A guerra nas trincheiras da 1ª Guerra
Mundial
O início
da Primeira Guerra Mundial foi marcado, em agosto de 1914, pelo ataque alemão
através da Bélgica em direção à França. Este avanço foi repelido no início de
setembro de 1914, nos arredores de Paris, por tropas francesas e britânicas, na
Primeira Batalha do Marne. Os aliados empurraram as forças alemãs para
trás cerca de 50 km. Os germânicos seguiram então para o vale do Aisne, onde
prepararam suas posições defensivas.
As forças aliadas não
foram capazes de romper a linha de defesa alemã e criou-se um impasse. Nenhum
dos lados estava disposto a ceder terreno e ambos começaram a desenvolver
sistemas fortificados de trincheiras. Isso significou o fim da guerra
móvel no oeste da Europa.
Em novembro de 1914
existiam desde o litoral do Canal da Mancha até a fronteira suíça um grande
complexo de linhas de trincheiras, de
onde centenas de milhares de militares
tentavam, ao mesmo tempo, se proteger e atacar.
A utilização de
trincheiras não era nenhuma novidade em guerras. A novidade era a dimensão
destes sistemas de defesa, o prolongado tempo de ocupação, a quantidade de
homens que as utilizavam e o uso maciço de metralhadoras e artilharia.
Os avanços na tecnologia militar levaram a uma rápida evolução no poder de fogo das armas que não foi acompanhada por avanços similares em estratégias, resultando numa capacidade defensiva maior que a ofensiva, tornando a guerra extremamente mortífera e desgastante. O arame farpado era um constante obstáculo para os avanços da infantaria; a artilharia, muito mais letal que no século XIX, armada com as inovadoras metralhadoras e canhões de grossos calibres e longas distâncias, causava mortes numa velocidade e quantidade sem precedentes. Os alemães começaram a usar gases tóxicos em 1915 e logo depois ambos os lados usavam da mesma estratégia. Nenhum dos lados ganhou a guerra pelo uso de armas químicas, mas estas fizeram a vida nas trincheiras ainda mais tensa e desagradável, tornando-se um dos mais temidos e lembrados horrores de guerra.
A guerra de trincheiras está associada ao extermínio e sobrevivência em condições terríveis, combinada com a visão de que homens corajosos se lançando a uma morte quase certa por causa de comandantes incompetentes para se adaptar às novas condições de combate, insistindo em ataques frontais em grande escala às trincheiras inimigas. Para se ter ideia da capacidade letal das novas armas usadas na guerra, somente no primeiro dia do da Batalha de Somme, em 1 de julho de 1916, os britânicos tiveram 19.240 mortos e 38.230 feridos. Na Batalha de Verdun, de 21 de fevereiro a 18 de dezembro de 1916, ocorreram aproximadamente 714.000 baixas (377.000 franceses, dos quais 162.308 mortos ou desaparecidos; e 337.000 alemães, dos quais 100.000 mortos ou desaparecidos). Muitos comandantes insistiam no antigo raciocínio de que a coragem individual dos homens superaria o poder das armas no combate corpo a corpo. A partir de 1916, diante das imensas baixas, a opinião pública referia-se aos britânicos e franceses como “leões liderados por burros”.
Trincheira britânica
Batalha de Somme ( França ) - 1916
Trincheira alemã
Batalha de Verdun ( França ) - 1916
O front
ocidental se estendia por 654 Km, cruzando o território belga a partir do
litoral do Canal da Mancha, contornando Ypres, adentrando os 145 Km do setor
britânico, seguindo ao sul em direção à França. Depois do rio Ancre os
franceses assumiam a defesa do front que se estendia para o leste, contornado
Verdun até a fronteira suíça.
Espalhados
por estes 654 Km, estima-se que aproximadamente 40.000 Km de trincheiras foram
construídos por ambos os lados, num intrincado sistema de defesa que, se
colocado em linha reta, seria grande o suficiente para dar uma volta em torno
do planeta.
O termo “Terra de Ninguém” foi criado pelos ingleses no início da guerra para designar o terreno entre os sistemas de trincheiras construídos pelos alemães e aliados. Essa faixa de terra media de 45 metros a 1,6 Km, dependendo da região, e era um local não conquistado por nenhum dos lados, não oferecendo abrigo e sendo coberto por fogo de metralhadoras e canhões da artilharia, com arame farpado e às vezes minas em áreas próximas às trincheiras, depois reforçadas com lança-chamas. A terra era de ninguém porque ninguém a controlava ou lá permanecia, tornando-se um local devastado que aos poucos foi se enchendo de cadáveres insepultos. A Terra de Ninguém permaneceu um obstáculo insuperável desde o início da guerra, em setembro de 1914, até a Batalha de Cambrai, em 20 de novembro de 1917, quando tanques de guerra ingleses foram capazes de atravessar a área e avançar diretamente sobre as trincheiras alemãs, mostrando que novas estratégias e armas poderiam, depois de três anos, acabar com as mortes maciças nos ataques.
O termo “Terra de Ninguém” foi criado pelos ingleses no início da guerra para designar o terreno entre os sistemas de trincheiras construídos pelos alemães e aliados. Essa faixa de terra media de 45 metros a 1,6 Km, dependendo da região, e era um local não conquistado por nenhum dos lados, não oferecendo abrigo e sendo coberto por fogo de metralhadoras e canhões da artilharia, com arame farpado e às vezes minas em áreas próximas às trincheiras, depois reforçadas com lança-chamas. A terra era de ninguém porque ninguém a controlava ou lá permanecia, tornando-se um local devastado que aos poucos foi se enchendo de cadáveres insepultos. A Terra de Ninguém permaneceu um obstáculo insuperável desde o início da guerra, em setembro de 1914, até a Batalha de Cambrai, em 20 de novembro de 1917, quando tanques de guerra ingleses foram capazes de atravessar a área e avançar diretamente sobre as trincheiras alemãs, mostrando que novas estratégias e armas poderiam, depois de três anos, acabar com as mortes maciças nos ataques.
Linha de trincheiras do Front Ocidental
Trincheiras ocupadas por tropas da:
Alemanha ( Amarelo )
Alemanha ( Amarelo )
França ( Roxo )
Inglaterra ( Vermelho )
Bélgica ( Laranja )
Obs.: A linha verde tracejada demarca a Terra de Ninguém.
Tropa francesa avançando na Terra de Ninguém
Batalha de Verdun ( França ) - 1916
Um labirinto de trincheiras
As
trincheiras eram labirintos de muros com sacos de areia e madeira na superfície
e túneis que formavam pequenas cidades no subsolo.
Havia três
linhas de trincheiras: a primeira era a Trincheira de Fogo, de onde fossos
menores conhecidos como “galerias de sapa” avançavam para a Terra de Ninguém
levando aos postos de observação avançados, posições de lançamento de granadas,
postos de metralhadoras e de lança-chamas. À frente da trincheira erguia-se o
arame farpado, que evoluiu de alguns fios para uma rede de contínuos rolos de
crescente espessura, algumas vezes eletrificados. Dentro desta primeira linha
de trincheiras havia metralhadoras e lança-chamas que, juntamente com os fuzis
e granadas de mão, dizimavam os soldados inimigos que ficavam retidos no arame
farpado.
Cerca de 20 a
90 metros atrás, ligada por trincheiras de comunicação e túneis, ficava a segunda
linha de trincheiras, a Trincheira de Apoio, onde as
tropas se acumulavam – fora do alcance da artilharia inimiga – para realizar um
ataque ou um contra-ataque no caso da primeira linha de trincheiras ser
invadida pelo inimigo. À frente desta trincheira também havia arame
farpado e postos para metralhadoras e lança-chamas.
Cerca de 100
metros atrás, também ligada por trincheiras de comunicação e galerias, ficava a
terceira linha de trincheiras, a Trincheira de Reserva, onde havia os
alojamentos da maior parte das tropas.
Entre as
linhas de trincheiras havia postos de observação, sanitários, postos de
atendimento médico, cozinhas, plataformas abertas para morteiros e os postos de
comando das companhias e batalhões.
As
trincheiras tinham entre 2 e 2,5 metros de profundidade, com média de 60 a 90
centímetros de largura (chegando a 2 metros de largura em alguns locais), protegidas
de tiros e estilhaços em sua parte superior por sacos com a areia da escavação,
que também eram usados para reforçar as paredes em algumas regiões. Para o lado
do inimigo havia plataformas de areia ou madeira, com cerca de 60 cm de altura,
nas quais subiam para atirar. No piso cortavam-se sulcos para drenagem,
cobertos com esteiras de ripas de madeira.
