Autor : Sylvio Bazote
Imagem: caiosalvino.blogspot.com.br
Quando eu crescer quero ser criança!
Quero conservar a capacidade de me encantar com coisas
simples, ter disposição para repetir várias vezes algo que me dê
prazer e ver a vida com olhos virgens. Lembrar que a sabedoria adquirida com o
passar dos anos é boa, mas tem igual importância a disponibilidade em aprender
e tentar. Não ter vergonha de chorar quando me magoar ou machucar, nem de rir
alto e solto quando sentir alegria. Dançar e cantar quando tiver vontade, do
meu jeito e para mim, sem me preocupar com os outros.
Quero conseguir observar com surpresa e interesse
renovado as situações e pessoas, tendo o prazer de fazer algo com a sensação
de ser novo e enriquecedor. Adaptar-me facilmente e sem preocupações
desnecessárias, agindo com a certeza que o local e a hora para ser feliz é
agora, onde estou. Continuar a dormir naturalmente, sem a necessidade de
remédios, um sono pesado de quem não deve e não teme, que aparece de surpresa e envolve rápido.
Quando eu crescer quero não ter
vergonha de mostrar meus desejos, nem constrangimento em receber ajuda. Quero
falar com as plantas e os animais como meus iguais, todos seres vivos que
merecem respeito e dignidade.
Quero conservar ao máximo a
capacidade de ver magia no cotidiano, de viver um dia como se durasse um ano e
um ano como se demorasse uma pequena vida. Conservar na memória, no nariz, na
língua e na pele sensações que me acompanharão pelo resto da vida, formando um sutil patrimônio que servirá de alicerce para erguer minha segurança e
confiança.
Quando eu crescer quero ser um velho com as qualidades de uma criança! Viver uma vida simples, com o certo e o errado, bom e ruim bem definidos; uma existência preto e branco, sem a zona cinzenta das relatividades e conveniências que confunde e oprime os adultos.
Mas acima de tudo, espero chegar à velhice com os olhos gastos pelo
tempo tendo ainda a capacidade de ver bondade em
potencial nas pessoas. E mesmo naquelas que, sabendo que não têm atitudes boas, ter a esperança – numa ingênua certeza – que têm bondade em sua essência e bastará uma adequada motivação e ocasião para fazerem o que é correto.
As histórias são mais fáceis de serem contadas e vividas quando se acredita em finais felizes!
As histórias são mais fáceis de serem contadas e vividas quando se acredita em finais felizes!