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quarta-feira, 26 de agosto de 2020

Rural

A Rural Willys (assim como a Kombi) é um veículo icônico atemporal "pau para toda obra", por permitir transportar grande quantidade de passageiros ou carga, dependendo de sua configuração.
Diferentes versões acomodavam até seis passageiros ou nove passageiros (com o terceiro banco). Sem os bancos traseiros, o compartimento contava com capacidade para até 2.700 litros para bagagens. Pick-Up Willys podia transportar até 500 kg de carga em sua parte traseira.
"A Rural" (como é conhecida carinhosamente por seus admiradores) tem a vantagem de ter nascido com vocação rústica na mecânica e lataria, se adaptando bem tanto no campo quando nas ruas (enquanto a Kombi foi concebida para uso urbano e rodoviário).

Rural Willys com estética brasileira ( a partir de 1960 )
Imagem: http://jornalperiscopio.com.br/site/veiculos-historicos-rural-willys-2 

Rural Willys com estética original estadunidense ( desde 1946 )
Imagem: https://br.pinterest.com/pin/295689531788707401 

A Rural Willys é um veículo utilitário que foi produzido pela empresa estadunidense Willys-Overland (1908-1975) a partir de 1946. A Willys-Overland do Brasil foi fundada em 26 de agosto de 1952, em São Bernardo do Campo (São Paulo). A partir do segundo semestre de 1975 a Rural passou a ser produzida no Brasil pela Ford – que comprou a fábrica da Willys em 1967 – mantendo inalterados o nome Rural e praticamente todas as características do veículo. 
Por aqui, sua típica combinação de cores ficou conhecida como "sai e blusa", sendo a saia a parte inferior branca e a blusa a parte superior colorida.

Nos estágios finais da Segunda Guerra Mundial, a Willys anunciou que iria oferecer um carro de passeio com as mesmas características do Jeep que fabricava para utilização durante a guerra.
Em 1946, foi lançado nos Estados Unidos o Jeep Station Wagon (também conhecido como Willys Station Wagon), utilizando o chassi e visual do utilitário militar, com para-choques robustos e a grade frontal mais reta, mas com a inovação de ser produzido totalmente em chapas de aço (até então, esse tipo de veículo feito de aço era inexistente – existindo modelos com chapas de madeira para fazer que utilitários comuns se tornassem carros de passeio). Para manter a estética então usada, a Station Wagon contava com capô, teto e para-lamas na cor vinho e laterais em creme com painéis em marrom claro para imitar a madeira.
O motor de 2.2 litros era ligado a um câmbio de três marchas, com a opção de uma quarta marcha como overdrive (esse recurso logo se tornou opcional devido à necessidade de uma quarta marcha para melhorar o desempenho). A tração era traseira 4X2 e a opção de tração 4×4 chegou em 1949.

O modelo brasileiro foi redesenhado em 1960 – projetado pelo designer americano Brooks Stevens – utilizando como inspiração a arquitetura moderna de Brasília, em construção na época. Este desenho acompanhou a Rural no Brasil até o encerramento de sua produção em 1977.


Jeep Station Wagon ( USA - 1946 )
Imagem: https://www.noticiasautomotivas.com.br/rural-willys 

Jeep Station Wagon ( USA - 1946 )
Imagem: https://www.noticiasautomotivas.com.br/rural-willys 

Interior do Jeep Station Wagon ( USA - 1946 )
Imagem: https://www.noticiasautomotivas.com.br/rural-willys 

No primeiro Salão do Automóvel realizado no  Brasil – de 26 de novembro a 11 de dezembro de 1960  no Parque Ibirapuera (São Paulo), a Willys-Overland do Brasil S.A. lançou vários novos veículos como o Jeep CJ-6 com 4 portas, a Pick-Up Willys e o pequeno Dauphine. Um dos destaques deste salão foi o novo carro experimental da Willys chamado Saci, um veículo de passeio conversível.
O Saci revelava seu parentesco com a linha Rural Willys, utilizando seu chassi, motor, transmissão, eixos e frente da carroceria, tratando-se de um jipe metropolitano, irmão do "Jeepster" estadunidense.
O Saci nunca chegou a ser fabricado em série no Brasil! Nos Estados Unidos, o Jeepster foi fabricado de 1948 a 1950, vendendo alguns milhares de unidades, mas não chegou a ser um sucesso comercial, pois seu acabamento interior  simples e rústico, idêntico à Rural  não combinava com o alto preço do veículo, que o restringia a um público que priorizava conforto e ostentação.