Um soldado francês
descreveu o ambiente como “um mundo fétido de terra pegajosa e gotejante,
encoberto por uma faixa de céu ameaçador”. Outro combatente inglês descreveu as
trincheiras como “um mundo de toupeiras, que se entocavam cada vez mais fundo
para fugir dos poderosos explosivos: uma cidade subterrânea com avenidas,
alamedas, ruas, becos sem saída, vielas e cruzamentos, tudo com nome, rotulado
e ligado por telégrafo e telefone”. Um segundo-tenente irlandês explicou à
família que “qualquer avanço ou recuo forçava o abandono de velhas trincheiras,
mas um novo front significava cavar novas ou, com frequência, reivindicar
antigas. Muitos sistemas mudaram de mãos diversas vezes”.
Reconhecimento aéreo das trincheiras em Loos-Hulluch
( Julho de 1917 )
As trincheiras alemãs formam o complexo maior à direita.
As trincheiras inglesas formam o complexo menor à esquerda.
A Terra de Ninguém está entre as trincheiras adversárias.
É possível perceber inúmeras crateras feitas pela artilharia de ambos os lados.
A Terra de Ninguém está entre as trincheiras adversárias.
É possível perceber inúmeras crateras feitas pela artilharia de ambos os lados.
Para que as tropas inimigas não conseguissem conquistar uma
trincheira em um único ataque, estas não eram feitas em linha reta. Trincheiras
auxiliares e perpendiculares eram construídas para permitir melhor defesa, pois
possibilitavam que tropas ao lado segurassem mais facilmente os atacantes,
permitindo a chegada de reforços vindos da retaguarda para a retomada.
Outro motivo para que as trincheiras não fossem feitas em linha reta é que, no caso de um tiro de artilharia acertar dentro da trincheira, os estilhaços não se propagariam em linha reta para os lados causando muitas baixas. As paredes em ângulo reto seguravam a maior parte do impacto da explosão e protegiam os militares que estavam ao lado.
Trincheiras em zigue-zague aumentavam a proteção da tropa e a defesa do terreno.
Das pequenas e improvisadas trincheiras dos
primeiros meses, repletas de homens lutando ombro a ombro, levando a grandes baixas por fogo de
artilharia, criou-se um sistema de profundas trincheiras interligadas e
com setores especializados, que resistiam aos bombardeios de artilharia e ataques em massa de infantaria.
Os ingleses
construíram trincheiras mais precárias, entre 3 e 6 metros de profundidade e
sem maiores confortos, baseando-se na ideia de que não permaneceriam lá por
muito tempo, seguindo para conquista de território inimigo.
Os alemães construíram
trincheiras mais elaboradas, visando uma possível ocupação prolongada, reforçadas
com concreto e trilhos ferroviários, que tinham até janelas com venezianas, aparelhos
de música e capachos para os pés. Alguns abrigos chegavam a 9 metros de
profundidade, com amplos alojamentos para até 16 beliches, campainhas nas
portas, tanques de água com torneiras, armários e espelhos.
Na medida em que o tempo passou e ficou claro que a permanência no local
seria prolongada, ambos os lados melhoraram sua trincheiras. As paredes, o piso
e o teto dos túneis e trincheiras foram revestidos com madeira, usada também
nos degraus das escadas e mobílias como mesas, cadeiras, armários e bancadas. Portas
e janelas, recolhidas das vilas próximas destruídas, foram usadas em alguns
alojamentos das trincheiras para diminuir o frio em seu interior. Dispunham
também de fios para comunicação por telefone e energia elétrica.
Trincheira francesa protegida por arame farpado
Alemães terminando rede de arame farpado para defesa de trincheira
A coragem e inutilidade dos ataques às
trincheiras
O soldado
Fellowes, membro dos fuzileiros da Nortúmbria (Parte da Grã-Bretanha) descreveu
uma tentativa de alçar o topo de uma posição defensiva alemã, na Batalha de
Loos (França, setembro de 1915):
“Marchamos durante cinco noites para chegar a Loos. O
comandante de nossa companhia, capitão Powell, nos comunicou que estava sendo
travada uma árdua batalha, com diversas divisões em ação... Nossa missão seria
substituir parte dessas tropas. Em minha memória ainda posso ouvir gritos e
aplausos. A caminho da linha de frente, o ajudante me parou e disse: ‘O oficial
comandante tem uma mensagem para você entregar.’ Até hoje me lembro do conteúdo
daquela mensagem. Escrita em um velho bloco de sinalização, sem data nem
assinatura, dizia:’O oficial comandante deseja que o ataque seja realizado com
baionetas, à verdadeira moda da Nortúmbria.’ Foi a primeira notícia que tive
que entraríamos em ação. Quando cheguei às trincheiras, todos estavam a postos,
com baionetas armadas. Enquanto eu contornava pela retaguarda, os soldados
pularam a borda das trincheiras e começaram a correr o mais rápido que o
equipamento lhes permitia. Que alvoroço! Procurei o capitão Powell para lhe
entregar a mensagem, mas percebi que ele se juntara aos outros e então o segui.
Os primeiros homens já se encontravam a quase 100 metros da
cerca de arame farpado dos alemães, sem que um único tiro fosse disparado. De
repente, parecia que a terra se transformara em um verdadeiro inferno. Alguns
homens começaram a cambalear e cair, as metralhadoras desferiam tiros bem
diante de nós... Um rapaz tombou na minha frente, tropecei e caí sobre ele. Até
hoje não me envergonho – permaneci exatamente onde estava.
Aquela cena vai me acompanhar até a minha morte, toda a
colina repleta de homens prostrados no chão. Tal qual começaram, os alemães de
repente pararam de atirar. Os homens se levantaram, alguns cambaleando e
rastejando como podiam para retroceder. Os alemães não atiraram... estavam tão
cheios de remorso e culpa diante dos corpos em Loss que se recusavam a fazer
qualquer outro disparo...
Quando retornei à trincheira, me vi no mesmo lugar de onde
partira. Um dos soldados me passou o cantil. Ficamos ali, horrorizados, ouvindo
gemidos dos homens no campo, alguns deles aos gritos. Um horror! Receio que
muitos morreram antes mesmo do anoitecer. Naquele instante, a mensagem para o
capitão Powell ainda estava comigo. Só o encontrei mais tarde... Entreguei-lhe
a mensagem. Ele leu e disse: ‘Agora, meu filho, não importa mais.’ Pude
perceber lágrimas no seu rosto.”
Texto:
Uma guerra para a paz: 1914-1918 (John Man), Reader’s Digest, Rio de Janeiro: 2003, p. 26.
Ataque partindo de trincheira britânica
Batalha de Somme ( França ) - 1916
Batalha de Verdun ( França ) - 21 de fevereiro a 18 de dezembro de 1916
Restos mortais de alemães no Monte do Morto
Os alemães atacaram sem sucesso, onda após onda, entre fevereiro e dezembro de 1916,
fortes posições defensivas francesas a noroeste da cidade de Verdun,
num local que os franceses chamaram de Monte do Morto.
( Essa foto foi feita em 1918, durante o avanço das tropas aliadas )
fortes posições defensivas francesas a noroeste da cidade de Verdun,
num local que os franceses chamaram de Monte do Morto.
( Essa foto foi feita em 1918, durante o avanço das tropas aliadas )
O cotidiano nas trincheiras
Na rotina das trincheiras, os oficiais e
soldados tinham de acordar antes do alvorecer – momento preferido para deflagrar
ataques – e verificar as trincheiras inimigas através de periscópios. Tal observação
e prontidão eram repetidas ao anoitecer. Nestes momentos procuravam-se mudanças
em relação ao dia anterior que pudessem indicar um possível ataque ou
fortificação.
Depois da
verificação matinal, a maioria dos homens deixava os postos nas trincheiras da
frente para tomar o café da manhã na retaguarda. Quando estavam com sorte,
recebiam duas colheres de rum, servidas cuidadosamente, mas na maioria das
vezes a comida consistia em carne e vegetais enlatados e biscoitos, sendo rara
a comida fresca para os sargentos e soldados. Quando um conjunto de trincheiras
já estava construído e reforçado, passavam o dia limpando as armas, consertando
os estragos nas trincheiras ou escrevendo para casa. Os oficiais inspecionavam,
encorajavam e comunicavam as condições ao comando através de mensageiros, que
utilizavam trincheiras de comunicação para o trajeto.
