sábado, 31 de outubro de 2020

Dia da dona de casa

31 de outubro - Dia da dona de casa
( e do dono de casa )

Dona de Casa: mulher multitarefa em tempo integral

Eu publico neste blog celebrações sobre dias vinculados à profissões, mas hoje destaco uma ocupação. Mesmo que não exista curso técnico ou faculdade, é uma atividade exercida há séculos, sendo inegavelmente um trabalho responsável pelo bem-estar pessoal e coletivo. 
Dona de casa ou dono de casa é a pessoa que assume a responsabilidade pelo funcionamento da rotina do lar e zelo cotidiano dos integrantes da família. Ganhar dinheiro para custear as necessidade e vontades é necessário e bom; mas ter comida pronta e saudável, roupas limpas e viver num ambiente limpo e organizado também é necessário e bom!
Em minha opinião, a diferença entre uma residência e um lar é que o primeiro é um lugar onde se habita, enquanto o segundo é um lugar que se tem como referência íntima de conforto e segurança. Nem toda residência é um lar! Residência é funcional, lar é emocional; e a pessoa responsável por esta qualificação é a dona/o dono de casa, que tem como função social manter o lar cuidado e funcional, comprando e preparando alimentos, encarregando-se dos filhos e animais de estimação, suprindo roupas e objetos cotidianos, entre outras tarefas. O aumento do patrimônio material e prosperidade de uma família se deve em muito à dona/ao dono de casa, numa atividade que não oferece férias e é vista com menosprezo por alguns.

Vamos valorizar e cuidar de quem cuida e valoriza nosso lar!

No Brasil, a aposentadoria remunerada como "dona de casa" foi criada em 2012, podendo o benefício ser concedido com alíquota reduzida para beneficiar as pessoas que passaram a vida fora do "mercado de trabalho" em atividades domésticas. Para tal é necessário:
- contribuição mensal de 5% do salário mínimo por no mínimo 15 anos;
- ter 65 anos de idade (homens) e 62 anos de idade (mulheres);
- inscrição no CadÚnico (Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal) com a situação atualizada nos últimos dois anos;
- ter renda familiar de até dois salários mínimos;
- não ter renda própria de nenhum tipo (incluindo aluguel e pensão).

Dono de Casa: igualdade de deveres e direitos sem preconceito

Fontes de referência:

Portal São Francisco
Dia da Dona de Casa

Cursos CPT
Parabéns, dona de casa, hoje é o seu dia!
https://www.portalsaofrancisco.com.br/calendario-comemorativo/dia-mundial-dos-museus 

Uol Economia
Executivas se apoiam em maridos "donos de casa"

Impacto+
Brasileiros acreditam que homem que fica em casa para cuidar dos filhos é "menos homem"

domingo, 11 de outubro de 2020

Dissabor



Questão de gosto

Tinham acabado de lançar a água sanitária Super Globo, o rádio toda hora fazendo propaganda no intervalo das modas de viola. Altino Limeira era ouvinte cativo dos programas caipiras e, de tanto escutar a tal propaganda, foi ficando curioso. Um dia firmou o propósito de conhecer o novo produto na sua primeira ida à cidade.
Por isso, mal acabava de chegar a Lagoa Grande naquele domingo, foi direto ao Bar Polar, com vista para lagoa. Entrou, sentou no lugar de costume, de onde podia apreciar o movimento dos patos nadando e o povo andando de canoa. Refestelado na cadeira, Altino tirou uma tragada do seu fumo goiano – reservado para ocasiões de mais cortesia – deu um suspiro e pensou: “Êta vidinha boa!”
Para completar faltava pouca coisa. Então gritou o Mariano, que sempre o atendia:
– Vê aí pra mim uma Super Globo bem gelada. Ligeiro, que eu ando doido pra provar esse negócio!
O rapaz não sabia o que fazer. Limpou o balcão, espantou um mosquito com o pano, foi enrolando para ver se o homem desistia daquela ideia amalucada.
Teve que atender um pessoal que estava na mesa ao lado da do fazendeiro. Este então falou enérgico com ele, os dois punhos fechados sobre a mesa e o olhar queimando de raiva: 
– Tá brincando comigo? Cadê minha sanitária?
Apertado, Mariano respondeu:
– Já vai. Só um momentinho...
O velho não estava para brincadeira. Puxou um maço de notas do bolso, jogou na mesa e esbravejou ofendido:
– Meu dinheiro é tão bom quanto o dos outros! Quero beber essa merda dessa Super Globo agorinha, mesmo sem estar gelada.
Mariano viu que a coisa estava séria. Correu até a venda do lado, comprou uma garrafa e a colocou aberta na mesa do Altino, sem coragem de dar uma explicação ou de derramar o líquido no copo. Ficou com medo da reação do velho.
Altino Limeira então pegou a garrafa num gesto ávido, encheu o copo e virou na boca com vontade. Engoliu, fez uma careta horrorosa e exclamou decepcionado:
– Quá! Tanta propaganda, e nem por isso...
Passou seis meses a leite e biscoito de polvilho. Perdeu o gosto por moda de viola e a fé em qualquer novidade.

Texto adaptado do livro “Casos de Minas”, de Olavo Romano.
Págs. 53 e 54.
Edição: 1982

Livro - Casos de Minas

A memória de Minas Gerais recuperada em histórias e "causos" populares. Textos fluentes e com humor. O autor vai no fundo de sua memória e de lá resgata certas coisas que ele gostaria que não morressem: um som particular, um cheiro impregnado, bichos, gentes, situações. Ele não cai na arapuca das descrições, narra apenas. O estilo é limpo, sem maquiagem, e encaixa perfeitamente com as histórias. A sabedoria, a malandragem, a essência do homem de interior – está tudo aqui, inteiro e intacto. E sua linguagem é respeitada, sem deformações gráficas.