Willys Saci ( Brasil - 1960 )
Jeepster ( USA - 1948 a 1950 )

Em 1961 entrou em linha a versão picape da Rural, chamada de Pick-Up Willys ou Pick-Up Jeep; nomeada posteriormente como F-75, mantendo-se em produção pela Ford do Brasil até 1983, quando foi encerrada juntamente com o utilitário Jeep. 
A versão militar, utilizada pelas Forças Armadas do Brasil, denominava-se F-220 e passou a ser conhecida por F-85 no momento em que foi permitida a venda ao público civil através de leilões.


Pick-Up Willys ( Renomeada no Brasil como F-75 quando passou a ser produzida pela Ford )
Imagem: https://br.pinterest.com/pin/598064025502086387 


No Brasil foram produzidas versões com tração 4X2 e 4X4, com motores a gasolina de seis cilindros de 2.6 ou 3.0 litros. O motor de 2.6 litros foi o primeiro motor a gasolina fabricado no Brasil. 
Do segundo semestre de 1975 até o final da produção, em 1977, a Rural foi fabricada com motor Ford de 2.3 litros de cilindrada, mais econômico e adequado para a época da Crise do Petróleo de 1973 (protesto dos países árabes, aumentando o preço do petróleo em mais de 400%, pelo apoio prestado pelos Estados Unidos a Israel durante a Guerra do Yom Kippur).
Além da mecânica, também tem o pioneirismo na imprensa automotiva brasileira, sendo o primeiro teste de veículo na imprensa nacional – publicado no dia 5 de dezembro de 1959 – sobre a Rural Willys.


A Rural Willys pode ser considerada a precursora dos atuais utilitários esportivos (SUV, do inglês Sport Utility Vehicle, "Veículo Utilitário Esportivo" aliando conforto, espaço e versatilidade) pois era um automóvel para a família, mas robusto e com vocações off-road, capaz de enfrentar ruas e estradas de terra mal conservadas.
Com o aumento da altura da suspensão e do tamanho dos pneus, versões personalizadas da "Rural Off-Road" ganham mais resistência e estabilidade, inspirando respeito!

Rural 4X4 Off-Road
Ford F-75 4x4 Turbo Off-Road
Rusticidade de raiz

Fontes de referência:

Wikipédia
Rural Willys

Wikipédia
Willys-Overland do Brasil

Notícias Automotivas
Rural Willys: história, anos, versões, motores (e detalhes)
O nascimento da indústria automobilística brasileira e o primeiro teste de carro no país
Vídeos:

Rural Willys, Tudo O Que Você Precisa Saber!
(10:46)

Rural Willys e Pickup: curiosidades dos “filhos” do Jeep
(5:14)


Se interessar em ver a publicação neste blog sobre a Kombi, acesse:
https://historiasylvio.blogspot.com/2018/08/kombi.html 


domingo, 26 de julho de 2020

Ditos populares

As origens dos ditados populares

Um ditado popular (também conhecido como provérbio ou adágio) é uma frase curta de autoria anônima, transmitida oralmente através de gerações, que se baseia no senso comum de um determinado meio cultural por ser considerada útil e sábia nas situações cotidianas.
Se a utilidade ou potencial de doutrinação determinam quais são os ditos populares em cada sociedade, suas origens geralmente são um mistério, dando margem a especulações.

Como amostra, selecionei 10 expressões populares cuja história considerei esclarecedora ou curiosa. Todas as imagens abaixo foram retiradas do álbum “Ditados ou expressões populares e seus significados”, da página História Pensante, no Facebook, disponíveis no link:
https://www.facebook.com/historia.pensante/media_set/?set=a.1580883495496482 










Obs: Esta publicação foi realizada mediante prévio contato com o autor e sua autorização.

