HistóriaS: Ícaro

Na mitologia grega, Ícaro era filho de uma escrava de Perséfone (deusa das ervas, flores, frutos e perfume) com Dédalo (descende de Zeus).

Dédalo e Ícaro viviam na ilha de Creta, junto ao rei Minos, e construíram o labirinto do Minotauro, no qual o monstro foi aprisionado. Depois que Teseu matou o Minotauro, Dédalo e Ícaro ficaram presos no labirinto e, para saírem dele, Dédalo construiu asas artificiais unindo penas de aves que encontrava pela chão, começando das menores e acrescentando as maiores, de modo a formar uma superfície crescente. Prendeu as penas maiores com fios e as menores com cera de abelha e deu ao conjunto uma curvatura semelhante às asas das aves.

Antes de voarem para a liberdade, Dédalo alertou o filho para que não voasse muito alto, pois o calor do sol derreteria a cera, nem tão baixo, pois a umidade do oceano faria com que as penas pesassem a tal ponto de não conseguir mais manter-se no ar. No entanto, Ícaro ignorou as orientações do pai e, tomado pelo desejo de voar mais alto, aqueceu a cera e perdeu as penas de suas asas, morrendo ao caiu no mar, enquanto seu pai voou para a Sicília.

Voe alto, mas com atenção, humildade e sabedoria !

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Mitos

Para melhor compreender o mito de Ícaro, é necessário conhecer outras personagens e fatos da mitologia grega:

Dédalo

Dédalo era um dos homens mais criativos e habilidosos de Atenas, conhecido por suas invenções e pela perfeição de seus trabalhos manuais. Com o tempo, começou a temer que os crescentes feitos que seu ajudante e sobrinho Perdix lhe superasse. Paranoico e enciumado, aproveitou-se de uma ocasião que estavam juntos no topo de uma alta torre e o empurrou dali, espalhando o rumor de que a morte fora um acidente de trabalho. Descoberta a farsa, por esse crime foi julgado e condenado ao exílio, partindo então para Creta, reino de Minos, onde realizou muitas obras sendo a mais célebre o labirinto para o Minotauro.

Ícaro era filho de Dédalo e de uma escrava de Minos, chamada Naucrata.

Minos

Minos foi um rei semi-deus da ilha de Creta, filho de Zeus e da princesa fenícia Europa. Teria nascido em cerca de 1.445 a.C. e reinado de 1.406 a.C. a 1.204 a.C.

Zeus (o deus dos deuses) se disfarçou de touro para que sua ciumenta esposa, Hera, não o reconhecesse, e raptou a princesa Europa, levando-a para a ilha de Creta, e lá tiveram três filhos: Minos, Radamanto e Sarpedão.

Depois que Zeus retornou para o Olimpo, Europa casou-se com Asterion, rei de Creta. Asterion não queria filhos, e educou como pai os três filhos que Europa teve com Zeus.

Ao morrer, Asterion legou o seu trono a Minos, o primogênito. Inconformados com essa decisão, os dois irmãos preteridos, Sarpedão e Radamanto, passaram a disputar o poder. Minos, para provar que Creta lhe pertencia por vontade dos deuses, afirmou que os imortais lhe concederiam qualquer coisa que desejasse. Como prova, pediu a Poseidon (deus dos mares) que fizesse sair um touro do mar Egeu. Fez-lhe a promessa de que, depois, sacrificaria o touro em honra ao deus dos mares. Poseidon mandou um magnífico touro branco de grandes chifres dourados. Diante dessa prova de legitimidade, os irmãos de Minos reconheceram-no como soberano da ilha.

Minos, no entanto, encantado com a beleza e força do touro, mandou pintá-lo todo de preto e o escondeu-o como parte de seu rebanho e sacrificou, em vez dele, um animal comum, que pintou com as cores da dádiva divina. Como punição pelo não cumprimento da promessa, Poseidon transformou seu touro num animal furioso e indomável, que passou a atacar os habitantes da ilha. Além disso, pediu a Afrodite – deusa do amor – que fizesse com que Pasífae (esposa de Minos) se apaixonasse pelo touro.

Para concretizar sua paixão, Pasífae pediu ao inventor Dédalo (pai de Ícaro) que construísse uma vaca de madeira tão perfeita que enganasse o touro. Ela se escondeu dentro da vaca e assim conseguiu manter relações sexuais com o touro de Poseidon. Dessa união nasceu o Minotauro, um ser monstruoso, touro na metade superior e homem na metade inferior, que se alimentava apenas de carne humana.

Envergonhado pela prova da traição de sua esposa mas receoso de matar a criança e enfurecer ainda mais a Poseidon, Minos pediu a Dédalo que construísse junto ao seu palácio, em Cnossos (na época capital do Reino de Creta), um labirinto tão bem elaborado que ninguém conseguisse achar sua saída, e lá aprisionou o Minotauro.

