Corte Real ( Corte Carnavalesca )
Corte Real é o nome dado ao cortejo do carnaval, composto pelo Rei Momo, Rainha do Carnaval e Princesas do Carnaval. A escolha das pessoas se faz através de diferentes formas, geralmente sendo organizados concursos por ligas de carnaval e instituições públicas.
O Rei Momo (também conhecido como Rei Momozudo) é considerado o dono do Carnaval, quem comanda a folia. Deve possuir uma atitude brincalhona e simpática, e preferencialmente ser gordo, pela associação a uma vida boêmia e relaxada. Vindo da mitologia grega, Momo é filho do sono e da noite, sendo expulso do Olimpo porque tinha como diversão ridicularizar as outras divindades.
Um trio de belas mulheres compõem o cortejo real, sendo que a Rainha do Carnaval sempre acompanha o Rei Momo nas festividades carnavalescas. e eventualmente as duas Princesas do Carnaval, em posição de menor destaque, todos com a função de manter a alegria da folia, com animação e dança. Após o reinado, muitas delas se tornam rainhas ou madrinhas de bateria.
Corte Carnavalesca (Rei Momo, Rainha do Carnaval e Princesas do Carnaval)
Escola de samba
Escola de samba é um tipo de agremiação de cunho popular que se caracteriza pelo canto e dança do samba, geralmente com intuito competitivo. Sendo um tipo de associação originária da cidade do Rio de Janeiro, as escolas de samba se apresentam em espetáculos públicos, em forma de cortejo, onde representam um enredo, ao som de um samba-enredo, acompanhado por uma bateria; com seus componentes – que podem ser algumas centenas ou até milhares – usando fantasias alusivas ao tema proposto, sendo que a maioria destes desfila a pé e uma minoria desfila sobre "carros", onde também são colocadas esculturas e além de outros adereços.
As escolas de samba têm investido cada vez mais em aspectos cênicos, com alguns componentes executando dramatizações teatrais ou coreografias, tornando os desfiles em disputadas atrações turísticas. Expressiva quantidade de escolas de samba – principalmente as do Rio de Janeiro – possui em sua denominação a expressão "Grêmio Recreativo Escola de Samba" (representada pela sigla GRES) antes do seu nome propriamente dito. Em São Paulo é também comum a sua derivação "Grêmio Recreativo Cultural e Escola de Samba". Há variações, como "Agremiação Recreativa e Escola de Samba" tal e "Sociedade" tal. Essa padronização nas nomenclaturas das entidades surgiu em 1935, quando as agremiações carnavalescas cariocas foram obrigadas a tirar um alvará na Delegacia de Costumes e Diversões para poderem desfilar. O delegado titular, Dulcídio Gonçalves, decidido a dar um aspecto de maior organização aos desfiles de escolas de samba, negou-se a conceder o alvará para associações com nomes considerados questionáveis, por deselegância ou incentivo a praticas criticáveis.
A preparação do desfile de uma escola de samba é um trabalho que dura o ano todo, sendo considerado comunitário, apesar da contratação de alguns profissionais de elevado custo. Além de um grupo musical, as escolas frequentemente tornaram-se associações de bairro que auxiliam com projetos a dinâmica social das comunidades que elas representam (tais como recursos educacionais e de cuidados médicos). Para tanto, além das verbas públicas, eventos como ensaios, almoços, rifas, visitações, entre outros, formam ao longo do ano o capital necessário para custear as produções (elaboradas e caras no caso das escolas do grupo de elite).
Escola de Samba
Bloco carnavalesco
No Brasil, bloco carnavalesco é um termo usado para definir diversos tipos de manifestações carnavalescas populares. Designa um conjunto de pessoas que desfilam no Carnaval, de forma semi-organizada, trajando uma mesma fantasia ou fantasias diversificadas. Geralmente constituem uma agremiação.
Ao longo do tempo, diversos grupos carnavalescos já foram genericamente chamados de blocos, havendo atualmente blocos que são mais parecidos com escolas de samba, outros mais parecidos com os antigos cordões, e outros de diversos tipos.
Bloco Juventude Bronzeada - Minas Gerais
Carro alegórico
Carruagem ou grande carro fantasiado e elaborado para apresentação de alegorias em desfiles ou paradas.
Os carros alegóricos das grandes escolas de samba são construídos com um chassis de caminhão em variados eixos de rodagem. Para suportar o peso das alegorias e pessoas, a estrutura é reforçada com vigas e colunas de aço e coberto por tablados de madeira. O formato final é feito, em grande parte, com madeira e isopor. Esculturas de isopor são revestidas de papel e cola, com camadas de massa corrida ou tecido. Pintura e decoração são a etapa final, juntamente com a instalação de luzes e efeitos especiais – como fogo, água ou canhões de papel picado.