O blog História Pensante é de autoria do Pedro Paulo, historiador na cidade mineira de Carangola, onde desenvolve um ótimo trabalho de divulgação e reflexão sobre a História e sua utilidade pessoal e social.
Conheça o blog e entre em contato com o autor para trocar ideias e informações:

Blog História Pensante:

Página História Pensante no Facebook:

sábado, 9 de maio de 2020

Lei de Murphy

Frases espirituosas e pessimistas sobre o aprendizado com as experiências empíricas existem faz muito tempo, mas a expressão "Lei de Murphy" e suas derivações, como conhecemos atualmente, surgiu em 1949, quando um major e engenheiro da Força Aérea dos Estados Unidos – Edward Aloysius Murphy – realizou um experimento para medir os efeitos da aceleração e desaceleração em pilotos. Para realizar essa aferição, ele construiu um equipamento que registrava os batimentos cardíacos e a respiração dos pilotos. Entretanto, o técnico responsável por encaixar os 16 medidores na máquina, não acertou a posição destes e os sensores falharam exatamente na hora. Frustrado, Murphy disse "Se este homem tem algum modo de cometer um erro, ele o fará!". Para ironizar a situação, seus amigos militares batizaram a assertiva "Se algo pode dar errado, dará!" como Lei de Murphy.

As afirmações abaixo foram retiradas do livro "A Lei de Murphy - e outros motivos por que tudo dá errado!", que li faz muito tempo. Anotei algumas num caderno e agora compartilho aqui.


Nada é tão ruim que não possa piorar!
ou
Isso vai dar merda...
Imagem: http://resumendelaweb.blogspot.com/2007/11/imagenes-divertidas-3.html 

LEI DA INSISTÊNCIA
Nunca há tempo para fazer certo, mas sempre há tempo para refazer.

LEI DO BIOLOGISMO TRIUNFANTE
Em condições de pressão, temperatura, volume e outras varáveis, o organismo funcionará como bem entender.

LEI DO JEITINHO
Se não entrar, força. Se quebrar, precisava mesmo de substituição.

LEI DO SONRISAL
Quem consegue sorrir quando as coisas vão mal lembrou-se de alguém em quem colocar a culpa.

LEI DAS REUNIÕES
A eficiência de uma reunião é inversamente proporcional ao número de participantes e ao tempo gasto nas deliberações.

LEI DA PECHINCHA
Não importa quanto você procure e pechinche um objeto; logo depois de comprar, o encontrará noutra loja por preço mais baixo.

LEI DE ETORRE ( OU DO IMPACIENTE )
A outra fila sempre anda mais rápido.

LEI DO PROFESSOR
Quem pode, faz. Quem não pode, ensina. Quem não pode e não sabe ensinar, administra.

PRIMEIRA LEI DO DEBATE
Não discuta com idiotas – os outros podem não saber quem é quem.

AXIOMA DO TRABALHO
Em qualquer empreendimento humano, o trabalho tende a procurar sempre o nível hierárquico mais baixo.

PRINCÍPIO DOS EQUIPAMENTOS MULTIFUNCIONAIS
Quanto mais funções uma ferramenta pode executar, pior ela exercerá essas funções.

PRINCÍPIO DA MONTANHA
Uma pessoa idiota numa alta posição é como alguém no alto de uma montanha: todos lhe parecem pequenos e este parece pequeno para todos.


O RITMO DO PROGRESSO DE DINARTE MARIZ
A sociedade é um jumento, não um automóvel. Forçada demais, dá um coice e derruba quem conduz.

A Lei de Murphy - e outros motivos por que tudo dá errado!
Autor: Arthur Bloch
Editora Record, 1977.


Livro : A Lei de Murphy - e outros motivos por que tudo dá errado!

