sábado, 14 de outubro de 2017

Vira Saia


Ilustração: José Efigênio Pinto Coelho
Pág. 106 do livro Tesouros, fantasmas e lendas de Ouro Preto

O Vira Sahia
Autora: Angela Xavier

Uma vez, subindo a Ladeira de Santa Efigênia, mostraram-me uma casa muito antiga, com a base de pedra à mostra, muitas janelas e árvores aparecendo detrás de um muro.
– Esta é a casa do Vira Sahia! disseram.
Defronte estava um oratório dedicado à Nossa Senhora das Almas. Eu já havia escutado muitos casos assombrados com relação àquela casa. Um arrepio percorreu meu corpo ao me lembrar deles.
As casas antigas, com seus cômodos amplos e piso de madeira, guardam muitas histórias entre suas paredes de pau-a-pique. Histórias muito antigas que deixaram rastros.
Dizem ter sido essa casa também um convento. Pessoas que viveram lá dizem já ter visto padres ao lado da cama, enquanto dormiam ou andando pela casa. Também aparece um senhor desconhecido muito bem arrumado, de bengala na mão, assentado num sofá, ouvindo as conversas da família reunida para o terço da noite. Pode ser o próprio Vira Sahia.
Algumas pessoas riem dessas coisas, dizendo serem cismas de mineiros. Um parente que se hospedou na casa se considerava um desses céticos.
Uma noite, já bem tarde, ele estava no fundo da casa, próximo à cozinha, pintando um quadro. Gostava de pintar nessa hora em que todos dormiam e os outros não interrompiam seu momento criativo. Saindo da cozinha, tem uma escada que vai dar no porão. De repente ele sentiu um cheiro forte de fumo de rolo, como se alguém estivesse fumando um cigarro de palha ou cachimbo ali do seu lado. Ele olhou em volta, não havia ninguém Não deu importância. Continuou pintando.
Terminando o quadro, ele parou pois devia esperar até de manhã para as cores secarem. Foi ao banheiro e de lá escutou os passos de alguém subindo as escadas do porão até a cozinha. Eram passos pesados. Nessa hora sentiu medo. Sabia que todos estavam dormindo. Aquilo estava muito estranho. Não acabou de escovar os dentes e correu para o quarto. Ao atravessar o corredor comprido que dava para seu quarto, onde sua esposa estava dormindo, ele escutou passos atrás de si. Entrou rápido no quarto e bateu a porta. O coração disparado. O barulho dos passos cessou. A mulher ficou rindo, pois ela já havia passado por algo semelhante e sofreu deboches dele.
Existem relatos de que esta casa tem um túnel passando por debaixo dela. Há uns cinquenta anos atrás, as crianças que viviam na casa descobriram a abertura do túnel. Queriam entrar, como é natural da curiosidade infantil. O pai, temeroso do que poderia haver dentro, mandou tapar a entrada. Antes disso, soltou uma galinha dentro do túnel e ela não voltou. Também contam que, nessa mesma época, foi necessário dar uns reparos no muro de adobe que cerca a propriedade. Ao começar os trabalhos, os operários levaram um enorme susto ao ver, no meio do muro, um esqueleto. Ele parecia ter sido emparedado na época da construção do muro e estava agachado; usava um chapéu de couro, botas e tinha um chicote na mão. Parecia um feitor. Assim que foi descoberto ele se desmanchou em contato com o ar.
Outros emparedados já foram encontrados em Ouro Preto. Esse costume de sepultar pessoas no meio da parede de pau-a-pique veio da Europa. Eram pessoas assassinadas ou doentes que, depois de mortas, tinham o corpo desaparecido, sendo descobertos muitos anos depois. Quando aparece um emparedado, costumam chamar um padre e ele conduz os restos a um cemitério, para dar repouso digno ao desconhecido.
Os lugares assombrados nos conectam com o passado. Estamos no ano de 1741, quando a casa de Vira Sahia foi construída.
Na velha Vila Rica do século XVIII havia pouca iluminação e, quando a noite caía, coisas estranhas aconteciam. Sombras e vultos fantasmagóricos surgiam inesperadamente. Vozes se confundiam com o ladrar dos cães. Ruídos assustadores povoavam as noites levando pânico à população. Seres alados com pés de pato, chifres e olhos em brasa eram vistos na noite escura. Muitas famílias se mudavam para longe, outras se trancavam em casa à noite, saindo somente em caso de emergência. A população assustada pediu providências ao governador. Foi baixado um decreto que dizia:
“Para evitar todo gênero de desassossego que têm com os mascarados, atirem-se contra estes e os matem, por serem perturbadores do sossego público, e se lhes declara que ficarão incursos em crime algum os que mataremos ditos mascarados, antes sim, se lhes dará um prêmio de cem oitavas de ouro a todo aquele que constar que matou algum mascarado que apareça no morro ou na vila, a qualquer hora da noite.”
O bispo de Mariana sugeriu que fossem colocados pequenos oratórios no cruzamento das ruas para afastar os poderes sombrios. O povo, com mais medo de almas penadas que de ladrões, colocou oratórios nas encruzilhadas e imagens de santos de sua devoção dentro deles. Chegavam a rezar ao redor dos oratórios até três vezes num dia ou cantavam hinos pedindo o fim das aparições que acreditavam serem almas penadas. À noite acendiam candeeiros a óleo diante dos oratórios. Aqui começa uma tradição que já dura mais de 250 anos, onde estão as vozes de muitas gerações.
As figuras fantasmagóricas que tanto assustavam a população, na verdade, eram membros de uma quadrilha de ladrões que, com artimanhas, enganavam povo e governo em seus movimentos noturnos.
Escondidos nas matas próximas a Vila Rica, esperavam a noite cair e, entre assombrações forjadas por eles para assustar a população e garantir ruas vazias, faziam a distribuição do ouro e outros objetos roubados, principalmente dos portugueses. Uma parte para cada membro da quadrilha, outra para um esconderijo até hoje desconhecido. Aproveitavam, também, para se abastecer de alimentos, armas e outras necessidades. Quando o dia clareava, eles se passavam por cidadãos honestos, cada qual com sua família e trabalho. 
Sua ação principal era roubar o ouro que as autoridades portuguesas retiravam dos mineradores através da cobrança do quinto, isto é, uma quinta parte de todo o ouro explorado oficialmente.
Este bando chamava-se “Almas do Purgatório”, em alusão aos sustos noturnos que davam na população, mudado depois para “Os Vira Sahias”, em homenagem ao seu chefe, Antônio Francisco Alves, que tinha o apelido de Vira Sahia.
Ele era moreno, descendente de índios, alto e um tanto misterioso e excêntrico. Falava pouco, mas sabia ouvir. Foi criado por padres franciscanos, de quem era amigo e contribuía com a construção de capela dedicada ao santo. Possuía grande fortuna e tinha vários agregados que viviam em sua propriedade, sob sua proteção. Ainda não havia a Igreja de Santa Efigênia. Vivia ele com sua família na Ladeira de Santa Efigênia, número 141, onde havia uma nascente de água que ele doava ao chafariz mais próximo. Tudo ao redor era de sua propriedade. Era uma pessoa querida e respeitada pela comunidade.
Um grande amigo seu era o Gibú, com quem gostava de pescar. O Gibú era um padre jesuíta francês que se apaixonou e relacionou com uma espanhola e, para evitar escândalo, foi mandado para o Brasil como se não fosse padre. Desde então, viva ele e sua linda espanhola em Vila Rica. Era respeitado por sua cultura e arte. Dizem ser dele os desenhos do chafariz da Rua do Barão e da ponte de Antônio Dias. Também foi ele o autor do esconderijo para onde ia parte do ouro roubado na Estrada Real. Esse tesouro nunca foi encontrado. Dizem que está até hoje numa gruta, atrás de um sumidouro, num local de difícil acesso.
Havia naquele tempo dois caminhos para sair de Vila Rica para o Rio de Janeiro: um por Saramenha, passando por Ouro Branco, e outro pelas Cabeças, Passa Dez e por Cachoeira do Campo. O Vira Sahia havia mandado construir um oratório defronte a sua casa no qual colocou uma imagem de Nossa Senhora das Almas. Ele usava a imagem como senha para indicar aos salteadores o caminho por onde o ouro sairia.
Depois que o bando já acumulava uma considerável riqueza, costumavam roubar apenas o ouro levado pelos portugueses para o Rio de Janeiro, e que depois seria enviado à Lisboa. Os comerciantes e tropeiros que abasteciam as regiões de mineração não eram molestados pelo bando do Vira Sahia. Nesta época, passaram a compará-lo ao Robin Wood, aquele que roubava dos ricos e distribuía aos pobres.
Apesar de o líder ser um morador urbano, a quadrilha era organizada pelos irmãos Nunes, que viviam em uma fazenda perto de Itabirito. Lá se reuniam, armavam e saíam para os assaltos. Os Vira Sahias – como ficaram conhecidos estes salteadores – preferiam morrer a revelar algum segredo do grupo. Se algum deles fosse preso ou morto pelas autoridades, os companheiros discretamente prestavam assistência à sua família e se vingavam de seus captores ou executores. A garantia de consideração e amparo aumentava ainda mais a lealdade entre os bandoleiros do grupo.