Pasífae

Pasífae era uma maga, filha de Hélios (deus do Sol) e de Perseis (a primogênita das oceânidas – filhas do titã Oceano com a ninfa Tétis). Sendo uma esposa ciumenta, ela lançou sobre o marido a maldição de que qualquer mulher, além dela, que tivesse relações sexuais com Minos morreria envenenada e devorada por dentro por serpentes, escorpiões e centopeias, por ele ejaculadas. Com a ajuda da princesa ateniense Prócris, que deu ao rei de Creta para mastigar uma erva mágica que ela recebera de Circe (deusa da Lua Nova, do amor físico e dos encantamentos), Minos consegui se livrar da maldição e, em segredo, amar outras mulheres.

Não encontrei relatos sobre o que Minos fez com relação à traição de sua esposa com o touro de Poseidon. Como Pasífae era uma esposa ciumenta e apaixonada, acredito que Minos tenha sido informado ou deduziu que a estranha paixão dela pelo touro tenha sido obra dos deuses e a perdoou. Pasífae é uma das filhas de Hélio (deus do sol) com Perseis (uma das oceânides, filha de Oceano e de Tétis). Casada com Minos, Pasífae teve sete filhos: Androgeu, Ariadne, Deucalião, Fedra, Glauco, Catreu e Acacalis, antes de conceber o Minotauro.

Teseu

Androgeu (filho mais velho de Minos com Pasífae) havia vencido todas as provas dos jogos panatenaicos* causando a inveja do rei Egeu, que manda assassinar o príncipe. Em vingança, Minos invade a região da Ática, cerca Atenas mas não consegue conquistar a cidade. Reza então a Zeus para que este provoque peste e fome à cidade, sendo atendido. Com a derrota do rei Egeu, Minos impõe um tributo de sete rapazes e sete moças que deviam ser enviados anualmente para o Minotauro se alimentar deles.

O príncipe Teseu, filho de Egeu, decide voluntariamente ser um dos ofertados por Atenas para irem na terceira remessa à Creta serem devorados pelo Minotauro, prometendo a seu pai que iria matar o monstro e acabar com os sacrifícios.

Chegando em Creta, os jovens e donzelas são exibidos a Minos, e, durante a exibição, sua filha Ariadne avista Teseu e apaixona-se por ele. Com a promessa de que levaria Ariadne para Atenas, Teseu recebe dela uma espada e o auxílio de um fio de lã, que ela ficaria segurando do lado de fora do labirinto e desenrolando à medida que ele adentrasse carregando a outra ponta (há várias versões para o fato da lã não ter acabado; prefiro ficar com a mais óbvia que é a de que Ariadne juntou vários novelos e ia emendando o fim de um com o início do outro).

Dentro do labirinto, Teseu encontra o Minotauro e, após lutarem, mata a fera com a espada. Depois, guiando-se pelo fio de lã, retorna pelo mesmo caminho por onde havia adentrado. Após o grandioso feito, Teseu foge para seu navio acompanhado de Ariadne e os atenienses.

* Os jogos panatenaicos era uma festa anual promovida pela cidade de Atenas, que unia competições atléticas e artísticas com representantes de todos os reis da Grécia Antiga. No teatro Odeon efetuavam concursos musicais, de canto, lira, cítara, harpa, flauta, danças e declamações. No estádio, realizavam-se concursos atléticos, de "Beleza Viril"; no hipódromo, corridas de carros e de cavalos; no Pireu, corridas de regatas e a Corrida do Archote (percurso a ser vencido mais rápido carregando uma tocha sem deixá-la apagar) feita a pé ou a cavalo e, também, o Efedrismo (luta onde o objetivo era derrubar o oponente no chão e segurá-lo por alguns segundos).

Neste ponto do enredo mitológico, há diferentes versões para o motivo que leva o rei Minos a mandar prender Dédalo e seu filho Ícaro no labirinto. Fico com a seguinte: Minos, após saber que Teseu conseguiu sair do labirinto que deveria ser à prova de fugas, e ser informado que o príncipe ateniense zarpou da ilha levando sua filha Ariadne, imaginou que a princesa tivesse sido sequestrada como garantia de vida para Teseu e os atenienses que o acompanhavam. Furioso diante da humilhação a que seria exposto ante os atenienses e demais gregos, Minos pensa na incompetência de Dédalo ao criar o labirinto e no fato de ter sido ele a criar o modo de sua esposa copular com o touro de Poseidon (fato até então relevado pela culpa que sentia por sua mentirosa artimanha ao deus dos mares) e, como punição, manda prender Dédalo e seu filho Ícaro no labirinto, lacrando depois suas portas até que ambos morressem de sede e fome.