A Lei de Murphy determina que: "Se alguma coisa pode dar errado, dará". E, claro, se há a possibilidade de várias coisas darem errado, darão e causarão o maior prejuízo.
Um apanhado de frases que definem as condições da humanidade: a pesquisa, a computação, a economia, a hierarquia, a produção e tantas outras coisas. O livro não pode ser taxado de pessimista ou humorista porque é os dois e também é verdade.

sábado, 9 de novembro de 2019

Woodstock

Festival Woodstock de 1969

Festival de Woodstock em 1969 
( foto feita a partir de um dos helicópteros de apoio )

Em 2019 o Festival de Woodstock completou meio século! Houve a tentativa, por parte de Michael Lang (um dos organizadores do festival original), em realizar um festival comemorativo pela ocasião mas, apesar de seus esforços, foi cancelado após uma série de problemas de licença, mudança de local e desistências de investidores e artistas.
Esta publicação é uma celebração deste blog por Woodstock, que não foi o primeiro nem o maior festival de música popular, mas tornou-se um marco histórico devido a uma conjuntura singular de fatores: o esforço dos produtores para administrar o público e artistas apesar multidão, a empatia do dono do local e parte da população e autoridades da vizinhança e o espírito de cooperação dos espectadores.


O Festival de Woodstock (cujo nome oficial era Feira de Artes e Música de Woodstock) foi realizado entre os dias 15 e 18 de agosto de 1969, na fazenda de gado leiteiro de 600 acres de propriedade de Max Yasgur, próximo à região de White Lake, na cidade de Bethel, no estado de Nova York, nos Estados Unidos. O local se localizava 70 quilômetros a sudoeste da pequena cidade de Woodstock, que originalmente sediaria o festival, mas depois foi transferido para a cidade de Wallkill, onde próximo à data do evento os moradores locais não aceitaram o evento temendo desordem, o que levou o espetáculo para a pequena Bethel. 
Apesar das mudanças de local, o festival manteve o nome da primeira localidade, por questões de praticidade na propaganda.

32 bandas apresentaram-se durante um fim de semana por vezes chuvoso, para até 400 mil espectadores. Apesar de tentativas posteriores de repetir o festival, o evento provou ser único e lendário, reconhecido como um dos maiores momentos na história da música popular.

Festival de Woodstock (1969)
Quando a cooperação superou a deficiência de estrutura.

O Festival de Woodstock foi fruto dos esforços de Michael Lang, John Roberts, Joel Rosenman e Artie Kornfeld. Os quatro reuniram-se para discutir a criação de um evento que financiasse a construção de um estúdio de gravação de música na pequena cidade de Woodstock. A ideia evoluiu para uma feira de artes e música ao ar livre.

Mesmo considerado um investimento arriscado, o projeto foi montado tendo em vista o retorno financeiro. Os ingressos passaram a ser vendidos em lojas de disco na área metropolitana de Nova York, ou via correio através de uma caixa postal. Custavam 18 dólares antecipadamente ou 24 dólares se adquiridos no dia. 
Inicialmente, os organizadores esperavam vender em torno de 50 mil ingressos. Aproximadamente 186 mil ingressos foram vendidos antecipadamente, e a organização se preparou para um público estimado em 200 mil pessoas. No entanto, 400 mil pessoas compareceram, congestionando todas as estradas de acesso, derrubando cercas e tornando o festival um evento gratuito, com pessoas acampando de formas improvisadas em uma área de aproximadamente 5 quilômetros em torno do palco dos shows.
Esta inesperada quantidade de pessoas provocou congestionamentos imensos, bloqueando a Via Expressa do Estado de Nova York e as estradas de terra da região, eventualmente transformando Bethel em uma "área de calamidade pública". Quando as pessoas percebiam que o tráfego não fluiria, encostavam seu veículo ao lado da estrada e seguiam à pé. Em pouco tempo nenhum veículo conseguia entrar ou sair da fazenda onde os shows seriam realizados. A infraestrutura do festival não foi equipada para providenciar alimentação, estadia, saneamento ou primeiros-socorros para tal multidão. Por causa disso, faltou comida, água, banheiros e o público tomou iniciativas coletivas para racionamento e distribuição de comida, água e organização de um sistema que permitisse a continuidade dos shows.