O soldado
inglês Kenneth Garry, que morreu depois de dois anos nas trincheiras, descreveu
um típico dia de dezembro de 1915: sua primeira tarefa, às 7 da manhã, era
percorrer as trincheiras de comunicação para recolher água em latas de gasolina
de 9 litros, através de uma bomba num poço de uma fazenda abandonada ou num
vagão de água. Na volta, um companheiro de abrigo aquecia em um fogareiro a
água para o chá, enquanto na cozinha do regimento, os cozinheiros se esforçavam
para acender a lenha úmida e fritar bacon para o café da manhã. Garry então era
convocado pelo cabo de seu grupo para trabalhar na faxina e nos reparos das
trincheiras. Munido de galochas e capa, dirigia-se para um depósito de sacos de
areia, pás, picaretas, arame farpado e esteiras de ripas, onde recebia uma pá
para trabalhar escorando alguma mureta desmoronada pelas chuvas ou bombardeios.
A parte de cima da trincheira, exposta ao inimigo, era consertada à noite.
Depois montava um turno de guarda com seu rifle em uma das posições de tiro e improvisava
um periscópio fixando um espelho em sua baioneta num ângulo de 45º. Os
periscópios para vigia existiam em número reduzido – usados normalmente pelos oficiais
e às vezes por sargentos – e cada soldado, quando na função de vigia,
improvisava seu periscópio para levantá-lo pouco acima do parapeito e ver as
trincheiras do inimigo que estavam à sua frente. De vez em quando um tiro de
boa pontaria quebrava o espelho usado para o reconhecimento, enchendo a
trincheira com estilhaços de vidro. O revezamento ocorria depois de três horas,
então se tomava café e retornava para o abrigo.
Garry escreveu que “Não havia muito para ver! Só terra e sacos de areia,
com um pedaço de madeira aqui e acolá. No conjunto, montes de terra revolvida
pelos soldados ao cavarem as trincheiras. Cansado de estar sentado, podia-se
espreitar entre os sacos de areia e, se o tédio era demasiado, disparava-se
algum tiro. Entretanto, um homem podia passar um ano nas trincheiras sem dar um
tiro sequer”.
Periscópio em trincheira francesa
De manhã, os
aliados procuravam distinguir as silhuetas dos alemães contra o céu matinal e à
tarde cabia aos alemães a vantagem da claridade, com suas trincheiras já
escurecidas enquanto os aliados tinham o crepúsculo às suas costas.
Durante o dia, franco-atiradores com fuzis de mira telescópica e
observadores de artilharia em
balões transformavam movimentações em algo perigoso, por isso havia pouca atividade
nas trincheiras. O
trabalho pesado acontecia quando anoitecia, aproveitando a dificuldade de
observação por parte do inimigo causada pela escuridão. Os períodos de lua
cheia eram menos utilizados para trabalhos noturnos fora das trincheiras, pois
a visibilidade ficava aumentada e era maior o número de mortos e feridos.
Sentinelas em postos de escuta na Terra de Ninguém
tentavam detectar patrulhas inimigas e grupos de trabalho inimigos enquanto os soldados cavavam galerias que se aprofundavam em direção à Terra de
Ninguém ou rastejavam para fora de suas trincheiras a fim de consertar ou
melhorar as cercas de arame farpado que faziam parte de suas defesas, além de
tentar resgatar feridos de um ataque recente. No período noturno eram transportadas
entre as trincheiras grandes quantidades de sacos de areia, esteiras de ripas,
troncos de árvore, ferros, lonas e munição. Por isso, os homens aproveitavam o
tempo ocioso durante o dia para dormir.
Um inglês vigia enquanto os outros dormem
Regimento Cheshire - Somme ( 1916 )
Os oficiais
franceses tentaram manter alguns hábitos, como toalhas nas mesas e vinho
durante as refeições. Os soldados alimentavam-se segurando marmitas nas mãos,
sentados em degraus cavados na terra. Fornos ao ar livre na retaguarda assavam
pães.
O tempo de permanência de um soldado nas trincheiras da linha de frente
geralmente era breve, variando de
um dia até duas semanas, até ser substituído por alguém das tropas de reserva. O 31º Batalhão australiano uma vez
passou 53 dias na linha em Villers-Bretonneux (norte da França), mas durações
prolongadas eram exceções. As unidades que permaneceram nas trincheiras da
linha de frente por mais tempo foram as do Corpo Expedicionário Português, no
norte da França. As tropas portuguesas receberam a responsabilidade de defender
uma área grande em comparação ao seu efetivo de 45 mil homens e não havia
militares em quantidade suficiente para fazer um revezamento entre tropas do
mesmo país. Os navios ingleses que transportariam novas tropas de Portugal para
a frente de batalha foram destinados ao transporte de alimentos, material
bélico e tropas da Inglaterra para a França. Após prolongados períodos de tempo
nas trincheiras, que chegaram a seis meses sem nenhuma licença em algumas
unidades, o Comando do 1º Exército Britânico decidiu
pela rendição das tropas portuguesas por tropas inglesas, mas no dia previsto
para a troca, os alemães iniciam a grande ofensiva da primavera e atacam a
região na Batalha de La Lys, entre 9 e 29 de abril de 1918, matando ou
capturando os esgotados e desmoralizados militares portugueses.
O ano típico de um soldado britânico
pode ser dividido da seguinte forma:
• 15% do tempo na
linha de frente
• 10% do tempo na
linha de apoio
• 30% do tempo na
linha reserva
• 20% do tempo em
trabalhos diversos
Alguns setores da frente ocidental viram pouca
atividade durante toda a guerra, tornando a vida nas trincheiras relativamente
fácil. Outros setores estavam em
um contínuo estado de combate. A
região de Ypres era
invariavelmente infernal, especialmente para os britânicos. No entanto, os setores tranquilos
ainda acumulavam baixas diárias através dos atiradores de elite, fogo de artilharia, doenças e gás
venenoso. Nos primeiros seis
meses de 1916, antes do lançamento da ofensiva em Somme, os ingleses não se
envolveram em qualquer batalha significativa neste setor e mesmo assim sofreram
107.776 baixas, entre mortos e feridos. Apenas 1 a cada 2 homens voltaria sem
ferimentos das trincheiras.
O mal cheiro
era intenso! As trincheiras eram impregnadas pelo odor dos corpos em decomposição
de homens, cavalos e alguns animais domésticos como cães e gatos. Em períodos que
batalhas se prolongavam por semanas ou meses, era impossível enterrar os mortos e os
corpos permaneciam na Terra de Ninguém até o ponto de não serem mais
identificáveis. Vez por outra uma turma de soldados saía rastejando de
suas trincheiras à noite para jogar cal nos locais mais críticos.
Nas épocas de
calor moscas também eram atraídas pelos corpos em decomposição e tornavam-se
novo fator de desconforto e transmissão de doenças nas trincheiras.
Os homens se
esforçavam para criar atividades que mantivessem o moral elevado e diminuíssem
a tensão. Escreviam cartas para familiares e amigos que, antes de serem
enviadas, eram lidas pelos oficiais e parcialmente censuradas ou totalmente
vetadas, dependendo do tom derrotista ou de informações que poderiam ser
perigosas, caso repassadas ou interceptadas por algum espião.
Editavam e
distribuíam pequenos jornais nas trincheiras e realizavam eventos desportivos
como partidas de futebol, corridas de cavalos, torneios de boxe e competições
de natação. Constituíam grupos teatrais que se apresentavam na retaguarda
próxima das trincheiras, nas vilas, em celeiros ou barracas, com os mais jovens
desempenhando os papéis femininos. Também eram apresentados espetáculos de
danças típicas das regiões de origem de algumas tropas.
Nas cidades e vilas próximas às linhas de trincheiras, eram comuns os
bordéis, iluminados com luz azul para os oficiais e com luz vermelha para os
destinados aos sargentos e soldados, usados nos períodos de folga durante a
ausência de combates.
Time britânico de futebol com máscaras para gás
( 1916 )
Os sapadores e a guerra subterrânea
Os sapadores
eram oficiais engenheiros militares, sargentos e soldados – geralmente mineiros
– treinados para construção e reforço de trincheiras em locais mais
complicados, com incidência de grandes pedras, terreno muito macio ou com
lençóis de água.
