Significado de "militância":
1. atitude das pessoas que trabalham ativamente por uma causa ou uma organização.
2. defesa de algo, atividade militante.
Militância não é ignorância e intolerância !
Ultimamente tenho publicado diversas postagens sobre política! Não gosto do tema, fato este ainda mais estimulado pelo baixo nível da maioria dos ocupantes dos cargos e, consequentemente, do nível de ineficiência e canalhice que se estabeleceu como padrão. Mas ficou claro para mim que eu posso querer me afastar da política, mas a política não se afasta de mim (através de conjuntura do mercado de trabalho, oportunidades educacionais, dinâmica da segurança pública, possibilidade de tratamento de saúde, etc.).
Com a recente polarização das opiniões da população brasileira, ficou quase incontornável um posicionamento sobre a tendência política, que se mostra atualmente numa empobrecida dicotomia entre socialismo e capitalismo, como se não houvesse viáveis e saudáveis meios termos entre essas formas de governo, como bem demonstram os países do norte e centro da Europa.
Vivendo uma passionalidade, com superficial nível de informações e reflexões, os brasileiros estão se considerando mais politizados, no entanto o que eu tenho percebido é um pré-conceito que tende à cegueira e surdez em relação ao que desagrada a vaidade ou necessidade, alimentando um radicalismo prejudicial a projetos de governo.
Estou cansado dos esquerdistas, seus intelectuais de butique (incapazes de gastar seu tempo como voluntários trabalhando gratuitamente em ONGs que desenvolvam programas de ajuda aos desfavorecidos) e seus revolucionários de buteco (que gastam seu dinheiro em cerveja, maconha, modernos celulares, etc., sendo dissimulados e egoístas ao não usar o que possuem para ações concretas que diminuam as desigualdades sociais). Me aborrece os falsos mártires que se acham os mocinhos da história, defensores dos fracos e oprimidos, mas não investem seu tempo e energia em ações práticas, esperando que a reforma capitalista comece pelo bolso e propriedades dos outros, enquanto gastam o próprio dinheiro com hábitos de pequeno burguês, típicos do modo de vida capitalista que criticam.
Estou cansado dos direitistas, que se consideram superiores em moral e inteligência, mas agem de forma egoísta, omissa e desonesta, sendo incapazes de distribuir de forma generosa e produtiva as riquezas que criam. Me entedia os falsos profetas salvadores da pátria e dos "bons costumes" (quais seriam estes afastando-se do próprio narcisismo?), que desrespeitam as formas que não se encaixem dentro de suas fôrmas (na ortografia antiga para evitar confusão) e não diferenciam autoridade de autoritarismo, subordinação de submissão, criando modelos e rotinas de limitação para uma liberdade com reduzida criatividade.
Não me interessa se como sociedade devemos ir para direita ou para esquerda, o que me (pre)ocupa é se estamos indo para frente ou para trás!
Depois de tudo o que já foi dito e feito ao longo da história da humanidade, analisados os princípios, os meios e os fins ao longo da História, não faz sentido competição entre esquerda e direita! A única disputa que realmente existe é dos ricos com os pobres, dos que possuem mais do que precisam com os que precisam mais do que possuem. O resto é masturbação intelectual de idealização social, em busca de satisfação da vaidade e gozo particular! Fútil e inútil...
Em minha opinião, assim como os fanáticos religiosos e dependentes químicos, os militantes políticos são viciados nos prazeres de viver num mundo que lhes é tão agradável quanto imaginário. Para vivenciar a sensação de ser parte de um enredo – que de tão edificante é tido como historicamente relevante ou sagrado – ignoram a lógica e lançam-se quixotescamente contra os adversários. São maníacos por essência – consequentemente cegos e surdos por opção – e como tal tornam-se manipuláveis e manipuladores, sendo capazes de ideias e atos que contrariam a lógica e o bom senso.
Há militantes políticos tão desgastantes e perigosos quanto os fanáticos religiosos: ambos têm disposição para destruir a si mesmo e aos que os cercam em prol das crenças que (os) possuem, baseadas em vaidade ou necessidade pessoal que é institucionalizada coletivamente num partido ou culto. Não é por acaso que política e religião, que deveriam tratar de esferas sem contato entre si (o material e o espiritual), se fundem e confundem como pilares de guerras, crimes, corrupções e outras ações deploráveis.