Vocês devem estar se perguntando como o Vira Sahia sabia o caminho por onde passaria o comboio levando o ouro. Sendo uma pessoa carismática e com grandes posses, conseguiu a amizade de um funcionário da Casa de Fundição de Vila Rica, que recebia propinas para informar sobre o caminho por onde sairia o ouro. Usando a imagem do oratório defronte a sua casa, O Vira Sahia informava o caminho do comboio do ouro: virando a santa ora para o lado de Saramenha, ora para o lado de Passa Dez.
O transporte do ouro em lombo de burros era um desafio difícil. Segredo e astúcia eram usados para despistar os salteadores. As autoridades mandavam que os militares ou funcionários comentassem nas tabernas – simulando estarem alcoolizados – falsas datas e rotas, saindo antes ou depois da data anunciada, por outro caminho. Algumas vezes saía por um caminho um comboio escoltado pelos dragões, com as mulas levando caixas vazias; enquanto pelo outro caminho seguia, disfarçado de comerciantes e com a maior parte das armas ocultas, o grupo levando o ouro. Noutras ocasiões, o comboio saía de Vila Rica levando caixas vazias e, depois de pernoitar uma vez, ao invés de seguir caminho, retornavam para Vila Rica, saindo no dia seguinte ou poucos dias depois por rotas diferentes, repetindo a manobra algumas vezes para desgastar a paciência ou mantimentos de possíveis criminosos, até que uma dessas saídas, com o ouro, seguia seu destino.
Até então, as autoridades portuguesas tinham conseguido sucesso em transportar seu ouro. No período de atividade dos Vira Sahias, algumas vezes os portugueses conseguiam levar sua preciosa carga, mas os bandoleiros geralmente levavam a melhor. Por causa disso, certos de que havia um ou mais informantes entre eles, os portugueses estabeleceram um prêmio em ouro para quem fornecesse informações sobre o traidor ou do chefe da quadrilha.
Na medida em que aumentava a eficiência e prejuízos causados pelos bandoleiros, aumentava o prêmio oferecido e a violência dos portugueses. Muitas pessoas foram mortas por suspeita de colaboração com os bandidos. Suas cabeças ficavam expostas na saída da vila – no atual bairro Cabeças – espetadas em estacas para desestimular e servir como aviso do que aconteceria aos Vira Sahias e seus colaboradores que fossem descobertos.
Entre os salteadores havia um único estrangeiro, um espanhol. Ele havia se aproximado do bando devido ao ódio que sentia pelos portugueses. Seu sonho era voltar para a Espanha, mas não tinha dinheiro suficiente. Tentado pelo prêmio e instigado pela mulher, ele informou às autoridades o que sabia: que os bandidos se chamavam Almas do Purgatório e que na mata eram coordenados pelos irmãos Nunes. Em Vila Rica, havia um esconderijo onde uma parte do roubo ficava guardada por um feiticeiro cruel e vingativo, chamado Vira Sahia, que tudo adivinhava.
Com estas informações, as autoridades organizaram sua investigação. Homem apelidado de Vira Sahia só havia um, mas era rico e estimado. Ao invés de agir com a habitual truculência destinada aos pobres, homens à paisana passaram a vigiá-lo dia e noite. Depois de algum tempo, já conhecedores dos hábitos de sua família e dos mais próximos, um dos vigias notou que o pequeno oratório defronte a casa, cuidado pessoalmente pelo Vira Sahia, após rápida limpeza tinha sua santa virada por ele ora para a direita, ora para a esquerda. Inicialmente este detalhe pareceu sem importância, mas após um novo assalto bem sucedido ao carregamento de ouro, os vigias mataram a charada, ao perceberem que na ocasião a santa havia sido virada na direção do caminho do comboio!
Durante a noite, dragões e policiais cercaram a casa de Antônio Francisco Alves e a invadiram. Sua esposa e filhas foram amarradas, sua casa saqueada pelos militares sedentos de vingança pelas mortes e humilhações sofridas, os móveis foram revistados com violência, depois destruídos a machadadas e queimados, junto com documentos da família. Com o sangue fervendo na medida em que a invasão acontecia, os dragões perderam o limite de suas ações. Agrediram o homem diante da família e, depois, o mataram sem interrogatório ou julgamento. Sua esposa e duas filhas foram estupradas, mortas e jogadas num matagal próximo. O esconderijo com o ouro não foi encontrado na casa ou seu terreno, como imaginavam as autoridades.