Os sapadores
se tornaram uma possibilidade de ataque no impasse causado pela grande força
defensiva das trincheiras. Era deles a função de construir túneis que chegassem
próximos às trincheiras inimigas para, preenchendo galerias próximas a elas com
explosivos, destruir as trincheiras por baixo. Os sapadores acrescentaram mais
uma tensão aos vigias. Além da morte vida por cima através dos fogos de
artilharia, e pela frente em forma de gás venenoso, havia agora a possibilidade
de morte vinda por baixo através de túneis com explosivos. Por conta da ação
dos sapadores, os turnos de vigilância passaram a ser realizados
obrigatoriamente em silêncio, para ouvir qualquer som – como vozes ou
escavações – vindos abaixo dos pés ou próximos às trincheiras.
Na
possibilidade da construção de um túnel inimigo próximo às suas trincheiras,
cabia aos sapadores a construção de defesas com pedras, aço e concreto, além da
possibilidade de pequenos túneis de defesa com explosivos para causar
desmoronamento ou mortes na equipe inimiga. Aos oficiais sapadores cabia também
o cálculo e orientação de ataques da artilharia a determinados locais no
terreno, entre as trincheiras adversárias, visando causar o desmoronamento de
possíveis túneis inimigos.
A maior explosão de mina da guerra aconteceu na serra de Messines, ao sul da cidade francesa de Ypres. Sapadores britânicos, canadenses e australianos levaram seis meses para cavar 7 Km de túneis sob as trincheiras alemãs. 19 minas (pequenos túneis repletos de explosivos) haviam sido plantadas, com um total de quase 500 toneladas de explosivos.
Às 3:10 horas do dia 7 de junho de 1917, 17 das minas explodiram a um só tempo. “Parecia que a serra de Messines se erguera e se sacudia”, escreveu um capitão do real regimento de engenharia inglês. “Desde o começo o flanco da serra expeliu grande massa de escombros, lançada bem para o alto em forma de cogumelo. Pouco a pouco a massa foi se desintegrando, à medida que os gases liberados começavam a sair, em colunas de chamas. Então, ao longo da linha inimiga, surgiram rolos de fumaça com estranhas formas, expandindo-se como um monte de guarda-chuvas e cobrindo com um manto negro as crateras abertas no solo.”
Para os alemães que estavam na serra de Messines, o efeito foi de um cataclismo. Cerca de 10 mil morreram nas explosões ou soterrados, e mais 7 mil foram aprisionados. Para se ter ideia da intensidade das detonações, uma das explosões abriu uma cratera de 130 metros de diâmetro. Na manhã seguinte, o general-de-divisão inglês Charles Harrington entrou num abrigo próximo a esta cratera e encontrou “quatro oficiais alemães sentados em torno de uma mesa – todos mortos pelo choque. Talvez estivessem jogando bridge.”
Duas minas não explodiram. Uma detonou em 1955 durante uma tempestade – provavelmente atingida por um raio – e a outra permanece debaixo da terra até os dias de hoje, sem ter sido encontrada.
Texto:
Uma guerra para a paz: 1914-1918 (John Man), Reader’s Digest, Rio de Janeiro: 2003, p. 33.
Uma estação de salvamento nas minas em Flandres, com um sapador pronto para o trabalho
Havia três maneiras de se construir trincheiras: entrincheirando,
minando, e tunelamento.
• Entrincheirar era o
processo onde um homem estaria na superfície cavando para baixo. Era o método
mais rápido e fácil, permitindo a abertura de grandes áreas de trincheiras por
muitas pessoas simultaneamente, no
entanto deixava os escavadores expostos acima do solo e só podia ser realizado
quando livre de observação, durante a noite ou numa área distante do inimigo.
Não necessitava de qualificação técnica por parte dos executantes, bastando a
orientação de alguns oficiais.
• Minar era uma
atividade desenvolvida pelos soldados sem qualificação, com ajuda de sapadores
em regiões de terreno alagado ou rochoso. Envolvia cavar galerias em direção ao
inimigo, a partir da parede de uma trincheira já construída. Ao chegar a uma
determinada distância estas galerias direcionavam-se para os lados. Os
escavadores permaneciam protegidos dos tiros diretos durante a construção,
portanto os trabalhos podiam ser realizados durante o dia e à noite, mas eram
percebidos pelos vigias aéreos desde o início dos trabalhos, sendo vulneráveis
aos ataques aéreos e de artilharia. A construção desse tipo de trincheira era
mais demorada por conta da limitação do pessoal trabalhando por vez numa área
(geralmente duas pessoas cavando uma ao lado da outra) e pelo trabalho de
remoção da terra para a parte traseira das escavações.
• Tunelar era uma
atividade desenvolvida exclusivamente pelos sapadores, que consistia na
escavação de túneis subterrâneos pouco profundos, que subiam lentamente em direção
ao inimigo até um determinado ponto previamente calculado, onde se detinham e
começavam a se estender para os lados. Somente depois de atingida a extensão
desejada, retirava-se a terra da parte de cima até a superfície na área para as
novas trincheiras. Era, portanto, uma trincheira cavada de baixo para cima.
Geralmente a terra que constituía o teto era retirada no início da noite,
permitindo aproximadamente doze horas de intenso e silencioso trabalho para
consolidar a posição antes que observadores inimigos em balões ou aviões
avistassem a nova trincheira durante o início do dia e ataques de artilharia e
aviação inimigas fossem realizados no local para dificultar ou impedir a
consolidação do novo terreno.
Esta atividade era demorada devido à necessidade de reforçar o túnel de
acesso para evitar desmoronamentos ao longo de sua construção e pelo trabalho
de remoção da terra para a parte traseira das escavações, requerendo pessoal
especializado. Tal técnica era usada para conquistar terreno em regiões próximas
das trincheiras inimigas e dentro do alcance dos fogos de metralhadora.
O campo de
batalha de Flandres, na Bélgica,
apresentou inúmeros problemas para a prática da guerra de trincheira, especialmente para os britânicos e canadenses, que
muitas vezes eram obrigados a ocupar um terreno baixo. O bombardeio pesado rapidamente
destruiu a rede de valas e canais de água que tinha drenado anteriormente esta
área de baixa altitude. Na
maioria dos lugares, o lençol freático (água subterrânea proveniente de chuvas,
rios, lagos e derretimento da neve) estava apenas a um metro ou mais abaixo da
superfície, o que significa que qualquer trincheira cavada rapidamente
inundava.
Consequentemente, o piso de muitas trincheiras em
Flandres era constituído por diversas camadas de sacos com barro e por fim
terra, dispostos acima do solo, com as paredes instáveis maciçamente reforçadas
com sacos de areia escoradas por madeira ou trilhos. O lado de trás da
trincheira era pouco escavado para evitar grande acúmulo de água, expondo assim
a parte traseira da vala aos estilhaços da artilharia e ao fogo a partir da
linha de reserva, no caso da trincheira ser tomada pelo inimigo.
Soldados da 4ª Divisão canadense entrincheirados na lama de Passchendaele ( Bélgica )
( 14 de novembro de 1917 )
A guerra química nas trincheiras
Como ataques
diretos dificilmente conseguiam conquistar o terreno onde o inimigo estava
entrincheirado ou conseguiam a um grande custo de vidas, era necessário
desenvolver novas estratégias e armas para vencer o impasse criado pela guerra
estática e defensiva. Os ingleses realizaram experiências sigilosas com
tanques, enquanto os alemães se dedicaram no desenvolvimento do gás cloro (CI2).
O gás cloro
foi proposto como arma pelo cientista alemão Fritz Harber, Prêmio Nobel de
química de 1912, e usado pela primeira vez na tarde de 22 de abril de 1915,
pelos alemães, no início da Segunda Batalha de Ypres, atingindo 15 mil
combatentes, matando 5 mil e incapacitando temporariamente 7 mil. As primeiras
vítimas do gás, os argelinos que lutavam com os franceses e canadenses,
recuaram cambaleantes da linha de combate, tossindo e apontando para a
garganta. Os soldados ingleses e franceses da retaguarda foram surpreendidos
por uma neblina verde-claro que se transformava numa nuvem branca com nuances
azuladas à medida que se aproximava das tropas.
Com o uso do
gás, a Alemanha infringia a Convenção Internacional de 1889, que proibia o
emprego de substâncias tóxicas como armas militares.