Os carros maiores são equipados com extintores de incêndio, escondidos em locais de fácil acesso. Quando a decoração leva sapê, palha e outros materiais inflamáveis, um líquido antichamas é aplicado momentos antes do desfile.
Embora seja permitido usar motores, muitas impulsionam o carro através da força muscular de pessoas (que podem chegara 50 entre as que empurram na parte de trás e auxiliam nas laterais Um motorista escondido no meio das ferragens ou duas pessoas na lateral externa controlam a direção do deslocamento.
Medindo muitos metros de comprimento e de altura, os maiores carros são montados por guindastes que encaixam as peças durante a semana que antecede o desfile. As pessoas que desfilarão como destaques sobem minutos antes através de elevadores ou empilhadeiras.
No Brasil, os carros alegóricos das grandes escolas de samba se tornaram complexas obras de engenharia, pesando toneladas.
Carro alegórico
Mestre-Sala e Porta-Bandeira
Mestre-sala e porta-bandeira são um casal de dançarinos que exercem a função de conduzir e apresentar a bandeira de uma escola de samba durante o seu desfile no carnaval.
No desfile das escolas de samba, os casais devem se apresentar para os jurados, que vão avaliar a fantasia e a dança. Entre os passos obrigatórios estão os meneios, as meias-voltas, os giros completos, os torneados e as mesuras. Os dois jamais podem dar as costas um ao outro ao mesmo tempo. O mestre-sala precisa passar a impressão de que está protegendo a sua parceira, que por sua vez não pode deixar a bandeira se enrolar no mastro, bater em seu corpo ou no rosto do parceiro.
Mestre Sala e Porta-Bandeira
Rainha de Bateria & Madrinha de Bateria
A cada ano o carnaval apresenta suas novidades, enriquecendo a festa, tornando-a mais bonita e divertida para os foliões e plateia.
Existem controvérsias quanto à primeira rainha de bateria. Alguns consideram que a ideia surgiu na década de 1970, tendo Adele Fátima, mulata famosa, desfilado à frente da bateria da escola Mocidade Independente de Padre Miguel, mas a mesma não foi batizada como rainha de bateria.
Em 1985, a mesma escola de samba, estando no primeiro grupo do Rio de Janeiro, deu início à novidade, convidando a então modelo Monique Evans para compor a personagem.
A intenção de uma rainha de bateria é de que a mesma auxilie o mestre de bateria no comando da ala de percussão, levando mais animação para os instrumentistas, puxando o samba, não deixando o ritmo cair.
A rainha de bateria não é um quesito avaliado individualmente, mas encaixa-se em alegorias e adereços. São avaliadas suas fantasias, seu empenho durante o desfile, se realmente comanda a percussão e anima os integrantes.
Há disputa pelas candidatas, muitas vezes causando ciúmes e intrigas entre as mesmas, pois as escolas convidam artistas que não fazem parte da comunidade, mas dão visibilidade em propagandas, deixando de lado as mulheres que vivem na comunidade que são importantes para a escola de samba por sua beleza, dança e empenho. Por esse motivo, algumas escolas adotaram uma rainha e uma madrinha de bateria, mas a experiência nem sempre é favorável. Houve casos em que ambas desfilaram lado a lado sem se olharem.
Rainha da Bateria
Pandeiro, Tamborim e Cuíca
Uma bateria de escola de samba possui uma grande variedade de instrumentos, mas em minha opinião esses três sintetizam a vibração (e a malandragem) carnavalesca:
Pandeiro é o nome dado a alguns instrumentos musicais de percussão que consistem numa pele esticada numa armação (aro) estreita, que não chega a constituir uma caixa de ressonância. São geralmente circulares (por exemplo, na pandeireta), mas podem ter outros formatos (por exemplo, quadrangular no adufe). Enfiadas em intervalos ao redor do aro, podem existir platinelas simples ou duplas de metal, ou não (por exemplo, no tamborim). Pode ser movimentado para produzir som contínuo de entrechoque, ou percutido com a palma da mão e os dedos.
No Brasil, a palavra “pandeiro” veio a designar um pandeiro específico, de dimensões que variam de 8 a 12", muito usado no samba e no pagode, mas não se limitando a esses ritmos, sendo encontrado no baião, coco, maracatu, entre outros, e por isso, considerado por alguns o instrumento nacional do Brasil.
