Movimento Bandeirante no Brasil
Logo após o fim da Primeira Guerra Mundial, em 1919, Olave Baden-Powell enviou uma carta ao Brasil, propondo a fundação do Movimento das Girl Guides no país.
Sr. Barclay, amigo de Olave que viajava para o Rio de Janeiro a negócios, se responsabilizou pela correspondência, e a entregou nas mãos da família Lynch.
No dia 30 de maio de 1919, a senhora Adéle Lynch promoveu uma reunião em sua casa com autoridades e senhoras interessadas no movimento. Entre os convidados estava May Mackenzie, canadense residente no Brasil que já havia participado do movimento na Inglaterra, e Jerônyma Mesquita, cunhada do Sr. Lynch e conhecida por trabalhos educacionais e sociais.
O Movimento das Girl Guides se apresentava como uma proposta de educação diferenciada, por acreditar na importância da mulher em assumir um papel atuante nas mudanças da sociedade. Essa característica cativou as pessoas que estavam na casa da Sra. Lynch. Jerônyma Mesquita dedicou então sua vida ao Bandeirantismo e foi homenageada com o título de Chefe Fundadora do Movimento Bandeirante brasileiro.
Surgia a Associação das Girl Guides do Brasil (primeiro nome da instituição). Em 13 de agosto de 1919, realizou-se a cerimônia de promessa das 11 primeiras bandeirantes brasileiras – data oficial de fundação do Movimento Bandeirante no país.
Com o início do processo de expansão, a Chefe Jerônyma Mesquita solicitou ao professor Jonathas Serrano um nome nacional às Girl Guides. Este buscou na história do Brasil o sentido adequado para a ideia original do escotismo e escolheu o nome "Bandeirantes" numa alusão de quem abre caminhos. A instituição adotou então o nome de Federação das Bandeirantes do Brasil.
A primeira sede exclusivamente do Movimento Bandeirante foi inaugurada em setembro de 1927, construída na Igreja Matriz do Sagrado Coração de Jesus, na cidade do Rio de Janeiro. Neste mesmo ano é iniciada a publicação do jornal "Bandeirantes", editado até a década de 1990.
Em 1928, o movimento rompe barreiras sociais e comportamentais para as mulheres da época, em especial para as que compunham a elite da sociedade brasileira, classe da qual todas as Bandeirantes do período pertenciam. Foi realizado o primeiro acampamento para chefes na cidade de Itaipava (RJ), que levou as moças para longe de seus cotidianos domésticos. Além disso, o campo de atuação das bandeirantes se estendeu para escolas municipais, favelas e bairros proletários, causando polêmica na época, dada a preocupação com a segurança e honra das "moças de família".
O Movimento Bandeirante foi se solidificando e expandindo, chegando a outros estados no Brasil – além do Rio de Janeiro – assim como à participação da classe média e pobres.
A atual Sede Nacional do Movimento Bandeirante, no Rio de Janeiro, foi inaugurada em 19 de março de 1959, com a presença do então presidente da república, Juscelino Kubitschek. Foram 15 anos de empenho e mobilização para que a obra pudesse ser concluída, e muitos ajudaram nesta construção, com pequenas ou grandes contribuições.
O Movimento Bandeirante que, inicialmente, se destinava à formação de meninas e moças – tendo um papel fundamental na ampliação e participação feminina na sociedade da época – solidificou sua proposta de coeducação iniciada com a reformulação institucional entre os anos 1969 a 1974, abrindo suas portas aos meninos e rapazes. Mas a presença expressiva de homens ocorre efetivamente no final da década de 1990 e, a partir do Estatuto de 2004, a instituição é denominada como Federação de Bandeirantes do Brasil.
O resultado de suas ações foi o reconhecimento – por entidades nacionais e internacionais – de suas atividades comunitárias, além do crescimento da instituição em vários estados brasileiros, tendo formado crianças e jovens.
1º Grupo Bandeirante com Jerônyma Mesquita
O programa educativo do Bandeirantismo é dividido por faixas etárias, chamadas de Ramos, levando em consideração as características e especificidades de cada idade.
Ramos:
● Ciranda 5 a 9 anos
● B1: 9 a 12 anos
● B2: 12 a 15 anos
● Guia: 15 a 18 anos
O Ramo Ciranda é o primeiro da progressão bandeirante! Crianças de 5 a 9 anos são nomeadas Fadas (meninas) e Magos (meninos), aprendendo trabalho em equipes, divididos em Sextilhas.