O gás foi uma
arma muito útil para obrigar a saída dos soldados das trincheiras. O gás cloro
é asfixiante, provocando irritação e ressecamento nas vias respiratórias,
chegando a ser fatal se inalado por tempo prolongado, sendo necessária a
inalação de oxigênio líquido e até uma traqueotomia (corte na parte da frente
do pescoço e na traqueia para permitir a chegada de ar aos pulmões) para
normalizar a respiração – manobras impossíveis em grande escala nos campos de
batalha.
A máscara
contra gases passa a ser acessório obrigatório para os soldados desde então,
sendo adaptada também, em menor quantidade, para cavalos e cães. Ataques de gás
eram realizados preferencialmente em noites e manhãs com neblina, para
disfarçar a chegada da nuvem tóxica. Os vigias de ambos os lados passaram a
fazer seus turnos sempre equipados com máscaras e, se possível, próximos a
gaiolas onde ficavam presos pássaros, camundongos e ratos, por conta de ataques
com o gás Fosgênio, que era incolor e inodor, impossível de ser percebido até
que começasse a causar sufocação e queimadura nas mucosas. Diante de sinais de
intenso sofrimento e morte dos animais nas gaiolas, o vigia acionava o sinal de
ataque de gás e todos na área, inclusive as tropas de reserva em seus
alojamentos, colocavam suas máscaras até que fosse verificado se o ar estava ou
não contaminado.
Os
lança-chamas eram eficientes na defesa das trincheiras, formando paredes de
fogo para aqueles que conseguissem romper o arame farpado, mas foi também muito
eficiente nas invasões das trincheiras inimigas, matando rapidamente grande
quantidade de defensores e impedindo a aproximação dos reforços, mesmo nas
trincheiras cavadas em ângulo reto, pois o fogo resvalava na parede e
deslocava-se para os lados, impedindo um ataque direto inimigo por conta do
calor. As guarnições de lança-chamas só eram vencidas por ataques de granadas
de mão, geralmente lançadas acima das curvas da trincheira atacada ou a partir
da trincheira de apoio na retaguarda.
Nenhum
dos lados ganhou a guerra pelo uso de armas químicas, mas estas fizeram a vida
nas trincheiras ainda mais tensa e desagradável, tornando-se um dos mais
temidos e lembrados horrores da guerra.
Para saber mais sobre as
armas químicas durante a Primeira Guerra Mundial, acesse:
Infantaria australiana com máscaras para gás
( Ypres - 1917 )
Guarnição alemã de lança-chamas atacando uma trincheira
( 4 de abril de 1917 )
As armas nas trincheiras da Primeira
Guerra Mundial
O soldado de
infantaria típico era armado com rifle, baioneta e granada de mão.
Armas improvisadas
eram comuns nos combates iniciais nas trincheiras, como medievais maças de
metal e madeira, facas de caça, porretes de madeira, martelos e soqueiras de
punho. À medida que a guerra avançou, equipamentos específicos para o combate
corpo a corpo foram produzidos em grande escala e as armas improvisadas foram
descartadas.
Com o tempo e
a necessidade, adaptaram-se treinamentos e ferramentas específicas para o
combate nas trincheiras. Pequenos grupos especializados chamados “varredores de
trincheiras” invadiam as trincheiras inimigas para reunir informações e eram os
responsáveis por matar ou capturar os inimigos sobreviventes em trincheiras
recentemente invadidas.
Os militares
destes grupos eram isentos de participar de ataques frontais em grande escala e
de trabalhos rotineiros como encher sacos com areia, drenar as trincheiras e
reparação do arame farpado na Terra de Ninguém. Nas incursões às trincheiras
inimigas, usavam pistolas ao invés de fuzis e afiadas facas ou adagas em vez
das longas baionetas, uma vez que as últimas tendiam a ficar presas nos corpos
dos inimigos nos combates corpo a corpo, além do comprimento mais curto das
facas e adagas torná-las de manuseio mais fácil e eficiente nos estreitos
espaços das trincheiras.
A granada de mão passou a ser uma das principais armas da infantaria na
guerra de trincheira. Ambos os
lados foram rápidos para treinar grupos especializados de granadeiros. A granada de mão oferecia a vantagem
de atacar ou defender pequenas áreas ao invés de alvos individuais, permitindo
também que fosse lançada de dentro das trincheiras sem a necessidade de expor o
atirador ao fogo inimigo. Os
alemães e os turcos estavam equipados com granadas desde o início da guerra,
mas os britânicos, não prevendo guerras de cerco, haviam cessado de usar
granadeiros desde a década de 1870, e entraram no conflito praticamente sem
granadeiros, por isso seus soldados tiveram que improvisar bombas com as
pequenas latas usadas na distribuição da comida. No final de 1915, os
britânicos já produziam e distribuíam para suas tropas, em grandes quantidades,
uma granada de mão chamada “Bomba Mills” e,
até o final da guerra, 75 milhões destas granadas haviam sido utilizadas.
Dispositivos mecânicos foram inventados para lançar
granadas de mão em trincheiras inimigas. Os alemães usavam pequenas catapultas
de metal alimentadas por mola para atirar uma granada de mão até a cerca de 460
metros. Os franceses responderam com dispositivos parecidos que alcançavam 200
metros. A partir de 1916, as catapultas para lançamento de granadas de mão foram em grande parte substituídas por
granadas de fuzil e morteiros leves, que possuíam maior alcance e eram capazes
de arremessar petardos mais potentes.
Grupo alemão de granadeiros e um lançador de granada "Granatenwerfer"
( 1917 )
As doenças mataram mais do que os tiros
Como em muitas outras guerras, o maior assassino da 1ª Guerra Mundial foi a doença! As condições sanitárias nas trincheiras eram muito pobres e eram comuns infecções por disenteria (doença inflamatória do intestino que resulta em fortes dores abdominais, ulceração das mucosas e diarreia, sempre acompanhada de muco e sangue, ocasionada pela contaminação de mãos, alimentos e água com fezes ou resíduos fecais), tifo (doença epidêmica transmitida por parasitas comuns no corpo humano, como piolhos, que causa febre alta, vômitos e diarreia) e cólera (transmitida através de água e alimentos contaminados, causando diarreia, náuseas e vômitos). Muitos militares sofriam com parasitas e infecções relacionadas. A falta de higiene também levou a fungos, tais como a “boca de trincheira” (inflamação necrosante na gengiva causada por baixa no sistema imunológico devido a precárias condições de higiene ou estresse prolongado) e “pé de trincheira” (exposição prolongada dos pés fechados dentro de um calçado à umidade ou ao frio intenso, causando a diminuição da circulação sanguínea, dormência, inchaço e feridas por morte celular, culminando numa necrose que torna necessária a amputação).
Outro assassino comum foi o congelamento, uma vez que a temperatura dentro de uma trincheira no inverno poderia facilmente cair abaixo de zero e a situação era agravada pela umidade da neve, das chuvas e alagamentos.
Os serviços médicos eram primitivos e os antibióticos ainda não haviam sido descobertos. Ferimentos relativamente pequenos podiam ser fatais através de infecções e gangrena. Entre os alemães, registrou-se que 15% das feridas das pernas e 25% das feridas nos braços resultaram em morte, principalmente por meio de infecção. Entre os norte-americanos registrou-se que morreram 44% das vítimas que desenvolveram gangrena, 50% dos feridos na cabeça, 99% dos feridos no abdômen e 75% dos ferimentos por estilhaço de artilharia. Um ferimento resultante de um fragmento de artilharia era mais traumático do que uma ferida de bala, pois geralmente introduzia detritos no corpo, tornando mais provável que a ferida infeccionasse. Um soldado tinha três vezes mais chance de morrer por um ferimento de estilhaço do que de um ferimento a bala. As explosões de artilharia também matavam por concussão (danos microscópicos ao cérebro causados pelo deslocamento de ar ou trauma causado pelo lançamento do corpo contra um obstáculo).
Em adição aos efeitos físicos do fogo de artilharia, houve o dano psicológico. Os homens que tiveram de suportar prolongados bombardeios e contínuos ataques muitas vezes sofreram debilitante choque traumático. Alguns militares julgados, condenados e fuzilados por covardia ou deserção estavam sob efeito de trauma de guerra, uma condição pouco conhecida na época e que só foi mais estudada e compreendida ao fim da guerra, diante do crescente número de homens com variadas sequelas emocionais após o conflito.
