sábado, 27 de outubro de 2018

Paredes & Ouvidos

Tiranias
Ruy Proença

Antigamente
diziam: cuidado,
as paredes têm ouvidos.

Então
falávamos baixo,
nos policiávamos.

Hoje
as coisas mudaram:
os ouvidos têm paredes.

De nada
adianta
gritar.

Fonte:

sábado, 20 de outubro de 2018

Militância política

Nem esquerda, nem direita! É para frente que se anda! 

Significado de "militância":
1. atitude das pessoas que trabalham ativamente por uma causa ou uma organização.
2. defesa de algo, atividade militante.

Militância não é ignorância e intolerância !

Ultimamente tenho publicado diversas postagens sobre política! Não gosto do tema, fato este ainda mais estimulado pelo baixo nível da maioria dos ocupantes dos cargos e, consequentemente, do nível de ineficiência e canalhice que se estabeleceu como padrão. Mas ficou claro para mim que eu posso querer me afastar da política, mas a política não se afasta de mim (através de conjuntura do mercado de trabalho, oportunidades educacionais, dinâmica da segurança pública, possibilidade de tratamento de saúde, etc.).
Com a recente polarização das opiniões da população brasileira, ficou quase incontornável um posicionamento sobre a tendência política, que se mostra atualmente numa empobrecida dicotomia entre socialismo e capitalismo, como se não houvesse viáveis e saudáveis meios termos entre essas formas de governo, como bem demonstram os países do norte e centro da Europa.
Vivendo uma passionalidade, com superficial nível de informações e reflexões, os brasileiros estão se considerando mais politizados, no entanto o que eu tenho percebido é um pré-conceito que tende à cegueira e surdez em relação ao que desagrada a vaidade ou necessidade, alimentando um radicalismo prejudicial a projetos de governo. 

Estou cansado dos esquerdistas, seus intelectuais de butique (incapazes de gastar seu tempo como voluntários trabalhando gratuitamente em ONGs que desenvolvam programas de ajuda aos desfavorecidos) e seus revolucionários de buteco (que gastam seu dinheiro em cerveja, maconha, modernos celulares, etc., sendo dissimulados e egoístas ao não usar o que possuem para ações concretas que diminuam as desigualdades sociais). Me aborrece os falsos mártires que se acham os mocinhos da história, defensores dos fracos e oprimidos, mas não investem seu tempo e energia em ações práticas, esperando que a reforma capitalista comece pelo bolso e propriedades dos outros, enquanto gastam o próprio dinheiro com hábitos de pequeno burguês, típicos do modo de vida capitalista que criticam.

Estou cansado dos direitistas, que se consideram superiores em moral e inteligência, mas agem de forma egoísta, omissa e desonesta, sendo incapazes de distribuir de forma generosa e produtiva as riquezas que criam. Me entedia os falsos profetas salvadores da pátria e dos "bons costumes" (quais seriam estes afastando-se do próprio narcisismo?), que desrespeitam as formas que não se encaixem dentro de suas fôrmas (na ortografia antiga para evitar confusão) e não diferenciam autoridade de autoritarismo, subordinação de submissão, criando modelos e rotinas de limitação para uma liberdade com reduzida criatividade.

Não me interessa se como sociedade devemos ir para direita ou para esquerda, o que me (pre)ocupa é se estamos indo para frente ou para trás!

Depois de tudo o que já foi dito e feito ao longo da história da humanidade, analisados os princípios, os meios e os fins ao longo da História, não faz sentido competição entre esquerda e direita! A única disputa que realmente existe é dos ricos com os pobres, dos que possuem mais do que precisam com os que precisam mais do que possuem. O resto é masturbação intelectual de idealização social, em busca de satisfação da vaidade e gozo particular! Fútil e inútil...
Em minha opinião, assim como os fanáticos religiosos e dependentes químicos, os militantes políticos são viciados nos prazeres de viver num mundo que lhes é tão agradável quanto imaginário. Para vivenciar a sensação de ser parte de um enredo – que de tão edificante é tido como historicamente relevante ou sagrado – ignoram a lógica e lançam-se quixotescamente contra os adversários. São maníacos por essência – consequentemente cegos e surdos por opção – e como tal tornam-se manipuláveis e manipuladores, sendo capazes de ideias e atos que contrariam a lógica e o bom senso.
Há militantes políticos tão desgastantes e perigosos quanto os fanáticos religiosos: ambos têm disposição para destruir a si mesmo e aos que os cercam em prol das crenças que (os) possuem, baseadas em vaidade ou necessidade pessoal que é institucionalizada coletivamente num partido ou culto. Não é por acaso que política e religião, que deveriam tratar de esferas sem contato entre si (o material e o espiritual), se fundem e confundem como pilares de guerras, crimes, corrupções e outras ações deploráveis.
A paixão política que resulta em fanatismo partidário é uma demonstração de imaturidade emocional e/ou intelectual, uma inaptidão em aceitar a responsabilidade por seus atos (levando a idealizar algo maior do que si e que justificaria suas ações) e/ou incapacidade em lidar com diferenças, levando à doutrinação ou destruição de tudo o que não pareça consigo. 
Militância política deveria se basear em racional percepção e reflexão, em constante busca de novas soluções produtivas, incongruências e desvios entre o que se propaga e o que se pratica. Militância política não deve ser paixão, pois paixões são cegas, percebendo o que idealizamos e ignorando aquilo que se afasta do que nos encanta, mesmo que para outros seja óbvio e prejudicial.  

