Autor: Felipe Moratori
Algumas casas guardam um porão, asilo dos sentimentos inconfessos, onde se depositam as sombras e angústias, onde se evita entrar. O porão é túmulo que se pode visitar.
Algumas casas guardam corredores infindáveis, onde as relações que não se estabelecem se tornam visíveis em ocasionais encontros ou furtivas travessias. São nos corredores que se penduram as faces.
Algumas casas guardam um sótão, refúgio de solidão, onde estão cuidadosamente encaixotados e esquecidos, sonhos e lembranças estagnadas. É no sótão que se estabelece o contato com possíveis céus.
Adaptação
de textos retirados das páginas 33, 35 e 38 do livro
Cordas
Cor de Ais
Imagem: eduardobroker.blogspot.com.br
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