Ingressos do Festival de Woodstock (1969)
Acima os vendidos antecipadamente.
Abaixo os vendidos na bilheteria da entrada do festival.

Os valores de contracultura e da década de 1960, com ênfase na não-violência e negação da produção capitalista, propagaram a cultura hippie através de cenas de nudez descompromissada, bem como o uso de drogas alucinógenas.
Basicamente, o festival foi um misto de música, drogas, sexo e lama (devido às constantes chuvas), com uma sensação de estar vivenciando uma comunidade libertária.
Havia uma mistura de tendências alternativas no público que incluíam hippies, motoqueiros, hare krishnas e jovens que não se incluíam em nenhum rótulo comportamental mas desejavam uma sociedade menos moralista e materialista.

O folk e o rock psicodélico foram os ritmos símbolos do festival. As letras das músicas ressaltavam lemas pacifistas e havia protestos contra a Guerra do Vietnã (na época, o conflito já se arrastava há 10 anos). A  liberdade de expressão se tornou uma forte bandeira do Woodstock. A música se firmou como um instrumento de contestação política.

Woodstock não foi o primeiro nem o maior festival de música popular! 
O Festival Internacional de Música Pop de Monterey (Califónia - EUA) aconteceu entre 16 a 18 de junho de 1967. Jimi Hendrix, The Who, Janis Joplin, Otis Redding e outros artistas se apresentaram de graça, com toda a renda sendo doada à instituições de caridade. Mais de 200 mil pessoas compareceram ao festival, que é considerado como o começo do "Verão do Amor" dos hippies.
O Festival da Ilha de Wight (Inglaterra), em sua edição de 26 a 30 de agosto de 1970, reuniu um público de aproximadamente 600 mil pessoas. Bandas como Procol Harum, The Doors e The Who, Jimi Hendrix, entre outras, se apresentaram para um então recorde de maior público na história dos festivais de música.
O que tornou Woodstock um marco histórico e símbolo de uma época foi a espontaneidade e sucesso da prática do estilo alternativo de vida caracterizado pela cultura hippie do "paz e amor", num evento que tinha grande probabilidade de ser um fracasso tumultuado, mas que pela união do compromisso dos organizadores, da colaboração dos espectadores e habitantes das localidades vizinhas, provou-se uma experiência de coletividade de diferentes vertentes sociais: empresários, músicos, autoridades e população em geral.
Viva a sociedade alternativa – nem que seja por um final de semana!

Cartaz da Feira de Artes e Música de Woodstock (1969)
anunciando "Uma Exposição Aquariana - 3 dias de paz e música"

Na medida em que percebiam que não chegariam com automóveis no local dos shows
os espectadores deixavam seus veículos na estrada e seguiam a pé
congestionando todas as vias terrestres de acesso para o Festival de Woodstock
Imagem: https://www.buzzfuse.net/244-1/rare-historical-photos-from-the-1969-woodstock-music-festival 

O indiano Sri Satchidananda, então conhecido como Guru Dev – mestre espiritual e de yoga – proferindo o discurso de abertura do Festival Woodstock em 1969


Se não pode vencer a chuva junte-se a ela

O público fazia sua música nos intervalos e durante os shows das bandas no palco

Ânimo e cooperação garantiram a diversão
( a água que faltava para beber sobrava no chover )

Os que chegaram primeiro ao local do festival acamparam na área destinada para isso
mas na medida em que a multidão aumentava foram ocupando locais cada vez mais distantes,
inclusive este pequeno cemitério.
Imagem: http://tribupedia.com/1969-woodstock-photos-color 

Curiosidades sobre o Festival Woodstock de 1969:

• A motivação para a criação do festival foi a intenção de arrecadar dinheiro para montar um estúdio de música na pequena cidade Woodstock. Tudo se iniciou quando os jovens John Roberts e Joel Rosenman decidiram que deveriam aplicar o capital que  tinham num evento para arrecadar mais dinheiro e possibilitar a construção deste estúdio. Os dois colocaram no jornal da cidade o anúncio "jovens com capital ilimitado procuram por oportunidades legítimas e interessantes de investimento para negócios"
Por conta desse anúncio, Artie Kornfeld e Michael Lang contataram os anunciantes. Os quatro se uniram para organizar o festival, que de uma proposta inicial modesta, evoluiu para um evento de música, arte e espiritualidade.