Para mim, militantes de esquerda e direita são como alcoólatras disputando se é a cachaça ou o uísque a melhor bebida, discutindo para mostrar qual delas prejudica mais a saúde. São variações sobre o mesmo, que na prática conduzem a um fim parecido. Povo (esquerda) e pátria (direita) são os altares onde desnecessariamente sacrificam vidas e paixões, tempo e energia de muitos revolucionários e militares, enredados nas tramas políticas.
Antigos jargões continuam sendo repetidos pela alienação e conveniência! O povo unido é constantemente vencido pela manipulação de informações e suborno de necessidades! Mais útil e difícil do que que morrer pela pátria é viver por ela! 
As ditaduras de direita e de esquerda são diferentes nas aparências, mas muito parecidas na essência: ambas se baseiam na militarização alegando a necessidade da defesa de seus elevados ideais aos ataques dos prováveis inimigos de tal ideologia, amparando-se na intimidação, prisão, tortura, assassinato ou expulsão dos opositores; na espionagem interna e externa, incentivando jogos de manipulações e sacrifícios. 
Esquerdistas e direitistas investem em doutrinação para o medo e intolerância em relação às ideologias diferentes, incentivando o isolacionismo (principalmente os esquerdistas, diante da visível carência de recursos materiais que a filosofia socialista tende a criar com o passar do tempo).
Ambos também se parecem ao reservar para si – e para os seus – privilégios e confortos que não estendem à população em geral, permitindo-se também a isenção de obrigações que impõem aos habitantes dos territórios que dominam. Em suma: são hipócritas e convenientes! 
Uma diferença notória é que as ditaduras de direita têm a tendência em expulsar de seus domínios os que pensam diferente, enquanto as ditaduras de esquerda têm a tendência em aprisionar em seus domínios os que pensam igual. Outra diferença é que a direita tende a criar muita riqueza e concentrá-la sob domínio de poucos, nivelando a população numa pobreza iludida (com a possibilidade de melhora), enquanto a esquerda tende a criar pouca riqueza e concentrá-la sob domínio de poucos, nivelando a população numa pobreza alienada (por não conhecer outras realidades e considerar-se na média de conforto da população em geral).

Na incapacidade ou impossibilidade de viver equilibradamente ao centro, os extremos (direita e esquerda) acabam por se aproximar em diversos aspectos. Tanto a ideologia de direita quanto a de esquerda prometem melhoras e escondem falhas! 
Não havendo experiências que tenham se mostrado plenamente satisfatórias em países comunistas ou capitalistas, o mais sensato é fazer uma fusão produtiva de conceitos e práticas numa sociedade com menos exploração para produção e que distribua melhor entre os produtores o que for gerado, sem utópicas igualdades, com o foco numa progressiva equidade, com vontades coletivas acima das necessidades individuais, com a liberdade assegurada dentro dos limites da responsabilidade.

Política tem que ser ação realista, baseada em fatos, em busca de resultados de curto, médio e longo prazo, focada no debate construtivo e gestão eficiente! Promessas não cumpridas e trocas de favores são características de politicagem, não de política! Militância política tende a um comportamento alienado, intolerante, doutrinador e messiânico, de quem se considera numa cruzada em busca de um modelo ideal de existência. Para tanto, os militantes tentam conseguir mais adeptos para sua causa, usando de meios lícitos e ilícitos (pois se no amor e na guerra vale tudo, o militante se lança apaixonadamente numa batalha para salvar os outros de si mesmos).
De boas intenções o inferno está cheio! O que conduz ao paraíso são bons resultados!