Tamborim é um instrumento de percussão constituído por uma membrana esticada em uma de suas extremidades, sobre uma armação, sem caixa de ressonância, normalmente confeccionada em metal, acrílico ou PVC (policloreto de vinila). No Brasil, é comumente utilizado nos ritmos de origem africana, como o samba, a batucada e o cucumbi. O instrumentista o segura com uma das mãos e o percute (golpeia) com uma ou mais baquetas, normalmente de plástico, medindo aproximadamente 15 cm de comprimento.
A cuíca (ou puíta) é um instrumento musical semelhante a um tambor, com uma haste de madeira presa no centro da membrana de couro, pelo lado interno. O som é obtido friccionando a haste com um pedaço de tecido molhado e pressionando a parte externa da cuíca com dedo, produzindo um som de ronco característico. Quanto mais perto do centro da cuíca mais agudo será o som produzido.
Tamborim, Pandeiro e Cuíca
Confete & Serpentina
O confete aparece pela primeira vez no carnaval de Roma sobre a forma de "confetti", ou "confeitos" de açúcar que as pessoas jogavam umas sobre as outras durante o corso nas ruas da cidade. O confete de papel é noticiado pela primeira vez no carnaval de Paris (França), em 1891.
As batalhas de confete, ou batalhas de flores, eram os nomes dados às diversões características da elite desde meados do século XIX, quando grupos em carruagens e depois automóveis, ao se cruzarem lançavam uns sobre os outros, pequenos buquês de flores, confetes ou serpentinas procurando copiar os modos "civilizados" do carnaval de Nice (França). O projeto de um carnaval sofisticado e exclusivo da elite, porém, acabaria esbarrando no senso de humor dos brasileiros, que deram um toque popular ao elegante divertimento fazendo com que as batalhas de confetes se transformassem no chamado corso.
Os primeiros relatos sobre o uso da serpentina vêm de Paris e informam que ela começou a ser usada durante o carnaval de 1892 – um ano depois do confete – por um empregado do telégrafo de Paris (França), cujo nome é desconhecido e que trabalhou numa agência dos Correios chamada Paris 47. Para fazê-la, ele usou tira de papel Código Morse que estavam em bobinas inutilizáveis, que iriam para o lixo.
Atualmente a serpentina é um pequeno rolo de papel fino, com diferentes cores, utilizado durante variadas festas, especialmente o carnaval. A serpentina de corrente, que está à venda atualmente, é muito mais fina e de menor comprimento do que as primeiras fabricadas.
Confete e Serpentina
Zé Pereira
Os grupos chamados "Zés-Pereiras" são característicos das festas e romarias do norte de Portugal, desfilando pelas ruas tocando instrumentos de percussão (caixas de rufo, timbalões e bombos) e instrumentos de sopro (flautas e sanfonas), às vezes acompanhados de grandes bonecos (lá chamados de “gigantones” e “cabeçudos”). Zé Pereira é uma forma de diversão carnavalesca caracterizada por foliões tocando tambores e desfilando em parada, geralmente com bonecos mascotes do bloco e outros de celebridades da cidade. Na segunda metade do século XIX, o termo era usado para qualquer tipo de bagunça carnavalesca acompanhada de zabumbas e tambores, semelhantes ao que chamaríamos hoje de bloco de sujo
Apesar de diferentes versões, a com maior defensores é a de que a tradição lusitana chegou ao Brasil com os imigrantes estabelecidos em 1846 na cidade do Rio de Janeiro, entre eles o comerciante português José Nogueira de Azevedo Paredes, que no mesmo ano fundou o primeiro bloco carnavalesco nestes moldes. Em 1876, ele mudou-se para Ouro Preto para trabalhar no Palácio dos Governadores e lá continuou as atividades do bloco até sua morte, tendo a folia se perpetuado nas ladeiras da cidade até os dias atuais.
No Brasil, de conceito genérico aplicado aos tipos de blocos, o Zé Pereira tornou-se uma personagem, apelidada como “O Homem da Meia-Noite”. O desta figura se originou nas ladeiras de Olinda (PE), onde com seus aproximadamente 3,5 metros de altura e 50kg, o boneco se veste tradicionalmente com fraque, cartola e gravata borboleta, abrindo oficialmente o carnaval olindense sempre a zero hora do sábado de Zé Pereira, com um percurso atual de 3,5 km pelo Sítio Histórico de Olinda, e retorna aproximadamente às 3:30. A tradição de começar o desfile à meia-noite dá à folia um caráter solene e místico.