• Com o imenso público inesperado, os ingressos à venda acabaram na bilheteria local. Pessoas começaram então a pular as cercas temporárias para assistir aos shows, Com o descontrole na entrada do evento e as cercas ameaçando desabar devido ao crescente número de penetras, a entrada passou a ser gratuita. 
Por causa disso, o Woodstock passou de um investimento para uma grande dívida. Seus organizadores terminaram devendo mais de 1 milhão de dólares, valor que só foi quitado por inteiro 10 anos depois.
Esta dívida foi criada devido à necessidade de contratar helicópteros para trazer e retornar com as bandas e a compra de gêneros que se tornaram necessários (como medicamentos, água potável, comida, material de higiene e limpeza). Também tiveram que contratar mais pessoal para a equipe de saúde, a equipe de segurança e uma equipe que tentava auxiliar o público em suas necessidades básicas. 

• A produtora e distribuidora de filmes norte-americana Warner Bros, até então uma pequena empresa, se consagrou após o sucesso do festival. Tudo se iniciou quando Kornfeld pediu dinheiro a um dos executivo da empresa, Fred Weintraub. A Warner apostou no sucesso do festival e investiu mais de 100 mil dólares na produção de um longa metragem documentário. O filme não só foi um sucesso estrondoso de bilheteria nos cinemas como também levou o Oscar em sua categoria no ano seguinte. 
Graças a esse filme a dívida dos produtores foi reduzida para menos da metade. 

• Com relação à comida, os moradores das cidades vizinhas começaram a doar frutas, sanduíches e suprimentos em geral para o público. Os alimentos chegavam ao local através de uma corrente de espectadores voluntários ou por meio dos helicópteros, uma vez que as estradas de acesso estavam completamente congestionadas por carros.
A granola ganhou destaque nos cardápios após o festival, pois era o único tipo de alimento que os fazendeiros locais tinham estocado em quantidade para oferecer ao público.

• Embora o festival tenha sido reconhecidamente pacífico, houve três fatalidades registradas: uma por conta de um ataque de apendicite, uma por overdose de heroína, e a outra por atropelamento do trator que realizava a limpeza matinal do local para os shows, tendo o condutor não conseguido avistar um jovem que dormia enrolado num cobertor coberto de lama (sendo que o campo estava enlameado após chuva). Houve também dois partos registrados (um dentro de um carro preso no congestionamento e outro em um helicóptero) e quatro abortos.
Inicialmente haviam 18 médicos e 36 enfermeiras na equipe contratada para o festival. Durante os demais dias do evento, no entanto, foram contratados mais 50 profissionais da área de saúde para ajudar a cuidar do público.

Max Yasgur e sua esposa, Miriam Yasgur
Proprietários da fazenda onde aconteceu Woodstock

Max Yasgur, então com 49 anos, era um dos maiores proprietários de terra e o maior produtor de laticínios da região, com 650 vacas cujo leite era pasteurizado na própria fazenda. Quando o produtor Michael Lang viu um pasto na fazenda de Max que era plano, mas terminava numa depressão, formando um anfiteatro natural, percebeu ter encontrado o local ideal.
Max foi procurado por Michael Lang, que lhe ofereceu cerca de US$ 50 mil para usar o terreno. Inicialmente indeciso sobre aceitar a oferta, a decisão do fazendeiro de sediar o festival só se reforçou ao ver um movimento de boicote a seus produtos se formando entre os habitantes de Bethel. "Não compre o leite de Yasgur, ele é amigo dos hippies", diziam cartazes espalhados pela cidade. Apesar de Max Yasgur ser um conservador favorável à guerra do Vietnã, valorizava a liberdade de expressão "ainda que esta liberdade viesse de pessoas cujos estilos de vida e crenças fossem muito diferentes das suas". Max não era homem de se deixar intimidar, tornando um desafio pessoal não se deixar acuar pela pressão dos vizinhos. Aceitou então sediar o Festival de Woodstock em sua fazenda.
Pouco depois da notícia se espalhar entre os moradores de Bethel, ele começou a receber ameaças telefônicas anônimas, inclusive de queimá-lo vivo, enquanto outros lhe prestavam apoio na expectativa de um crescimento na estagnada economia da pequena cidade.