A ilusória escolha política dos pobres
Não há ideologia quando a barriga está vazia ( há conveniência ) !

Iguais nas diferenças

Para refletir sobre a dificuldade dos brasileiros por uma política mais racional do que emocional, acesse:

Fontes de referência:

Blog Várzea Paulista
Militante Político
https://www.blogvarzeapaulista.com/news/a364-militancia-politica 

Eduardo Silva
Dividir para reinar
https://eduardolbm.wordpress.com/2014/05/31/dividir-para-reinar 

El País
O maniqueísmo é o ópio dos tolos
https://brasil.elpais.com/brasil/2016/03/30/opinion/1459339584_372231.html 

Instituto Universitário Latinoamericano de Acroecologia Paulo Freire
Os vícios e desvios político-organizativos: origens, implicações e mecanismos para combatê-los
http://ialatextos.blogspot.com/2007/03/os-vcios-e-desvios-poltico.html 

Vermelho Esquerda
Os 10 principais desvios ideológicos dentro do movimento revolucionário e popular 
https://portalvermelhoaesquerda/os-principais-desvios-ideologicos-do-movimento-revolucionario 

sábado, 13 de outubro de 2018

Populismo


Política populista
Privilégios para poucos, migalhas para muitos

A diferença entre populista e popular

Popular:
1. Que pertence ao povo; que concerne ao povo.
2. Que desperta a simpatia ou aceitação de grande parte de uma população.
3. Muito conhecido, notório.
Fonte: Dicionário Online de Português
Populista:
1. Diz-se do partido político ou pessoa que defende ou diz defender as classes populares.
2. Que diz respeito ou é adepto à doutrina literária ou artística do populismo (que reage contra as expressões burguesas e mundanas e busca seus temas na vida e sentimentos das classes populares).
Fonte: Dicionário Online de Português

Uma política popular e uma política populista podem se parecer num primeiro momento, mas suas finalidades e resultados são bem diferentes! 
Um governo popular é formado por uma equipe de pessoas com objetivos em comum; deste modo se alguém sai (por morte, doença, corrupção, etc.) não há grande mudança nas ações em andamento e nos resultados buscados, uma vez que o foco do governo está no bem estar da maioria da população – por isso popular.
Um governo populista se baseia na imagem de uma única pessoa, amparada por um grupo de pessoas que ocupam posições estratégicas de poder numa sociedade; deste modo se a figura central sai (por morte ou deposição) há grande mudança nas ações em andamento, pois os resultados buscados dependem das vontades e necessidades da figura a quem se atribui grandes poderes e é idolatrada por grande parte da população – por isso populista

O populismo tem um problema em sua essência que conduz à decadência financeira e carestia: é necessário escolher um "inimigo do povo" para manter a população pobre unida em torno do(a) líder. Este inimigo quase sempre é a elite financeira (internacional e nacional)! Obviamente os grandes empresários retiram seus investimentos de lugares aonde podem ter seus bens confiscados ou sobretaxados pelo governo, o que leva ao fechamento de empresas, causando desemprego e desabastecimento de produtos, culminando com a diminuição da riqueza do país.
Outro problema nos governos populistas é que, via de regra, gasta-se grandes quantias para subornar continuamente os altos escalões da sociedade (com propinas, salários acima da média, imóveis e veículos oficiais, alimentação melhorada, etc.) e a população em geral (com pequenos benefícios financeiros, cestas básicas, etc.).       
O populismo afirma desejar distribuir riqueza aos pobres, mas não conseguiu ainda forma de produzir a riqueza que pretende repartir. O resultado é uma distribuição menos desigual, mas em menor quantidade, nivelada por baixo. Por isso a política populista começa bem e termina mal.

Desde a década de 1930, a América Latina é terreno fértil para diversos governos populistas – de esquerda e direita – aproveitando-se do baixo grau de instrução e padrão econômico da maioria da população.
Na prática, um governo popular se propõe a oferecer para o povo, indistintamente, mecanismos de prosperidade com autonomia em médio e longo prazo; enquanto um governo populista oferece benefícios em curto prazo, condicionados ao apoio à continuidade do(a) líder e seu partido político. Ou seja, um governo popular se preocupa prioritariamente com o bem estar do povo, enquanto um governo populista se preocupa em se manter no poder. 

O populismo se alimenta da pobreza e se mantém na ignorância e medo!
Tenha atenção! Não seja uma pessoa alienada e manipulável. Política se faz com resultados, não promessas! Avalie a coerência e eficiência dos ocupantes de cargos políticos e busque gestores ao invés de "salvadores".  