Zé Pereira
Baile de máscaras
O baile de máscaras foi introduzido pelo papa Paulo II, no século XV. Na medida em que, nos séculos XVI e XVII, as festas carnavalescas se firmavam como período de diversão, liberdade e libertinagem na Europa, a nobreza e os ricos, que tinham um nome a zelar, se ressentiam com a entrega aos prazeres realizada pelos pobres em geral neste período. Para burlar esta limitação, a elite criou os bailes de máscaras em suas amplas residências e palácios, onde o anonimato garantiria a liberdade para dar vazão aos desejos reprimidos no resto do ano, que variavam desde comer sem restrições e beijos roubados até insultos a inimigos e orgias em pequenos grupos fechados.
As máscaras eram parte de uma fantasia elaborada e cara, tornando os bailes de máscaras uma atividade dos que possuíam posses, o que conferiu ao evento um caráter sofisticado e restrito. Somente após a Primeira Guerra Mundial, com o fim da época dos grandes impérios, os bailes de máscaras passaram a ser adotados por uma população progressivamente descompromissada com tradições familiares, que se permitiam usar fantasias e máscaras bem mais simples e baratas nos períodos carnavalescos, não somente em clubes como também nas folias das ruas.
Baile de Máscaras
Fantasias
A partir de 1870 as fantasias aumentaram de importância para as festividades do carnaval de rua, como forma das pessoas se divertirem no evento.
Na década de 1920 os bailes de gala foram instituídos no Brasil, seguindo o modelo dos bailes de Veneza (Itália), sendo as fantasias avaliadas nas categorias luxo e originalidade.
Até 1930 as fantasias eram simples, com roupas adaptadas, tingidas, enfeitadas de forma ingênua, pois os materiais que poderiam enriquecê-las, como os tecidos, ornamentos, sapatilhas, adereços de cabeça, eram muito caros, aparecendo mais nos desfiles de escolas de samba. Nos clubes e desfiles de rua, surgiram os blocos, onde um grupo de pessoas vestia-se igual. Alguns disfarces tornaram-se mais famosos, como caveira, odalisca, médico, morcego, malandro, super-heróis, diabo, príncipe, bobo da corte, pierrô, colombina, vedete, palhaço.
As fantasias das escolas de samba são parte essencial do desfile. Elas explicam a história contada na letra do samba enredo. Devem ser coerentes ao tema e aparecer em harmonia com o conjunto da escola. A escola de samba é dividida em alas e cada ala possui um modelo diferente de fantasia, que deve ser respeitado e seguido por todos os integrantes.
O julgamento das fantasias é feito analisando a criatividade, o significado e importância para o enredo, a boa utilização das cores e distribuição dos materiais, a riqueza dos materiais usados na confecção, os acabamentos das roupas, os detalhes, os adereços que compõem as peças, etc.
Fantasias de carnaval de rua
Pierrô e Colombina
Na consagrada ópera popular I Pagliacci (“O Palhaço”, em italiano), os personagens trabalham num circo e a colombina era a amada pelo pierrô (um ingênuo e sentimental palhaço), mas gostava do astuto e expansivo arlequim (herdeiro dos medievais bobos da corte). Durante uma das apresentações do teatro cômico do circo, a colombina recebia seu "amante" arlequim para quem botava mesa para jantar, numa encenação caricatural para entreter o público. Como parte do enredo, o pierrô entra em cena como se fosse o suposto marido da colombina que chegasse em casa. Não suportando naquele dia a cena de flerte e a risada de todos o ridicularizando, sai do seu papel e começa a discutir com a colombina que, lhe responde que ele é apenas um amigo. Nem os artistas nem o público entendem que os sentimentos são reais e a cena agrava-se com o pierrô exigindo saber o nome do amado da colombina, que se recusa a dizer e, ao perceber que não se tratava de uma encenação, tenta correr para a multidão, mas é agarrada e mortalmente ferida pelo canivete do pierrô. Ela grita por ajuda, chamando o arlequim que, correndo na defesa dela, também é apunhalado. Enquanto a multidão recua confusa e horrorizada, o enlouquecido pierrô fala "a comédia acabou!", encerrando o espetáculo.
A peça, composta pelo italiano Ruggero Leoncavallo e representada pela primeira vez no Teatro dal Verme de Milão, em 21 de maio de 1892, tornou-se um sucesso e foi adaptada pelos grupos de teatro de rua, que ajudaram a popularizar os desencontros desse amor, cativando o imaginário dos sentimentais, que os interpretam as personagens numa espécie de Romeu e Julieta carnavalesco.
Arlequim, Colombina e Pierrot