O noivo de uma das moças, desconsolado, entrou para o convento e construiu no local uma capela, a Capela das Dores. Essa capela não tem torres, pois elas só existem para locais afortunados. Por três vezes, depois da morte do noivo, torres foram feitas no local, mas ruíram pouco tempo depois de prontas. Diante disso, os padres desistiram de novas construções. As duas palmeiras plantadas em frente à capela são uma homenagem às filhas virgens do Vira Sahia, assassinas pelos portugueses.
Um casal de velhos escravos e todos os cachorros da casa também foram mortos. A santa do oratório não escapou à sanha vingativa e foi reduzida a pedaços.
Depois de matar o Vira Sahia, os portugueses foram atrás do seu amigo Gibú com ordem de matá-lo se não revelasse o esconderijo. Gibú apanhou e foi morto diante de sua amada sem nada revelar. Seu corpo desapareceu, assim como o do Vira Sahia.
Toda a vila se horrorizou com a violência criminosa das autoridades. Havia fortes suspeitas de que os corpos foram afundados numa lagoa da cidade. Perto desta lagoa vivia um homem estranho, de nome José Dez, mais conhecido pelo apelido de Gambá, devido ao mau cheiro que ele exalava. Por pequena quantia praticava atos de magia negra, nos quais se incluía, segundo boatos, consumir parte de cadáveres, jogando-os depois na lagoa, que passou a ser conhecida como Lagoa do Gambá.
Suspeitando que os corpos do Vira Sahia e Gibú estivessem no fundo da lagoa, depois de terem sido amaldiçoados pelo feiticeiro por serviço pago pelos portugueses, os salteadores Vira Sahias mataram Gambá e incendiaram sua casa. Labaredas saíram dela com fortes estouros, lançando forte cheiro de enxofre. Diz a lenda que, desde então, entre meia noite e três da manhã, próximo à lagoa, via-se um cachorro – que de relance parecia um dragão – que passava a noite andando pelas margens da lagoa, emitindo uivos horripilantes. Os moradores da região procuraram o pároco local, que mandou construir um grande cruzeiro de madeira, levado em procissão a um morro próximo à lagoa, que havia se tornado conhecido como Morro do Cachorro. O padre celebrou no local uma missa para o cortejo de moradores locais e multidão de fiéis, jogando muita água benta no cruzeiro e na terra ao redor, por ser este o local onde o cachorro geralmente primeiro aparecia. Dizem que, desse dia em diante, o cachorro diabólico não mais foi visto, exorcizado pela cruz e pela fé nela concentrada. O local passou a ser conhecido então como Morro do Cruzeiro, onde hoje se encontra o Campus da Universidade Federal de Ouro Preto.
Quanto ao delator espanhol, foi assassinado pelos salteadores Vira Sahia enquanto esperava para receber o prêmio que seria entregue pelos portugueses somente depois da recuperação do ouro roubado ou de provas inquestionáveis da chefia do bando. Abordado em sua casa, fugiu dela, mas foi morto após breve perseguição. Sua casa foi incendiada, provocando a morte de sua esposa e filho. Dizem que a alma do espanhol, possuída pela frustração, saiu de seu corpo antes deste ser enterrado e tomou a forma de um urubu, passando a sobrevoar, e às vezes pousar, no local onde ficava sua casa, enquanto espera o retorno de seu corpo para a Espanha. Moradores da região da casa queimada ergueram, no atual bairro Lages, um cruzeiro no local onde foi deixado seu corpo, conhecido como Cruz do Espanhol.
A Igreja de São Francisco de Assis, que na ocasião da morte do Vira Sahia estava sendo construída principalmente com doações dele, ficou sem o sino da torre esquerda, como homenagem de luto por aquele que, roubando dos ricos, dava parte aos pobres.
Os irmãos Nunes conseguiram fugir e se embrenhar nas matas, não sendo nunca encontrados. Sua fazenda foi confiscada pela Coroa Portuguesa. As vastas propriedades urbanas pertencentes ao Vira Sahia foram tomadas pela Coroa Portuguesa, sendo dadas à funcionários, militares e policiais de altos cargos. Nessas propriedades caminhos foram abertos e depois se tornaram as atuais ruas públicas.
A quadrilha continuou a assaltar na Estrada Real por algum tempo ainda, mas não era mais conhecida como Almas do Purgatório, pois passou a ser denominada de “Os Vira Sahias”, mantendo a tradição de destinar parte de seus furtos aos pobres. O envelhecimento dos bandoleiros e o empobrecimento das minas deu fim aos assaltos.
Muito do que aqui foi descrito não está registrado em nenhum documento, mas a memória do povo não deixou apagar.