Max Yasgur resolveu "apadrinhar" os jovens produtores do festival e fez um acordo com alguns produtores locais de fornecer comida a preço de custo. Quando ouviu que moradores estavam vendendo água aos jovens que começavam a chegar para os concertos, ele colocou uma grande faixa vermelha diante da cancela de sua fazenda com os dizeres "Água grátis" e numa reunião com alguns moradores perguntou "como é que alguém pode pedir dinheiro por água?". Reuniu todas as garrafas de leite vazias de sua fazenda, as encheu de água e distribuiu aos jovens. Resolveu então distribuir gratuitamente todo o leite e seus derivados que tivessem estocados na fazenda.

Depois do encerramento do Festival de Woodstock, muitos dos vizinhos e amigos de Max viraram-lhe as costas e ele deixou de ser bem-vindo ao supermercado de Bethel e em outros estabelecimentos comerciais, mas não arrependeu-se de sua decisão. 
Em janeiro de 1970 foi processado por moradores pelos danos causados às suas propriedades durante o festival, com a baixa na produção leiteira (pelo estresse do gado e impossibilidade de escoamento da produção nas estradas interditadas) e invasão de propriedades vizinhas para acampamento.
Em 1971, Max vendeu sua fazenda de 600 acres e mudou-se para Maratona (Flórida, EUA) onde morreu de ataque cardíaco em 9 de fevereiro de 1973, aos 53 anos. A revista Rolling Stone dedicou-lhe um obituário de página inteira, um dos poucos não-músicos a receber tal homenagem de seus editores.

Amor entre a música e lama de Woodstock
 Nick Ercoline e Bobbi Kelly em 2019

Ela é Bobbi Kelly. Ele é Nick Ercoline. Ambos foram fotografados então com 20 anos. Eles se conheciam há apenas três meses na época, se casaram em 1971 e ainda estão vivos e juntos hoje, em 2019, 50 anos depois. Bobbi dá uma dica para os casais permanecerem juntos por tanto tempo: "Não fique zangado. As pessoas não crescem ao mesmo tempo e na mesma medida. É preciso muita paciência para que as coisas tenham sintonia".
O jovem casal envolvido num edredom velho e sujo em volta de hippies que dormiam no chão de uma fazenda em Bethel, foi fotografado no domingo, 18 de agosto de 1969, por Burk Uzzle da revista "Life". Ele capturou o momento sem que Nick ou Bobbi percebessem que estavam sendo flagrados e eternizados na história da música e da fotografia. O casal só descobriu a imagem quando o disco de vinil da trilha do festival foi lançado, em 1970.
Hoje o casal (ambos nascidos na região da fazenda onde foi o Festival de Woodstock) vive como aposentados e avós tradicionais em Pine Bush, no interior do estado de Nova York. O local fica a 64 km do local onde a foto foi tirada. 
Sobre Woodstock, eles afirmam que foi difícil chegar até lá por conta do caos nas estradas. Um amigo pegou emprestado o carro da mãe dele e foram. No caminho, encontraram muitos policiais na estrada e também alguns bloqueios. Mas, como eram locais, fizeram um percurso alternativo, seguindo o rio Delaware, atravessando propriedades privadas e rotas desconhecidas até chegar ao ponto mais próximo que conseguiram do festival, a 8 quilômetros da fazenda em Bethel. Daí foram caminhando e nesse trajeto o casal encontrou caído ao lado da estrada o edredom da foto. 
Nick afirma: "Fomos totalmente despreparados. Sequer tínhamos ingresso ou comida. Decidimos ir de última hora e não sabíamos o que esperar. Havia milhares de pessoas indo para o mesmo lugar, levando sacos de dormir e instrumentos musicais. Chegando lá, sequer conseguíamos ver o palco, mas o som era incrível!". 
Bobbi afirma que "a música nem foi o principal evento do Woodstock! Lembro-me mais das pessoas, da humanidade e da comoção em torno do festival. Aquilo foi incrível e muito empolgante. Nunca vivemos algo como Woodstock! Não levamos comida, mas não passamos fome. Muitas pessoas doavam alimentos. Lembro de gente passando bananas ou pedaços de pão. Todos compartilhavam o que tinham".
Um colecionador apaixonado pela história dos dois ofereceu US$ 30 mil no edredom usado por eles em Woodstock, mas ele já não existe mais. "Ficaríamos felizes em doá-lo. Mas agora já foi", finalizou Nick.