Soldado francês com pé de trincheira, aguardando amputação do pé
( Pé esquerdo em adiantando estado de necrose, destruindo todos os dedos,
e pé direito com inchaço e feridas por morte celular causando o progressivo descolamento da pele )
e pé direito com inchaço e feridas por morte celular causando o progressivo descolamento da pele )
Inspeção sanitária em tropa inglesa verificando a existência de pés de trincheira
Outros grandes fatores de desconforto e doenças eram os piolhos e ratos. Por trás das linhas de combate, os encarregados da limpeza se esforçavam – com tinas a vapor e banhos de água quente – para retirar os piolhos das roupas e dos homens, sem êxito duradouro. Os ratos se alimentavam dos corpos de homens e cavalos mortos, depois invadiam as trincheiras, consumindo qualquer coisa que encontrassem, contaminando alimentos e água, atacando feridos e animais domésticos (geralmente pássaros e camundongos) usados para detecção de gás. Em alguns lugares os ratos chegaram a matar os gatos trazidos às trincheiras para caçá-los!
Alemães caçando ratos em suas trincheiras
Comunicações
Uma grande dificuldade enfrentada pelas forças de ataque nas batalhas de trincheiras era dispor de comunicações confiáveis e rápidas. As comunicações estavam ainda em seu início, de modo que os atacantes levavam consigo fios para telefone ou telégrafo, além de utilizar sinalização por lâmpadas coloridas, foguetes, pombos-correio e cães ou homens mensageiros. Mensagens frequentemente não conseguiam ser transmitidas ou eram transmitidas com demora, fora do tempo útil para bons resultados.
Consequentemente, o resultado de muitas batalhas nas trincheiras foi decidido pelos comandantes de pelotão e companhia em meio à luta. Generais e comandantes de batalhão, que ficavam à retaguarda, pouco influenciavam na batalha pela falta de informações e incapacidade de transmitir ordens para as tropas durante os ataques. Oportunidades foram perdidas porque reforços não foram enviados no momento ou lugar necessários e o apoio da artilharia não foi usado na ocasião que a situação exigia.
Cão mensageiro alemão
As estratégias na guerra de trincheiras
A estratégia fundamental da guerra de trincheiras era
defender fortemente a própria posição e tentar conquistar terreno inimigo, numa
guerra de atrito contínuo, gastando aos poucos as reservas humanas e materiais
do adversário. Isso não impediu
que comandantes ambiciosos adotassem estratégias de aniquilação em ataques
frontais de grande escala, que se mostraram quase sempre ineficazes para
conquistar terreno ou incapazes de mantê-los, ao custo de enormes quantidades
de vidas.
O ataque de grandes grupos de soldados saindo da proteção de
suas trincheiras e correndo para as trincheiras inimigas com as baionetas
armadas para luta corpo a corpo foi o método padrão de combate no início da
guerra, com poucos exemplos de sucesso. A
tática mais comum era atacar através da Terra de Ninguém ao fim da noite,
partindo de um posto avançado, tendo cortado o próprio arame farpado de antemão
para permitir rotas de ataque. Este arame farpado defensivo era reconstruído na
noite seguinte ao ataque.
Em 1917, os alemães inovaram com táticas de infiltração, onde pequenos grupos de soldados bem
treinados e equipados contornavam os pontos fortes e atacavam os pontos
vulneráveis das trincheiras, passando por esta pequena área sem tentar
conquistar toda a trincheira e dirigindo-se profundamente nas áreas de
retaguarda. Estes ataques normalmente eram executados à noite e a distância do
avanço era limitada pela capacidade de comunicação e abastecimento. Esse tipo
de ação causou transtorno e preocupação aos aliados que, não sabendo a quantidade
de inimigos infiltrados em seu terreno, tiravam do descanso grandes
contingentes das forças de reserva para executar buscas nas áreas atrás das
trincheiras.
Foi duplo o papel da artilharia durante a guerra de
trincheiras. O primeiro objetivo
de um bombardeio era preparar o terreno para um ataque de infantaria, matando
ou desmoralizando a guarnição inimiga e destruindo suas defesas e comunicações. A duração desses bombardeios iniciais
variaram de alguns segundos a dias (chegou a durar 7 dias, de 25 de junho a 1º
de julho de 1916, durante a batalha de Somme). O problema com bombardeios de
artilharia antes de ataques de infantaria era que eles eram muitas vezes
ineficazes em destruir as defesas adversárias e forneciam ao inimigo o aviso
que um ataque era iminente, o que permitia mobilizar as tropas de reserva e
deixá-las em prontidão para contra-ataques.
O segundo objetivo da artilharia era proteger a
infantaria de ataques, fornecendo uma “barragem” em locais calculados anteriormente
quando da passagem nestes pela tropa inimiga durante seu ataque ou uma “cortina
de fogos” para prevenir um contra-ataque inimigo. Com o tempo, as barragens estáticas de fogo evoluíram
para "barragem de elevação" ou “barragem de rolamento”, onde se
bombardeava intensamente primeiramente o local que era o objetivo do ataque e
depois os tiros, sem interrupção, eram regulados para distâncias gradualmente
maiores, para permitir o ataque da infantaria no objetivo, enquanto as
explosões depois deste local dificultavam a vinda de reforços para a defesa.
Linha inglesa de arame farpado sendo bombardeada
Os comandantes bombardeavam com artilharia as linhas de arame farpado antes dos ataques da infantaria para limpar o caminho, mas nem sempre isso era eficiente, deixando trechos intactos que retardavam o avanço ou afunilavam o ataque para determinados trechos que passavam a ser defendidos com metralhadoras e granadas de mão. Os soldados retidos nas redes de arame farpado eram atacados também pelo fogo dos lança-chamas vindos das trincheiras.
A força de ataque tinha de avançar não só com as armas
necessárias para capturar a trincheira, mas também com as ferramentas (sacos de
areia, picaretas, pás e arame farpado) para fortalecer e defender as paredes
traseiras da trincheira recém-conquistada de um contra-ataque. Um avanço bem sucedido levaria os
atacantes além do alcance de sua própria artilharia, deixando-os vulneráveis
até que parte de seus canhões pudessem ser puxados e fixados mais à frente.
Os alemães davam grande ênfase ao imediato contra-ataque para
recuperar rapidamente o terreno perdido. Esta
estratégia lhes custou caro a partir de 1917, quando os britânicos começaram a
limitar seus ataques a curtos avanços, posicionando parte de sua artilharia
logo atrás da linha de partida das tropas, não tomando parte no bombardeio
inicial, de modo a ter alcance para apoiar imediatamente sua infantaria quando
esta conquistasse o objetivo planejado. As baixas alemãs aumentaram
consideravelmente quando as tropas vindas da retaguarda, na ânsia de retomar o
terreno perdido, passavam pelos fogos dessa artilharia britânica adiantada.
Os alemães estudaram a Guerra Russo-Japonesa (1904-1905) e
desenvolveram a ciência de projetar e construir trincheiras fortificadas. Eles usaram concreto armado para a
construção, a prova de artilharia de profundidade, abrigos ventilados, bem como
vários pequenos pontos estrategicamente fortificados espalhados ao longo das
trincheiras, ao invés de poucas e grandes fortalezas. Eles estavam mais dispostos do que os
seus adversários em fazer uma retirada estratégica para uma posição defensiva
melhor preparada à retaguarda e dali iniciar um contra-ataque. Eles também foram os primeiros a
aplicar o conceito de "defesa em profundidade", em que a zona da
linha de frente estava a centenas de metros de profundidade e continha uma
série de redutos independentes que se apoiavam através de fogo cruzado de metralhadora
e granadas de mão, em vez de uma vala de trincheira contínua, repleta de
soldados.
Ao longo da guerra, os
britânicos acabaram por adotar uma estratégia semelhante, mas foi implementada
de forma incompleta, com guarnições menores e com menor poder de fogo em cada
reduto, que se mostraram ineficazes quando os alemães lançaram uma grande
ofensiva na primavera de 1918. A França, por outro lado, contava com artilharia
e reservas não entrincheiradas.
As redes de arame farpado variavam de profundidade, chegando a áreas com 5 metros de
profundidade. O fio alemão era de
calibre mais pesado e os cortadores de fio britânicos, distribuídos aos
soldados no início da guerra, eram projetados para fios mais finos, não sendo
capazes de cortar o arame farpado e causando a morte dos militares que ficavam
retidos no local sob fogo de metralhadora e fuzil. Cortadores maiores foram
distribuídos aos aliados a partir do segundo ano da guerra.
