sexta-feira, 28 de março de 2014

Minha aldeia

Da minha aldeia
Autor : Fernando Pessoa


Júzcar ( Sul da Espanha )
Imagem: culturaeconsumo.wordpress.com


     Da minha aldeia vejo quanto da terra se pode ver do Universo...
     Por isso a minha aldeia é tão grande como outra terra qualquer,
     Porque eu sou do tamanho do que vejo
     E não do tamanho da minha altura...

     Nas cidades a vida é mais pequena
     Que aqui na minha casa no cimo deste outeiro.
     Na cidade as grandes casas fecham a vista à chave,
     Escondem o horizonte, empurram o nosso olhar para longe de todo o céu,
     Tornam-nos pequenos porque nos tiram o que os nossos olhos nos podem dar,
     E tornam-nos pobres porque a nossa única riqueza é ver.




Fernando Pessoa
Imagem: imprimaturevistaliteraria.blogspot


O poema "Da minha aldeia" foi lançado no livro "O guardador de rebanhos" (1911-1912), escrito por Alberto Caeiro, um dos três heterônimos (personagem ficcional) criados por Fernando Pessoa.

Para saber mais sobre a vida e obra de Fernando Pessoa, acesse os links abaixo:

Wikipédia
Fernando Pessoa
http://pt.wikipedia.org/wiki/Fernando_Pessoa 

Insite
Obra poética
http://www.insite.com.br/art/pessoa 

7 comentários:

  1. Professor Sylvio.
    Tenho gostado de receber suas postagens. Fui Professora de Literatura e Língua Portuguesa durante 33 anos, hoje estou aposentada. Quando estava atuando no Ensino Médio, (antigo segundo grau), gostava muito de convidar professores de História para uma aula juntamente comigo em Literatura. Os alunos adoravam.
    Parabéns, professor Sylvio! Fico aqui em São Sebastião do Passé na Bahia, revivendo meus momentos em sala de aula através do seu blog.
    Até outro dia.
    Professora Suely Nassif.

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    1. Obrigado pelo comentário, Suely.
      Fico satisfeito em saber que as postagens do blog trazem boas lembranças e incentivam novas reflexões.
      Um abraço.

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  2. Poema de Pessoa, reflexivo e claro como água (não poluída),e ainda fala do Universo.
    Grande abraço do Universo

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    1. É a universalidade do bom gosto conectando as pessoas...
      Grande abraço.

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  3. Oi, Sylvio! Quando vi no meu e-mail a chamada para essa postagem, pensei imediatamente neste poema do Fernando Pessoa. Amo esses versos, especialmente quando dizem "...eu sou do tamanho do que vejo/ E não do tamanho da minha altura". Bárbaro!
    Abraço!

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  4. Essa postagem nos passou despercebida, mas não podemos deixar de ler, beber e incorporar Pessoa. É como dizemos aqui em casa: podemos até não ter dinheiro, mas, certamente, não somos pobres. Pois, como diz Pessoa, "da mais alta janela da minha casa, com um lenço branco, digo adeus aos meus versos... Passo e fico como o Universo" (que também é um verso). Abração.

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