Casa do Vira Saia em Ouro Preto (Rua Santa Efigênia, nº 141)
Texto adaptado do livro “Tesouros, fantasmas e lendas de Ouro Preto”, de Angela Leite Xavier.
Págs. 107 a 116.
Edição do Autor; Ouro Preto (MG); 2009 (2ª edição).

Obs.: Esta postagem foi realizada mediante prévia autorização da autora.

Para mais "causos" e contos de Angela Xavier, acesse o blog dela:
Compartilhando Histórias
http://www.angelaleitexavier.blogspot.com.br 

Livro : Tesouros, fantasmas e lendas de Ouro Preto

O livro reúne mais de 70 histórias, ambientadas do século XVIII até início do XX, coletadas junto a moradores ou em livros sobre a cidade. Olavo Romano, responsável pelo prefácio, afirma que "Ouro Preto era cheia de fantasmas, uma cidade mal iluminada, repleta de capelas e cemitérios, onde ninguém saia de casa depois das 21 horas. Trata-se de um livro que narra a História de Ouro Preto de uma forma agradável, à maneira dos contadores de histórias, e está entremeada de lendas e causos. Começa chamando a atenção do leitor para a necessidade de se preservar aquilo que faz parte da nossa memória e relata a descoberta do ouro, os conflitos que surgiram no início e as revoltas". 
A ênfase do livro é dada às histórias dentro da História, nas curiosidades que os livros de História não relatam, na sociedade que se formou ao redor das minas de ouro com suas crenças, seus valores e sua religiosidade. Relatos de grandes festas, de muitos casos assombrados e tesouros escondidos. A ilustração, com desenhos em bico de pena, é do artista plástico ouro-pretano José Efigênio Pinto Coelho.

7 comentários:

  1. Sobre a origem do nome Vira Saia, nada foi dito. A que é devido? Sei de uma história, mas desejaria saber de uma primeiro. Abraços

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    1. Olá, José.
      Quando publiquei este conto fiquei com a mesma curiosidade! Pesquisei na época para entender a origem do apelido, mas nada consegui. Fiz nova pesquisa agora para lhe responder e novamente não encontrei uma resposta!
      Sugiro que entre em contato com a autora deste conto – Angela Leite Xavier – pois a mesma mora em Ouro Preto e baseia seu trabalho em tradições orais, podendo lhe oferecer uma ou mais versões para o nome.
      O e-mail dela é: angelaxbr@yahoo.com.br .
      Peço-lhe a gentileza de deixar no comentário nesta postagem a história que você conhece para explicar o apelido. Gostaria muito de saber! Acredito que os leitores, pesquisadores ou curiosos que lerem este conto também se beneficiarão com as informações que você tem.
      Um abraço.

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  2. Ótimo texto, resgatando as origens do bando do Vira Sahia.

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  3. Olá, achei uns documentos, onde cita fazenda do Vira Saia, em Cachoeira, Ouro Preto. Será q era perto desta casa do Vira Sahia? Ou o mesmo lugar?

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    1. Acredito que não, Flávia. A casa do Vira Sahia está situada na Ladeira de Santa Efigênia, na área urbana de Ouro Preto. Deve ser uma referência como forma de homenagem.
      Se descobrir algo sobre isso, escreva aqui nos comentários, por favor.

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  4. Que site bacana!

    Bom, Segundo os registros populares, Antônio Francisco Alves colocava o santo do oratório localizado em frente da casa virado para o lado de onde iriam sair os carregamentos de ouro, que deveriam chegar na cidade do Rio de Janeiro, para avisar os outros membros de seu bando e com isso saquear o ouro antes da partida. Daí o nome “vira-e-saia”, que com o tempo foi resumido à “vira-saia”.

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  5. Minha família reconta essa lenda como sendo parte da nossa história, já que somos descendentes dos Alves. Como essa lenda foi parar no interior de Minas Gerais, no sertão próximo ao rio São Francisco? Teria mesmo algum fundo verídico conosco?

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