quinta-feira, 19 de abril de 2012

Queijo e Minas

O mineiro e o queijo

Queijo Minas Padrão
Imagem: imagemnativa.com.br

No século XVIII, aventureiros portugueses em busca de ouro levaram para a região de Minas Gerais a arte do queijo  uma forma de conservar e carregar o leite em suas longas viagens. À medida que estes exploradores percorriam novas áreas, a produção do queijo artesanal se espalhou por Minas Gerais, adaptando-se aos climas serranos.

O botânico francês Auguste de Saint-Hilaire, em viagem pelo Brasil no século XIX, deixou registrada uma das primeiras receitas do queijo brasileiro:
"Tão logo o leite é tirado coloca-se nele o coalho, o que o faz talhar-se instantaneamente. O coalho mais usado é o de capivara, por ser mais facilmente encontrado. As fôrmas são de madeira e de feitio circular, tendo o espaço livre interno mais ou menos o tamanho de um pires. (...) O leite talhado é colocado dentro delas em pequenos pedaços, até enchê-las. Em seguida a massa é espremida com a mão, e o leite cai dentro de uma gamela colocada em baixo. À medida que a massa é talhada vai sendo comprimida na fôrma, nova porção é acrescentada, continuando-se a espremê-la até que a fôrma fique cheia de uma massa totalmente compacta. Cobre-se de sal a parte superior do queijo, e assim ele é deixado até a noite, quando então é virado ao contrário, pulverizando-se também de sal a parte agora exposta".

Mais de 200 anos se passaram e o jeito mineiro de fabricar queijos artesanais pouco mudou. Hoje não se usa mais o coalho de capivara, e o autêntico queijo Minas é produzido por 30 mil famílias, sendo considerado patrimônio cultural do Brasil pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

O reconhecimento de sua importância para a identidade nacional motivou o diretor e roteirista Helvécio Ratton a produzir o documentário “O mineiro e o queijo”.
"Numa família como a minha, encabeçada por duas pessoas nascidas no interior de Minas, a presença do queijo era uma constante dentro de casa", diz Helvécio, que viajou pelas regiões mineiras do Serro, Serra da Canastra e Alto Paranaíba. Ele conta: "Aqueles que moram no Serro, por exemplo, são mais ligados à História, à tradição do queijo. Um deles, o Jorge Simões, tem em sua casa um pequeno museu do queijo, que, aliás, mostramos no filme. Já na Canastra, o pessoal é mais ligado à natureza. O Zé Pão, que é visto ao fim do documentário, mora no topo da Canastra, no meio da mais pura natureza. No Alto Paranaíba estão os melhores comerciantes, são os que melhor se organizaram e têm uma boa estrutura de venda, conseguindo com isso um preço mais alto pelos queijos".

Por ser patrimônio cultural e culinário do Brasil, o queijo Minas feito de leite cru é impedido de ser vendido fora de Minas Gerais por conta de desencontros na lei do Ministério da Agricultura, que regulamenta o comércio. Esse impasse é mostrado no documentário, que conta com depoimentos de José Newton Meneses, historiador do Iphan.

Texto:

Acesse os vídeos abaixo para saber mais sobre o queijo Minas.

O mineiro e o queijo - Trailer do documentário ( 9:43 )
https://www.youtube.com/watch?v=Ho1sWpZxI5w   
e
Ponto Ciência - Fazendo Queijo Minas ( 9:41 )
https://www.youtube.com/watch?v=H-FXdGX9MUI    

Juntamente com o queijo Minas, outro representante da culinária mineira é o pão de queijo.
Veja no vídeo abaixo, do programa Terra de Minas da Rede Globo, como se produz pão de queijo em uma autêntica cozinha mineira.

Receita do tradicional pão de queijo mineiro ( 6:42 )

Se quiser saber mais detalhes sobre o documentário "O mineiro e o queijo", acesse seu site:
http://www.omineiroeoqueijo.com.br/filme 