Woodstock '94
Para comemorar os 25 anos do Festival de  Woodstock de 1969, 250 mil pessoas se reuniram em 13 e 14 de agosto de 1994 no Woodstock '94, em Saugerties, a 135 km de Nova York. 
Pagaram 135 dólares para ouvir 40 bandas, entre eles o Nine Inch Nails, Aerosmith, Metallica, Green Day, Red Hot Chili Peppers e músicos como Peter Gabriel, Carlos Santana e Joe Cocker. 

Woodstock '99
Outra edição ocorreu entre 22 a 25 de julho de 1999. Como nos festivais anteriores de Woodstock, foi realizada no norte de Nova York , desta vez em Roma – a cerca de 160 km do local do evento original – na antiga Base da Força Aérea Griffiss, com a participação de aproximadamente 400 mil pessoas em quatro dias.
Pagaram 150 dólares para ouvir 108 bandas que se revezaram em três palcos, entre elas Limp Bizkit, Megadeth, Red Hot Chili Peppers, KoRn, The Offspring, Rage Against The Machine, Metallica, Elvis Costello, Willie Nelson e The Brian Setzer Orchestra.
Woodstock 1999 foi marcado por violência, agressão sexual, alegações de estupro, saques e incêndios. Alegam que os fãs de bandas como Limp Bizkit, Insane Clown Posse e Kid Rock foram responsáveis pelos tumultos. Produtos caros vendidos na área do evento, o extremo calor do verão e a deficiência na infra-estrutura de conforto são responsabilizados pela onda de descontentamento e violência que marcou negativamente o nome Woodstock à cultura de paz, amor e não comercialismo.

Woodstock 50 
Em 9 de janeiro de 2019, Michael Lang (um dos organizadores do festival original) anunciou que a comemoração dos cinquenta anos do festival seria entre 16 e 18 de agosto de 2019, em Watkins Glen, Nova Iorque.
Mais de 80 artistas chegaram a ser contratados, entre os quais estariam Santana, Robert Plant, David Crosby, Greta Van Fleet, The Killers, entre outros.
Entretanto, o Woodstock 50 foi cancelado em 31 de julho de 2019, após uma série de problemas de licença e produção, mudança de local e desistências de investidores e artistas.

Fontes de referência:

Wikipédia
Festival de Woodstock
https://pt.wikipedia.org/wiki/Festival_de_Woodstock 

O Globo
Woodstock, 50 anos: o que foi, quando e onde ocorreu
https://oglobo.globo.com/cultura/woodstock-50-anos-que-foi-quando-onde-ocorreu-23876765 

Segredos do Mundo
Woodstock - curiosidades e fotos que resumem a loucura que foi o festival
https://segredosdomundo.r7.com/woodstock 

Tribupedia
Fotos de Woodstock 1969

Ninja Journalist
Fotos tiradas em Woodstock 1969

BuzzFuse
Fotos do Festival de Música de Woodstock de 1969

Reverb
Casal símbolo de Woodstock segue juntinho, 50 anos depois

Vídeos:

Woodstock 1969 - 50º Aniversário (Parte 1)
( 46:09 )

Woodstock 1969 - 50º Aniversário (Parte 2)