Tropa francesa rompendo defesa de arame farpado
( Batalha de Verdun - 1916 )
O fim da guerra de trincheiras
Apesar de algumas iniciativas de grandes ataques por ambos os lados, a
imobilidade no front ocidental durou até o último ano da guerra e foi quebrada
por um grande e desesperado ataque por parte dos alemães, que teve como
resposta uma série de ataques de menores proporções por parte dos aliados.
Após a revolução comunista no Império Russo em 1917, este teve sua monarquia deposta e iniciou-se uma guerra civil entre os que desejavam a imposição de um governo comunista e os que desejavam manter o regime monarquista. Os comunistas, vitoriosos, assinaram em 3 março de 1918 um tratado de paz (Tratado de Brest-Litovski ) com as Potência Centrais (Império Alemão, Império Austro-Húngaro, Império Otomano e Reino da Romênia). Esta trégua interessava a todas as desgastadas nações envolvidas e permitiu aos alemães deslocarem rapidamente grande quantidade de suas tropas do front oriental para um último grande ataque no ocidente, antes que a crescente quantidade de tropas e material bélico chegando à Europa, oriundos dos Estados Unidos (que entrou na guerra ao lado dos aliados em 7 de dezembro de 1917), tornassem impossível uma vitória alemã.
Em 21 de março de 1918 os alemães iniciaram um ataque em grande escala,
conhecido como Ofensiva da Primavera, contando com 50 divisões (aproximadamente
688 mil homens) enfrentando aproximadamente 851 mil aliados. Os alemães não
conseguiram conquistar seus principais objetivos estratégicos e também se
mostraram incapazes de reforçar as operações com mantimentos e tropas de forma
rápida e eficiente, não conseguindo manter a vantagem das vitórias iniciais. No
final de abril de 1918, uma decisiva vitória alemã não era mais possível. O
Exército Alemão tinha sofrido pesadas baixas e ocupava agora terreno de pouco
valor estratégico que se mostrou impossível de manter com os poucos recursos
humanos então disponíveis.
Em 8 de agosto de 1918, os aliados iniciaram uma contra-ofensiva
utilizando tanques em grande escala apoiados pela força aérea e novas técnicas
de artilharia com canhões ingleses montados sobre chassis de tanques que permitiam maior mobilidade e rapidez para acompanhar e apoiar a infantaria. A Ofensiva dos Cem Dias resultou numa série de batalhas vencidas pelos aliados, com a retirada ou expulsão dos alemães de todos os terrenos ganhos na Ofensiva da
Primavera, na queda do sistema alemão de defesa da
Linha Hindenburg e na rendição do
Império Alemão em 11 de novembro
de 1918, colocando um fim à Primeira Guerra Mundial.
O francês Georges Paul Leroux (1877-1957) lutou como soldado na Primeira Guerra Mundial, no norte da França e na Bélgica. O pintor afirmou que a inspiração para esta tela ocorreu quando, retornando de uma missão de reconhecimento durante a Batalha de Verdun (1916), viu um grupo de soldados franceses se protegendo de um ataque de artilharia dentro de uma cratera cheia de água. Mais tarde, durante a noite, desenhou os esboços e ao longo de 1917 e 1918 terminou a obra, na qual usou as cores que representam, em sua opinião, a realidade da guerra.
A introdução de centenas de tanques ingleses e franceses ao longo da frente de batalha foi uma inovação fundamental que os aliados desenvolveram durante quase 2 anos, a fim de vencer o impasse da guerra de trincheiras na frente ocidental, e para a qual os alemães não se prepararam devidamente, produzindo apenas 21 tanques durante a guerra, por não acreditarem em sua importância tática.
Óleo sobre tela "Inferno" ( Georges Leroux )
Tela: 114,3 x 161,3 centímetros - Acervo do Museu Imperial da Guerra, em Londres (Inglaterra)
O francês Georges Paul Leroux (1877-1957) lutou como soldado na Primeira Guerra Mundial, no norte da França e na Bélgica. O pintor afirmou que a inspiração para esta tela ocorreu quando, retornando de uma missão de reconhecimento durante a Batalha de Verdun (1916), viu um grupo de soldados franceses se protegendo de um ataque de artilharia dentro de uma cratera cheia de água. Mais tarde, durante a noite, desenhou os esboços e ao longo de 1917 e 1918 terminou a obra, na qual usou as cores que representam, em sua opinião, a realidade da guerra.
Os tanques de guerra foram criados pelos ingleses para oferecer proteção
e poder de fogo móvel para avançar sobre as trincheiras inimigas e, apesar dos iniciais
problemas mecânicos e táticos, causaram impacto sobre o moral das tropas alemãs
e mostraram-se a arma decisiva para colocar um fim à guerra de trincheiras.
Os tiros de metralhadora e fuzil eram inúteis contra a blindagem dos
tanques e não existiam armas anti-tanque durante os primeiros ataques dos blindados. Cercas de arame farpado e trincheiras
não conseguiam deter os veículos e uma vez conquistado o terreno, os tanques não
eram facilmente desalojados através de um contra-ataque de infantaria. Os primeiros
tanques eram consideravelmente lentos, chegando a no máximo 6 Km/h, além de
serem bastantes difíceis de manobrar. Dos 49 tanques de guerra da primeira
geração que foram usados na Batalha do Somme, em 1916, poucos retornaram a seus
postos de origem. Grande parte deles foi abandonada no caminho em função de
panes no motor ou na esteira de rodagem ou acabou atolada em algum buraco ou
lamaçal profundo. Nove destes tanques foram destruídos pelos alemães.
Depois de vencer o susto inicial, os alemães passaram a atacar os
tanques com granadas de mão e, ignorando o fogo das metralhadoras dos veículos,
alguns conseguiram subir nos tanques e tentaram matar sua tripulação, procurando
escotilhas ou fendas e atirando com revólveres e pistolas nas frestas. Apesar
da bravura, os ataques aos tanques conseguiram poucos resultados.
Nos primeiros combates, os tanques foram usados em pequenas quantidades
e avançavam sozinhos, tornando-se vulneráveis quando aconteciam falhas mecânicas
ou ficavam atolados, além de serem mais fáceis de serem atacados porque não
contavam com proteção aérea ou das tropas em terra. Na medida em que os
problemas mecânicos foram solucionados e táticas de proteção mútua foram
desenvolvidas pelos aliados, os tanques mostraram-se decisivos para superar o poder
defensivo das trincheiras.
A Batalha de
Amiens, iniciada em 8 de agosto de 1918, foi a primeira batalha da história a
usar grande quantidade de veículos blindados quando os aliados, atacando com 462 tanques
pesados e 72 leves, venceram as defesas alemãs e alcançaram uma sucessão de vitórias
das tropas britânicas, francesas e americanas, quase todas lideradas por
tanques. Essas vitórias foram decisivas para terminar rapidamente com a guerra.
Tanque francês Renault FT ultrapassando uma trincheira
Solidariedade em meio à brutalidade
Alemães retirando francês da lama na Terra de Ninguém
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Para mais
informações sobre a Primeira Guerra Mundial, acesse:
X X X
Infográfico
Infográfico - Como foi a luta de trincheiras na Primeira Guerra Mundial
( Clique na imagem para ampliá-la )
( Clique na imagem para ampliá-la )
Imagem: http://mautexjrhistory.blogspot.com.br/2013/03/a-guerra-de-trincheiras-mundo-estranho.html
Revista Mundo Estranho - Edição nº 71 ( Janeiro de 2008 )
http://mundoestranho.abril.com.br/materia/como-foi-a-luta-de-trincheiras-na-primeira-guerra-mundial
Revista Mundo Estranho - Edição nº 71 ( Janeiro de 2008 )
http://mundoestranho.abril.com.br/materia/como-foi-a-luta-de-trincheiras-na-primeira-guerra-mundial
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A Primeira Guerra Mundial em Quadrinhos: Era a Guerra das Trincheiras
Reparando nos
panfletos de guerra do século XX, tudo parece grande, triunfante e necessário.
O cinema e os quadrinhos foram os principais expoentes dessa estética nas artes
e em ambos a guerra é um gênero que se identifica pelo sacrifício e heroísmo. É
também pela arte que podemos encontrar outras visões opostas. É o caso de Era a
Guerra de Trincheiras, do francês Jacques Tardi.
