domingo, 19 de novembro de 2023

Casas & Acasos

Algumas casas
Autor: Felipe Moratori

Algumas casas guardam um porão, asilo dos sentimentos inconfessos, onde se depositam as sombras e angústias, onde se evita entrar. O porão é túmulo que se pode visitar.

Algumas casas guardam corredores infindáveis, onde as relações que não se estabelecem se tornam visíveis em ocasionais encontros ou furtivas travessias. São nos corredores que se penduram as faces.

Algumas casas guardam um sótão, refúgio de solidão, onde estão cuidadosamente encaixotados e esquecidos, sonhos e lembranças estagnadas. É no sótão que se estabelece o contato com possíveis céus.

Adaptação de textos retirados das páginas 33, 35 e 38 do livro
Cordas Cor de Ais
Juiz de Fora: Funalfa, 2014.

Imagem: eduardobroker.blogspot.com.br 

quinta-feira, 24 de agosto de 2023

Vontades & Necessidades


Hipocrisia & Alienação

Estou cansado desses "guerreiros" de "butique" e "filósofos" de "buteco" proclamando a simpatia e necessidade de uma "revolução" da qual eles têm a possibilidade e não têm a vontade de participar!
O caminho para mudanças sustentáveis é através da evolução, não da revolução! Revoluções são eficientes em substituir um tipo de opressão por outro tipo de repressão, como nos mostra a História.

Incomodam-me esses "comunistas" consumistas que não investem seu dinheiro da cerveja e da maconha do fim de semana em ações sociais de distribuição de renda. Não se privam dos prazeres de viagens sazonais ou visitas a restaurantes da moda, cinemas, teatros e espetáculos para colaborar com projetos de igualdade social. Não se desapegam de parte de suas propriedades, veículos, eletrodomésticos e utensílios para aqueles que têm menos, assim promovendo a distribuição dos meios de produção. Nada fazem além de falar da necessidade da justa divisão de renda e bens dos que tem mais apenas por se considerarem entre os que tem menos e irão lucrar com esse discurso.
Vivendo nos benefícios do imperfeito sistema capitalista, ignoram intencionalmente os defeitos dos sistemas comunistas existentes.

Não me refiro aos desprovidos, que não tiveram acesso a educação escolar ou patrimônio material que lhes ofereça oportunidade de uma vida com possibilidade de dignidade presente e prosperidade futura. Esses estão vivendo e querendo coerentemente com sua realidade!
Digo aqui sobre os pequenos burgueses  funcionários públicos, microempresários, estudantes ricos, pensionistas e herdeiros – que propagandeiam esse suposto socialismo/comunismo que deve existir às custas das abnegações e dos prejuízos dos outros, não deles.
Estes últimos se tornam massa de desinformação por distorção, enquanto os primeiros se tornam massa de manipulação por conveniência! Ambos se tornam autores da cultura do coitadismo e do parasitismo.
Independentemente de paixões ideológicas, egocêntricas vontades e reais necessidades, quando tem mais gente gastando do que criando, o resultado é óbvio: empobrecimento e embrutecimento!

terça-feira, 6 de junho de 2023

Medo(s)


Os medos e os desenredos

A palavra "medo" tem origem no termo do latim metus, que também significa "inquietação". Trata-se de uma angústia diante de um risco ou uma ameaça, real ou imaginária. 
O medo é uma emoção que se caracteriza por um intenso sentimento desagradável, provocado pela percepção de um perigo, seja ele presente ou futuro, real ou suposto. O medo é uma das emoções primárias que resultam da aversão natural à ameaça, presente tanto nos animais como nos seres humanos.

O mecanismo físico que provoca o medo encontra-se na parte do cérebro chamada retiniano. A amígdala cerebral controla as emoções e ocupa-se da localização da sensação de medo. Quando esta percebe o medo produz uma resposta que pode ser de fuga, paralisação ou enfrentamento. 
O medo produz reações físicas imediatas que, pretendem deixar o corpo com mais energia para uma fuga ou luta: liberação dos hormônio adrenalina e cortisol, causando a aceleração dos batimentos cardíacos – com consequente aumento da pressão arterial – para irrigar os músculos e deixá-los com mais força; acréscimo da glicose no sangue permitindo mais energia para os órgãos e tecidos; e as pupilas dos olhos são ampliadas, permitindo melhor visão. 

Medo & Coragem
Imagem: facebook.com

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2023

Doido de carteirinha


"Dizem que sou louco por pensar assim
  Se eu sou muito louco por eu ser feliz
  Mas louco é quem me diz
  E não é feliz, não é feliz"

  Balada do Louco ( Os Mutantes )




Se é para ser considerado "doido de carteirinha", que o seja oficialmente! 
Apresento minha carteira de identidade emitida no 5º Festival da Loucura 
(15 a 18 de julho de 2010) na cidade de Barbacena (MG).

domingo, 15 de janeiro de 2023

Estranho no ninho


sentir-se um estranho no ninho
sem lugar e trabalho que criem conexão
sem origem ou direção
deserto e imensidão

não há porto seguro ou lar
jogando ao vento num constante vagar
rótulos que não colam para outro novo recomeçar
num ponto final que não chega



Estranho no Ninho

A cada passo que dei
Apaguei as pegadas
Pra que nem eu soubesse
Como fazer pra voltar
Que a trilha do desafio
Nunca chegasse ao fim
E agora todo esse esforço
Parece estranho pra mim

Alguns amigos da estrada
Já não correm comigo
Seus sonhos e seus segredos
Já não correm perigo
Cruzes plantadas no chão
São as flores deste jardim
A morte exibe suas formas
Tão estranhas pra mim

Houve um tempo em que eu
Lhe conhecia inteira
E não havia poeira
Que eu não pudesse soprar
Mas ainda não sei
Como ficamos assim
Até a cor dos seus olhos
Hoje é estranha pra mim

Às vezes penso que fiz
Alguma coisa importante
Que vai mudar num instante
O que sempre foi igual
Sinto que é a saída
Do que eu não estava a fim
Mas é somente a chegada
De algo estranho pra mim

Pessoas ficam me olhando
Com um sorriso estampado
Outras gritam e apontam
Erguendo o punho cerrado
Pensam saber da minha vida
Se sou bom ou ruim
Tantas mãos acenando
Todas estranhas pra mim

Marcelo Nova (vocalista da banda Camisa de Vênus)
Álbum: A sessão sem fim
Ano: 1994