A paixão política que resulta em fanatismo partidário é uma demonstração de imaturidade emocional e/ou intelectual, uma inaptidão em aceitar a responsabilidade por seus atos (levando a idealizar algo maior do que si e que justificaria suas ações) e/ou incapacidade em lidar com diferenças, levando à doutrinação ou destruição de tudo o que não pareça consigo.
Militância política deveria se basear em racional percepção e reflexão, em constante busca de novas soluções produtivas, incongruências e desvios entre o que se propaga e o que se pratica. Militância política não deve ser paixão, pois paixões são cegas, percebendo o que idealizamos e ignorando aquilo que se afasta do que nos encanta, mesmo que para outros seja óbvio e prejudicial.
Para mim, militantes de esquerda e direita são como alcoólatras disputando se é a cachaça ou o uísque a melhor bebida, discutindo para mostrar qual delas prejudica mais a saúde. São variações sobre o mesmo, que na prática conduzem a um fim parecido. Povo (esquerda) e pátria (direita) são os altares onde desnecessariamente sacrificam vidas e paixões, tempo e energia de muitos revolucionários e militares, enredados nas tramas políticas.
Antigos jargões continuam sendo repetidos pela alienação e conveniência! O povo unido é constantemente vencido pela manipulação de informações e suborno de necessidades! Mais útil e difícil do que que morrer pela pátria é viver por ela!
As ditaduras de direita e de esquerda são diferentes nas aparências, mas muito parecidas na essência: ambas se baseiam na militarização alegando a necessidade da defesa de seus elevados ideais aos ataques dos prováveis inimigos de tal ideologia, amparando-se na intimidação, prisão, tortura, assassinato ou expulsão dos opositores; na espionagem interna e externa, incentivando jogos de manipulações e sacrifícios.
Esquerdistas e direitistas investem em doutrinação para o medo e intolerância em relação às ideologias diferentes, incentivando o isolacionismo (principalmente os esquerdistas, diante da visível carência de recursos materiais que a filosofia socialista tende a criar com o passar do tempo).
Ambos também se parecem ao reservar para si – e para os seus – privilégios e confortos que não estendem à população em geral, permitindo-se também a isenção de obrigações que impõem aos habitantes dos territórios que dominam. Em suma: são hipócritas e convenientes!
Uma diferença notória é que as ditaduras de direita têm a tendência em expulsar de seus domínios os que pensam diferente, enquanto as ditaduras de esquerda têm a tendência em aprisionar em seus domínios os que pensam igual. Outra diferença é que a direita tende a criar muita riqueza e concentrá-la sob domínio de poucos, nivelando a população numa pobreza iludida (com a possibilidade de melhora), enquanto a esquerda tende a criar pouca riqueza e concentrá-la sob domínio de poucos, nivelando a população numa pobreza alienada (por não conhecer outras realidades e considerar-se na média de conforto da população em geral).
Na incapacidade ou impossibilidade de viver equilibradamente ao centro, os extremos (direita e esquerda) acabam por se aproximar em diversos aspectos. Tanto a ideologia de direita quanto a de esquerda prometem melhoras e escondem falhas!
Não havendo experiências que tenham se mostrado plenamente satisfatórias em países comunistas ou capitalistas, o mais sensato é fazer uma fusão produtiva de conceitos e práticas numa sociedade com menos exploração para produção e que distribua melhor entre os produtores o que for gerado, sem utópicas igualdades, com o foco numa progressiva equidade, com vontades coletivas acima das necessidades individuais, com a liberdade assegurada dentro dos limites da responsabilidade.
Política tem que ser ação realista, baseada em fatos, em busca de resultados de curto, médio e longo prazo, focada no debate construtivo e gestão eficiente! Promessas não cumpridas e trocas de favores são características de politicagem, não de política! Militância política tende a um comportamento alienado, intolerante, doutrinador e messiânico, de quem se considera numa cruzada em busca de um modelo ideal de existência. Para tanto, os militantes tentam conseguir mais adeptos para sua causa, usando de meios lícitos e ilícitos (pois se no amor e na guerra vale tudo, o militante se lança apaixonadamente numa batalha para salvar os outros de si mesmos).
De boas intenções o inferno está cheio! O que conduz ao paraíso são bons resultados!