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Andarilho

Tornar-se andarilho
Autor: Iacyr Anderson Freitas

Imagem: omundoantesdemim-antonio.blogspot.com.br

Do modo como a coisa se deu, sua intricada tessitura, tinha ele agora pouco tino. Parara o carro num restaurante da serra e, enquanto a família terminava de almoçar, resolvera sair para apreciar a paisagem e tomar uma brisa mais fresca na varanda. Uma varanda muito ampla, que circundava um salão em estilo colonial, com dotes de mirante. Lembrava-se também do ar difícil daquele começo de tarde, da sua titubeante luminosidade, do silêncio que a tudo cingia e, naquele momento, como um comboio alucinado dentro do seu peito de homem, tão fortemente ecoava.
Então olhou, através do vidro embaçado, a família que ainda não se levantara da mesa. Naquele instante, como num passe de mágica, ele não mais a reconhecia. Vislumbrou a imagem de sua avó. Essa que nada perguntava, que parecia trazer sempre um catálogo de respostas prontas dentro do vestido. Viu o filho que não deixava de lhe perguntar sobre tudo, como se o tempo, os relógios, o próprio ato de viver fosse explicável. Como se fosse possível a algum vivente visitar cada um dos cômodos de sua própria morte. Viu a filha mais velha, que tanto se parecia com ele, que tanto a ele se agarrava para tentar compreender o que jamais teria resposta. E percebeu que esses rebentos deveriam crescer para melhor trair a espécie. Tal qual ele fizera. Para isso o corpo de cada um se preparava, os dentes, as unhas, o feitio ainda desconjuntado do braço.
Fitou o vulto distante de sua mulher. Sua distância de mil anos. Vulto que decidira a sós, em alguma hora perdida, que não deveria mais caminhar sem a foto 3x4 do marido dentro da bolsa. Vulto que se apoiava nele para enfrentar os filhos, para respirar além dos limites do pequeno apartamento em que viviam. Para existir, ostentando a custo uma insuportável dignidade. Fitou contra a vidraça o vulto dessa família que ele não pedira e que, em verdade, pouco conhecia.
Mas nada parecia girar sob sua esfera de decisão. Tudo estava ali, a postos desde o princípio, qual uma tatuagem amanhecida em seu ombro. Ele não escolhera nem mesmo o modo rasteiro de dizer “boa tarde” ou “como tem passado?” ao síndico do prédio ou aos demais funcionários da repartição. Não buscara salvar do incêndio de seus dias um prazer ao menos. Pouco cultivara as horas que lhe doíam no pulso. As posses tomaram assento em seu sangue e pesavam-lhe, naquele instante, feito pedra no estômago.
Foi quando, deslocando os olhos da vidraça, filtrou a paisagem. E contornou a varanda, em direção a uma das margens da estrada. Pelo caminho, seguiu deixando um rol de entulhos que, como tudo em sua vida, aos poucos se fixara dolorosamente em seu corpo. Objetos criados às sua revelia e que também à revelia ele carregava, com cuidado, para destinos ignorados. Assim, largou os molhos de chaves, a pequena bolsa de moedas, o cordão de ouro, o talão de cheques e a velha carteira.
Viu à frente uma trilha que escorregava pela encosta, afundando-se na mata fechada. Desceu sem pressa. Agora ele podia escolher. Esta era a sua mais íntima grandeza. Um pouco antes do primeiro desvio, lembrou-se também de afrouxar os sapatos e jogar fora os papéis que, nos bolsos, como num último esforço, ainda insistiam inutilmente em chamá-lo pelo nome.

Texto adaptado do livro de contos Trinca dos traídos de Iacyr Anderson Freitas.
Editora Nankin Editorial, São Paulo, 2003. 

quinta-feira, 5 de abril de 2012

A história do amor

A(s) história(s) do amor
Vídeo
Autor: Fantástico ( Rede Globo )

Imagem: wradio.com.br

As formas e motivos com que homens e mulheres se relacionam mudam ao longo do tempo e espaço. Cultura, necessidades ou possibilidades impõe limitações ou obrigações, transformando um impulso emocional em uma dinâmica social.

O Fantástico passou esta série na Globo entre outubro e dezembro de 2011. São 6 vídeos com uma narração divertida e informativa.
Vale a pena separar um tempo para ver (ou rever), rir e refletir sobre como racional e emocional muitas vezes não conseguem caminhar de forma harmônica e complementar.
Aí é cada um por si e o amor com todos...  :x apaixonado

Começo
Episódio 1 (9:21)
https://www.youtube.com/watch?v=vjg23tY53h4  

Sedução
Episódio 2 (6:57)

Namoro
Episódio 3 (8:08)

Casamento
Episódio 4 (9:24)

Ciúme
Episódio 5 (7:22)

Fim
Episódio 6 (8:43)