Originalmente
publicada na França em 1993, Tardi se concentra na Primeira Guerra Mundial,
principalmente na vida entrincheirada, aquela que se tornou talvez a imagem
mais forte desse conflito, onde as conquistas se davam a custa de milhares de
vida em troca de alguns poucos metros de chão inútil, destruído por bombas e
cheio de destroços, arame farpado, minas e cadáveres.
Tardi mostra
em seus desenhos e estórias uma guerra que não é grandiosa. É pequena, crua e
tediosa e um tanto despropositada, mostrando como os homens que bradavam pela
guerra como uma confraria de destemidos, perdem a capacidade de atribuir
sentido à ação. Começam querendo dar uma lição, ansiando vencer, depois apenas
matam, para então se esforçarem somente para sobreviver e por fim desejam que
tudo acabe logo, seja pela trégua ou vitória de qualquer lado, dispensa ou pela
própria morte. Nada importa mais do que sair daquela situação desgastante e sem
solução!
Por isso a
trincheira é uma imagem poderosa. Ela é uma cova para homens vivos tentando
escapar de uma morte eminente, uma vala de lixo que mistura numa existência
degradante lama, ratos, cadáveres e pessoas tentando manter a sanidade e
dignidade da condição humana, mostrando a capacidade que a humanidade tem para
destruir o que constrói.
A revista foi
lançada no Brasil em 2011 pela Editora Nemo, em edição de capa dura com textos
do autor e referências de pesquisa sobre a guerra.
Para produzir essa obra, Tardi procurou a ajuda de um historiador para
consultoria, para o qual telefonava constantemente para tirar dúvidas e ao qual
agradece no início, baseou-se nas memórias do avô (que lutou na guerra) e
influências de outras obras que tratam do tema, como o romance Nada de novo no front (Erich Remarque) e o filme Glória feita de sangue.
Texto adaptado de:
Quadrinhos na sarjeta
Era o homem de trincheiras
História em quadrinhos Era a Guerra de Trincheiras
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Jogo on-line da Primeira Guerra Mundial
Warfare 1917
Mostre sua estratégia nas trincheiras da Primeira Guerra Mundial.
Neste jogo, desenvolvido pela equipe da Armor Games, você deve ganhar terreno, conquistando trincheiras e conduzindo suas tropas até abater o moral dos adversários na medida em que vence sucessivas batalhas.
Há campos minados, ataques de artilharia e com gás letal para ajudar tanto nos ataques quanto nas defesas. Por este ser um jogo de estratégia, é possível e necessário pesquisar e aprimorar novas armas e táticas ao longo das batalhas, para tornar seu exército mais forte e eficiente.
Não é necessário instalar o jogo em seu computador! Basta acessar o link e aguardar o jogo carregar.
Há campos minados, ataques de artilharia e com gás letal para ajudar tanto nos ataques quanto nas defesas. Por este ser um jogo de estratégia, é possível e necessário pesquisar e aprimorar novas armas e táticas ao longo das batalhas, para tornar seu exército mais forte e eficiente.
Não é necessário instalar o jogo em seu computador! Basta acessar o link e aguardar o jogo carregar.
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Vídeos da Primeira Guerra Mundial
Para acessar uma lista de vídeos sobre a Primeira Guerra Mundial, com documentários, fotos e um resumo do conflito, acesse o link:
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Imagens da Primeira Guerra Mundial
Para ver e baixar mapas, fotos, ilustrações e cartazes que mostram os diversos aspectos da Primeira Guerra Mundial, acesse meu álbum no Picasa através do link abaixo:
https://picasaweb.google.com/104271339236641650312/PrimeiraGuerraMundial
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Fontes de consulta:
Wikipédia
Guerra de trincheiras
( Em inglês ) Usar o tradutor.
War Horse and World War
Guerra de Trincheiras (1914-1918)
( Em inglês ) Usar o tradutor.
Brasil Escola
A vida nas
trincheiras
1ª Guerra
Mundial – História e curiosidades
Guerra de
trincheiras: o inferno
Wikipédia
Frente
Ocidental
Wikipédia
Batalha de
Verdun (1916)
Wikipédia
Batalha do
Somme (1916)
Wikipédia
Batalha de
Cambrai (1917)
Wikipédia
Batalha de
Amiens (1918)
Wikipédia
Ofensiva da
Primavera (1918)
Wikipédia
Ofensiva dos
Cem Dias (1918)
Wikipédia
Linha
Hindenburg
Veja na
História
A Batalha do
Somme
Série de artigos sobre a guerra, escritos como revista de época.
Veja na
História
Inimigos
comuns
Série de artigos sobre a guerra, escritos como revista de época.
Wikipédia
Pé de Trincheira
( Em inglês ) Usar o tradutor.
Lexington Podiatry
Pé de trincheira: a Primeira Guerra Mundial e hoje
( Em inglês ) Usar o tradutor.
The Tunnellers Memorial
The Tunnellers Memorial
Companhias de Túneis na Grande Guerra
( Em inglês ) Usar o tradutor.
World War
Photos
Fotos da
Primeira Guerra Mundial (Trincheiras no campo de batalha)
( Em inglês ) Usar o tradutor.
Que estudo interessante, Sylvio! E cheio de fontes de referência, o que é super importante para quem pretende investigar ainda mais o assunto. Mas não pude deixar de pensar, ao ler sobre o "mundo fétido" das trincheiras (e confesso aqui, mesmo correndo o risco de parecer superficial), no glamour que hoje representam os famosos "trench coat", casacos que constituem verdadeiros sonhos de consumo das mulheres, mas que recebem seu nome da triste realidade das trincheiras :/
ResponderExcluirAdorei seu último comentário no minasdemim. Seu sistema com os livros é muito funcional. Eu deveria tê-lo utilizado ao longo da vida e talvez hoje tivesse menos livros para organizar. Mas minha fome de livros era tanta que eu queria cada vez mais. Hoje é que me tornei mais criteriosa e quando não gosto do livro, nem pretendo relê-lo, encaminho-o para doação. Mas isso de assinar o nome a lápis é certamente muito funcional, além de descomplicado.
Também estou com planos de não comprar mais livros até ler e reler todos os que tenho. Isso de olhar com novos olhos (fornecidos pela idade) textos que amamos em outras circunstâncias é muito interessante e enriquecedor. Mas não sei não se conseguirei viver um tempo sem comprar livros... a atração que exercem sobre mim é difícil demais de resistir... rs
Abraço,
Jussara - minasdemim
Obrigado, Jussara.
ExcluirUm abraço.
Material didático muito interessante Sylvio ... Parabéns pela organização !!!
ResponderExcluirDênio Caldas - daquidepitangui
Grato pelo elogio, Dênio.
ExcluirMUITO INTERESSANTE!
ResponderExcluirMuito boa a síntese das informações, a consistência dos fatos e a organização é interessante. Muito bom!!!
ResponderExcluirObrigado, William.
ExcluirA pesquisa deu trabalho e consumiu bastante tempo, mas o resultado compensou.
Sylvio, parabéns pela postagem. Gostei muito.
ResponderExcluirObrigado, Roberto.
ExcluirOMG! Gente que estudo perfeito! Tô sem ar aqui, esse sem dúvidas foi o melhor estudo que já li sobre a guerra, Muito bom mesmo! Parabéns!
ResponderExcluirObrigado pelo elogio!
ExcluirMinha intenção foi mostrar as informações dos fatos e a visão emocional de quem participou dos combates.
O material ficou muito grande – portanto cansativo para leitura – mas permite uma boa percepção global do que aconteceu.
INCRÍVEL! Ótimo conteúdo,ainda não terminei,mas ao que tudo indica,o responsável pelo post está de parabéns.Obrigado por compartilhar esse material,me ajudou bastante em meu seminário.
ResponderExcluirFico satisfeito em saber que o material daqui foi útil!
ExcluirA Grande Guerra foi um período ao mesmo tempo terrível e fascinante, onde antigos conceitos foram duramente testados, e muitas vezes abandonados, dando lugar à praticidade em detrimento da dignidade.
Tem muitos aspectos físicos, emocionais e sociais que tiveram neste conflito um ponto de mudança, tanto para pior quanto para melhor.
Parabéns por este excelente trabalho, entre muitos outros de relevo.
ResponderExcluirGrato pelo elogio, Ramiro.
ExcluirEspero que ache aqui no blog outras publicações que você ache interessante.
Parabéns pela recolha da informação. Isto é serviço público.
ResponderExcluirObrigado, Jorge.
ExcluirMinha intenção é ser útil!