" O populismo ama tanto os pobres que os multiplica. "
 ( Mariano Grondona – escritor argentino )

Populismo
Troca de votos por esmolas
Imagem: http://institutougt.com.br/as-cores-do-novo-populismo 

Os textos abaixo são esclarecedores:

A política populista é marcada pela ascensão de líderes carismáticos que buscam sustentar sua atuação no interior do Estado através do amplo apoio das maiorias. Muitas vezes, abandona o uso de intermediários ideológicos ou partidários para buscar na "defesa dos interesses nacionais" uma alternativa às tendências políticas de sua época, sejam elas tradicionalistas, oligárquicas, liberais ou socialistas. De diferentes formas, propaga a crença em um líder acima de qualquer outro ideal.

No campo de suas ações práticas, a tendência populista prioriza o atendimento das demandas das classes menos favorecidas, colocando tal opção como uma necessidade urgente frente aos "inimigos da nação"
Uma das contradições mais marcantes do populismo consiste em pregar a aproximação ao povo, mas, ao mesmo tempo, estabelecer mecanismo de controle que não permitam o aparecimento de tendências políticas contrárias ao poder vigente. De tal maneira, os governos populistas também são marcados pela desarticulação das oposições políticas e a troca dos "favores ao povo" pelo apoio incondicional ao grande líder responsável pela condução do país.

Além do autoritarismo e do assistencialismo, os governos populistas também têm grande preocupação com o uso dos meios de comunicação como instrumento de divulgação das ações do governo. Por meio da instalação ou do controle desses meios, o populismo utiliza de uma propaganda oficial massiva que procura se disseminar entre os mais distintos grupos sociais através do uso irrestrito de rádios, emissoras de televisão, jornais e revistas.

A ascensão dos regimes populistas é percebida com desconfiança por determinados grupos políticos internos ou estrangeiros, pois o apelo aos interesses nacionais e a falta de uma perspectiva política clara pode colocar em risco os interesses defendidos pelas elites que controlavam a propriedade das terras ou das forças produtivas do setor industrial.
Dessa forma, o populismo entra em crise no momento em que não consegue mais negociar os interesses – muitas vezes antagônicos – das elites econômicas e das classes trabalhadoras. 

Texto adaptado

Fonte:
Brasil Escola

Populismo & Autoritarismo
Aproveitando-se de mecanismos democráticos para acabar com a democracia
Imagem: http://mundo24.net/2018/04/el-despotismo-en-la-democracia 

Os partidos populistas prosperam quando há um vácuo político e os partidos tradicionais permitem um discurso unilateral. Líderes autoritários, eleitos democraticamente, manipulam as leis para aumentar seu poder dentro dos limites constitucionais. Enquanto os golpistas clássicos derrubaram os governos, os déspotas modernos enfraquecem os sistemas democráticos através da manipulação. Geralmente, esses líderes eliminam as limitações no mandato, ou modificam os sistemas eleitorais a seu favor, para fabricar artificialmente grandes maiorias.

Algumas das consequências mais comuns de retrocessos democráticos incluem expansão dos poderes do poder executivo para governar por decreto, reduzindo o controle legislativo e independência do poder judicial.
Existem inúmeros exemplos de retrocesso democrático: na "República Bolivariana da Venezuela", o governo reescreveu a Constituição para dar ao presidente a possibilidade de reeleição indefinidamente e obter amplos poderes; na Turquia, milhares de acadêmicos, jornalistas e membros da oposição foram presos; na Hungria, os grupos de comunicação críticos do governo foram forçados a fechar. 
O número de casos de regressão democrática parece estar aumentando até em países que costumavam ser considerados como exemplo de estabilidade social. Para que uma democracia resista a ataques despóticos e enganações ideológicas, os cidadãos têm de ser capazes de lidar com a mudança de situações políticas e responder em parceria com as instituições do Legislativo e Judiciário, bem como a mídia e os partidos políticos exerçam oposição consciente e consistente. Para tanto, educação, percepção e reflexão são o caminho permanente!

Texto adaptado

Fonte:
Mundo 24

Vídeo:

Populismo

Fontes de referência:

Wikipédia
Populismo
https://pt.wikipedia.org/wiki/Populismo 

Instituto de Altos Estudos da UGT
As cores do novo populismo

sábado, 6 de outubro de 2018

Política de burros

 

para os burrinhos que ainda não entenderam que a disputa que vivemos é
pobres X ricos
( e os ricos estão ganhando de goleada com a desunião da geral )