu não pudesse soprar
Mas ainda não sei
Como ficamos assim
Até a cor dos seus olhos
Hoje é estranha pra mim
Às vezes penso que fiz
Alguma coisa importante
Que vai mudar num instante
O que sempre foi igual
Sinto que é a saída
Do que eu não estava a fim
Mas é somente a chegada
De algo estranho pra mim
Pessoas ficam me olhando
Com um sorriso estampado
Outras gritam e apontam
Erguendo o punho cerrado
Pensam saber da minha vida
Se sou bom ou ruim
Tantas mãos acenando
Todas estranhas pra mim
Marcelo Nova (vocalista da banda Camisa de Vênus)
Álbum: A sessão sem fim
Ano: 1994
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