Os coordenadores bandeirantes do Ramo Ciranda são as/os Corujas, que ajudam nos passeios, boas ações, contação de histórias e participam de "encantamentos" (atividade em que formam um círculo e, cantando uma música, assumem a personalidade de médicos, besouros, artistas, expedicionários, marcianos ou frutas).
O lenço amarelo é a identificação deste ramo.
O Ramo B1 (abreviação de Bandeirantes 1) é o segundo na progressão bandeirante, com jovens de 9 a 12 anos.
Trabalham em equipes, participando de acampamentos, jogos, gincanas, caminhadas, passeios e serviços na comunidade.
O lenço azul é a identificação deste ramo.
O Ramo B2 (abreviação de Bandeirantes 2) é o terceiro na progressão bandeirante, com jovens de 12 a 15 anos.
Participam de aventuras na natureza, acampamentos, acantonamentos, trabalhos comunitários, jogos, trilhas, montanhismo, entre outras atividades.
O lenço verde é a identificação deste ramo.
O Ramo Guia prepara jovens de 15 a 18 anos para se envolverem e atuarem em sua comunidade. Aprendendo várias habilidades, os Guias desenvolvem liderança para serem protagonistas da sua história. Além disso, uma parte muito importante do programa educativo deste ramo é o trabalho comunitário, no qual os jovens são incentivados a atuar como agentes de mudança.
Os Guias participam de acampamentos, acantonamentos, atividades nacionais e internacionais, jogos, trilhas, montanhismos, pernoites e assembleias.
O lenço vinho é a identificação deste ramo.
A partir dos 18 anos, os Guias se tornam Guias Auxiliares. A nova etapa é simbolizada pelo lenço vinho com fita branca. Os Guias Auxiliares ajudam os Coordenadores Bandeirantes com os Ramos mais jovens e participam de treinos e cursos de formação de Coordenadores Voluntários.
Fontes:
Movimento Bandeirante Brasil
Ramo Ciranda
Movimento Bandeirante Brasil
Ramo B1
Movimento Bandeirante Brasil
Se o Escotismo foca no aprimoramento pessoal através dos resultados na praticidade, no Bandeirantismo a ideia é incentivar a individualização lúdica e ensinar através de criatividade e adaptação.
Nos acampamentos e gincanas bandeirantes do ramo Ciranda, os jogos são mirabolantes e as crianças enfrentam monstros, índios loucos e esqueletos, ajudadas por jovens e adultos.
Os bandeirantes só costumam descobrir o tema na abertura do acampamento. Às vezes, são surpreendidos pelos jogos em andamento enquanto lavam a louça ou escovam os dentes: surge um "feiticeiro" e começa a ditar as regras. Ou os adultos (chefes ou coordenadores) se escondem misteriosamente, deixando o acampamento para as crianças desvendarem pistas. Outras vezes, os jogos são contínuos e as equipes passam dias na sequência da mesma história, incorporando os personagens relativos ao tema.
Alguns exemplos:
Em 1992, em Boituva (SP), a máfia chinesa invadiu o acampamento. Quatro sábios de branco vagaram pelas barracas distribuindo pistas, enquanto os malfeitores de preto capturavam membros das equipes.
Em outubro de 2001, em Araçariguama (SP), as crianças tiveram que resgatar a chama da magia por entre as árvores, sem pistas e sem lanterna.
Em abril de 2009, num sítio em São Bernardo do Campo (SP), jogos foram preparados incluindo circuitos com cordas, lama e toldos escorregadios. Os bandeirantes foram divididos em quatro equipes, simbolizando a terra, a água, o fogo e o ar, e tiveram de cumprir tarefas vagamente relacionadas aos signos do horóscopo (por exemplo: na base do signo de Sagitário – caracterizado no zodíaco pela liberdade e a aventura – passaram por um labirinto de cordas com os olhos vendados e apanharam ingredientes para um almoço mateiro).
Os ramos B1 e B2 realizam reuniões semanais, em que participam de jogos educativos nas áreas de saúde, habilidades, cultura, cidadania, meio ambiente e participação comunitária. O bandeirantismo se dedica a gincanas, visitas a creches e asilos, competições esportivas, brincadeiras de roda (às vezes com letras em espanhol que ninguém entende ou cantigas de significados sem nexo), jogos de cidade, caças ao tesouro, debates, pinturas, teatro etc.
Fonte: